Ainda que de forma lenta, em abril, produtores do norte do Paraná deram início à semeadura de trigo da nova temporada. A expectativa é de aumento na área a ser cultivada, o que, por sua vez, poderá favorecer o abastecimento interno e as exportações do cereal. Quanto aos preços internos, encerraram abril em queda, com as médias mensais chegando aos menores patamares desde 2020. O enfraquecimento dos preços se deve à baixa liquidez, tendo em vista que os negócios foram pontuais ao longo do mês, ocorrendo apenas quando havia necessidade de liberar espaço nos armazéns para entrada da safra verão. Além disso, produtores estiveram focados na comercialização da soja e do milho. Do lado comprador, muitos moinhos se mostraram abastecidos e indicaram que a demanda por derivados ainda estava baixa. Levantamento do Cepea mostra que, em termos reais, a média mensal do Rio Grande do Sul em abril, de R$ 1.416,02/tonelada, foi a menor desde março de 2020, com queda de 2,8% frente à de março/23 e expressivos 22,2% inferior à de abril/22. Em Santa Catarina, a média foi de R$ 1.570,72/t, a mais baixa desde abril de 2020, com retração mensal de 1,6% e anual de 16,6%. No Paraná, a média de abril foi de R$ 1.594,88/t, a menor desde setembro de 2020, com redução de 2,4% frente à de março/23 e 16,1% abaixo da de abril/22. Em São Paulo, a média, de R$ 1.709,66, foi a mais baixa desde julho de 2021, sendo 3% inferior à de março/23 e 11,2% abaixo da de abril/22. No caso dos farelos, o a granel se desvalorizou 1,3% de março para abril e o ensacado, 0,5%, influenciados pela menor demanda.
BALANÇA COMERCIAL – De acordo com dados preliminares da Secex, nos 18 dias úteis de abril, as importações somaram 312,8 mil toneladas, contra 511,7 mil toneladas em abril/22. Em relação ao preço de importação, a média de abril/23 esteve em US$ 342,0/t FOB origem, 8,6% acima da registrada no mesmo mês de 2022 (de US$ 315,0/t). Já as exportações brasileiras de trigo somaram 281,8 mil toneladas em abril/23, contra 147,2 mil toneladas em abril/22, segundo a Secex. Os preços de exportação registram média de US$ 305,3/t FOB porto, 15,4% abaixo dos verificados há um ano (US$ 360,9/t).
INTERNACIONAL – Em relatório divulgado em abril, o USDA estimou a produção mundial em 789 milhões de toneladas na temporada 2022/23, 1,3% acima da safra 2021/22. A estimativa de consumo mundial subiu para 796 milhões de toneladas, 0,3% superior à de 2021/22. Ressalta-se que, apesar da elevação da expectativa de produção global, o consumo segue maior, levando a previsão de estoques de passagem para 265 milhões de toneladas, um dos menores volumes em seis anos. Para as exportações da safra 2022/23, o USDA prevê 210,4 milhões de toneladas, queda de 0,9% frente ao relatório de março, mas 2,5% maior que na temporada anterior. No mês, a baixa ocorreu principalmente com menor volume previsto na União Europeia e na Argentina, mesmo com a elevação na Rússia e na Ucrânia. No mercado externo, a baixa do primeiro vencimento na Bolsa de Chicago (CME Group) foi de 3% de março para abril, com média de US$ 6,6704/bushel (US$ 245,09/t) para o Soft Red Winter. A baixa foi relacionada à previsão de chuvas em regiões produtoras dos Estados Unidos e à continuidade das exportações ucranianas pelo Mar Negro. Na Bolsa de Kansas, o contrato Maio/23 do trigo Hard Winter avançou 2,5% em abril, com média de US$ 8,5000/bushel (US$ 312,32/t) para o Hard Winter em Kansas. essalta-se que, no dia 27, o ajuste do primeiro vencimento de trigo na Bolsa de Chicago foi o menor desde julho/21. Na Bolsa de Kansas, também no dia 27, o ajuste foi o mais baixo para um primeiro vencimento desde fevereiro/22.