Trump de volta à Casa Branca: O que esperar do novo ciclo econômico

Publicado 22.01.2025, 11:54

A posse de Donald Trump como 47º presidente dos Estados Unidos marca o início de um ciclo econômico, repleto de expectativas e incertezas para os mercados globais.  Os investidores estão atentos ao seu mandato, não apenas pela personalidade do presidente, como também pelos reflexos de suas políticas para a economia global, as finanças e os mercados digitais.

Um dos primeiros sinais do impacto potencial de sua administração foi o lançamento de sua criptomoeda às vésperas do novo mandato, ativo que valorizou mais de 600% em menos de 24 horas. Esse movimento não apenas demonstra a força de sua base de apoio, mas também revela o crescente poder da sua imagem na indústria digital, desafiando a estrutura tradicional do mercado financeiro.

Um tema que promete ser central em sua gestão é a regulação das plataformas de tecnologia. O caso do TikTok, que foi forçado a vender suas operações nos Estados Unidos sob a administração Biden, volta à tona. Trump sugeriu recentemente conceder um prazo de 90 dias para revisar a situação, evitando assim um banimento imediato. O debate sobre privacidade de dados também seguirá relevante para os reguladores, e Trump tem potencial de transformar profundamente esse cenário. 

No campo geopolítico, o novo líder americano tem reavivado questões controversas. A proposta de anexação do Canadá e da Groenlândia – países com os quais os Estados Unidos possuem um peso comercial significativo – reacende tensões comerciais que podem afetar não apenas o comércio bilateral, mas também as relações comerciais globais. A renúncia do primeiro-ministro canadense Justin Trudeau, em parte em resposta às pressões comerciais com os EUA, adiciona um elemento de incerteza ao cenário político canadense. Espera-se que, sob a liderança de Trump, uma política mais protecionista seja reforçada, o que pode afetar tanto as cadeias de suprimento quanto o comércio internacional de forma mais ampla.

Um aspecto crucial da política de Trump que merece atenção é o impacto sobre o fluxo migratório, especialmente em relação ao México. O endurecimento das políticas de imigração pode afetar diretamente a economia americana, que depende da mão de obra mexicana em setores-chave, como a construção civil e a agricultura. A restrição à imigração pode aumentar os custos salariais, reduzir a competitividade em alguns setores e ter impactos negativos no crescimento econômico dos Estados Unidos.

No campo fiscal, Trump provavelmente buscará retomar sua agenda de cortes de gastos, especialmente agora que tem maioria no Congresso. A aprovação dessa proposta tem chances consideráveis, o que poderia aliviar a pressão sobre as contas públicas e oferecer maior flexibilidade para a implementação de políticas monetárias, como o corte de juros. Esses cortes podem gerar um alívio econômico no curto prazo, mas precisam ser acompanhados de perto, pois o equilíbrio fiscal será um fator decisivo para a estabilidade financeira global.

Outro ponto relevante é a balança comercial dos Estados Unidos, tema que sempre foi central para Trump desde sua campanha de 2016. Sua administração fará esforços para reverter o déficit comercial, e uma possível transição para um superávit pode impactar significativamente os fluxos globais de capitais. A consequência disso poderia ser um aumento nas taxas de juros dos bonds americanos, à medida que a demanda por títulos do Tesouro dos Estados Unidos cresce.

Os próximos meses serão decisivos para avaliar como essas políticas se desdobrarão, impactando não apenas a economia americana, como também os mercados globais. O cenário que se desenha é de uma administração disposta a tomar decisões disruptivas, o que pode gerar grandes volatilidades e mudanças nos fluxos de capital global. A chave para os investidores será agir com flexibilidade e visão de longo prazo, sem perder de vista os impactos dessas políticas para o crescimento econômico global.

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