As negociações envolvendo trigo continuaram lentas no País em março. Vendedores consultados pelo Cepea mostraram maior interesse em negociar o cereal em estoque, tendo em vista que precisavam disponibilizar espaço nos armazéns para recebimento da oferta da safra de verão. Já do lado da demanda, moinhos sinalizam estar abastecidos e alegaram baixa procura por derivados. Apesar desse cenário, as cotações estiveram firmes no mês. No acumulado do mês (28 de fevereiro a 31 de março), os valores do grão no mercado de balcão (pago ao produtor) avançaram 8,2% no Paraná, 4,9% em Santa Catarina e 3,4% no Rio Grande do Sul. No mesmo período, no mercado de lotes, as altas nos preços foram de 4,1% em São Paulo, de 3,1% no Paraná, de 0,5% em Santa Catarina e de 0,4% no Rio Grande do Sul.
Dados divulgados pela Conab mantiveram as estimativas apresentadas no levantamento anterior, indicando que a área nacional de trigo deve crescer 2,1% neste ano e a produtividade, 1,1%. Com isso, a produção é estimada em 6,4 milhões de toneladas, aumento de 3,3% frente à temporada anterior. Segundo informações da Conab, de agosto/20 a julho/21, estima-se que a demanda some 11,6 milhões de toneladas de trigo no mercado interno, queda de cerca de 7% em relação ao que havia sido consumido nos últimos dois anos. Para julho/21, espera-se uma relação estoque final/consumo de 4,9%, contra 1,8% em julho/20. No geral, os dados indicam que as importações acabam ocorrendo conforme há demanda acima da produção industrial – na média dos últimos cinco anos, as compras externas atenderam a 56,6% da demanda brasileira.
SAFRA 2020/21 – Dados divulgados pelo Departamento de Economia Rural (Deral) estimam produção de 3,77 milhões de toneladas na safra 2020/21 do Paraná, a ser colhida em 2021, aumento de 21,07% em comparação à anterior. A área produtiva projetada também foi elevada e deve atingir 1,14 milhão de hectares, 1,6% maior que na temporada 2019/20. A semeadura do cereal no estado está programada para começar a partir de abril. IMPORTAÇÕES – De acordo com os dados preliminares da Secex, nos 23 dias úteis de março, foram importadas 611,4 mil toneladas de trigo, contra 659,8 mil toneladas em março/20. Em relação ao preço de importação, a média de março/21 esteve em US$ 260,32/t FOB origem, 21,7% acima da registrada no mesmo mês de 2020 (de US$ 213,93/t).
DERIVADOS – As negociações de farinhas continuaram lentas no Brasil em março, ainda influenciadas pela menor demanda – indústrias, inclusive, trabalharam com a moagem reduzida. Acredita-se que o isolamento social, no intuito de conter o avanço do coronavírus, esteja limitando a procura por este derivado, principalmente no estado de São Paulo, importante polo consumidor. Em relação ao farelo, os preços foram pressionados pela maior oferta de substitutos de ração animal, devido ao avanço da colheita de safra verão.
PREÇOS INTERNACIONAIS – Considerando-se as médias de fevereiro e março, o primeiro vencimento do trigo Soft Red Winter, negociado na CME Group (Bolsa de Chicago), se desvalorizou 5,6%, a US$ 6,3608/bushel (US$ 233,72/t). Para a Bolsa de Kansas, o primeiro vencimento do trigo Hard Red Winter recuou expressivos 7,8%, a US$ 5,9526 /bushel (US$ 218,72/t). Dados divulgados em março pelo USDA indicam que a produção mundial em 2020/21 deve aumentar ligeiro 0,4% em relação ao relatório anterior e 1,7% frente à safra 2019/20, somando 776,778 milhões de toneladas. A elevação esteve atrelada à safra recorde na Austrália. Quanto ao consumo, houve aumento de 0,9% entre as estimativas de fevereiro e março e de 3,9% de 2019/20 para 2020/21, atingindo 775,885 milhões de toneladas. Esse reajuste permanece justificado pelo maior consumo por parte da China, para alimentação animal e uso residual. Na análise dos estoques mundiais, houve redução de 1% frente ao relatório de fevereiro, mas aumento de 0,3% sobre a safra passada, indo para 301,187 milhões de toneladas. Assim, a relação estoque/consumo permanece em queda, indo de 39,5% para 38,8%.