A média de preços do trigo no primeiro semestre de 2019 ficou superior à do mesmo período do ano passado. Em termos nominais, inclusive, as médias de janeiro a junho dos estados levantados pelo Cepea foram as maiores da série do Cepea, iniciada em 2004. Isso está linha com a expectativa inicial de agentes de mercado, de que em 2019 o mercado de trigo se fundamentaria mais em fatores de sustentação do que de pressão.
Esse movimento esteve atrelado à baixa oferta do grão de boa qualidade, à entressafra brasileira e, especialmente, às exportações. Neste último caso, os embarques de 2019 chamaram a atenção, tendo em vista que as importações também foram volumosas. Assim, entre janeiro e junho deste ano, o preço médio em São Paulo foi de R$ 926,55/tonelada, no Paraná, de R$ 881,47/t, em Santa Catarina, de R$ 934,31/t e no Rio Grande do Sul, de R$ 802,14/t, sendo, respectivamente, 7,4%, 9,8%, 14,7% e 14,2% acima das observadas no primeiro semestre de 2018.
Mensalmente (de 31 de maio a 28 de junho), no mercado de balcão (valor recebido pelo produtor), as cotações registraram avanço de 0,2% no Rio Grande do Sul e recuaram 0,3% no Paraná. No mercado de lotes (negociações entre empresas), os valores caíram 1,4% no Paraná e 1% no Rio Grande do Sul, mas subiram 0,1% em São Paulo.
DERIVADOS – Apesar do movimento de valorização do grão, para as farinhas, o repasse não aconteceu na mesma proporção. Destacando-se o segmento de maior representatividade no mercado, o de panificação, é possível verificar que, ao longo do primeiro semestre, apenas pontualmente que a relação entre os preços de trigo em grão e o do derivado (em tonelada) indicou margem positiva para moinhos.
Para os farelos de trigo, os preços, seja para o a granel e para o ensacado, avançaram no mês, o que pode ser justificado pela demanda regional. Apesar de os valores recuarem em algumas praças do Paraná, devido à concorrência com o milho da segunda safra, no Rio Grande do Sul, o movimento foi de novas e ligeiras valorizações, em função do consumo pouco maior, especialmente para pecuária leiteira.
Neste contexto, de 31 de maio a 28 de junho, os preços das farinhas para bolacha salgada, pré-mistura, massas frescas, massas em geral, bolacha doce, integral e panificação recuaram 1,97%, 1,34%, 1,3%, 1,24%, 1,14%, 0,84% e 0,65%, respectivamente. No entanto, para os farelos, houve avanço de 3,36% para o ensacado e de 0,62% para o a granel.
CAMPO – No Paraná, o Deral/Seab aponta que o semeio de trigo havia alcançado 91% da área estimada até o dia 24. Das lavouras que já estão no campo, 95% apresentam boas condições e 5%, médias. Quanto às fases de desenvolvimento, 6% estão em floração, 88%, em desenvolvimento vegetativo e 6%, em germinação.
No Rio Grande do Sul, o semeio cobriu 73% da área total destinada ao trigo. Das lavouras já implantadas, 97% estão em germinação e 3%, em floração. De modo geral, o avanço foi notório, devido ao clima favorável.
No país vizinho, a Bolsa de Cereales aponta que o semeio de trigo alcançou 60,9% da área estimada. A área pode ser de 6,6 milhões de hectares, contra as 6,4 milhões de ha estimadas inicialmente – segundo a Bolsa de Cereales.
O USDA aponta que 61% das lavouras de inverno apresentam condições entre boas e excelentes, 28%, médias, 8%, ruins e 3%, como muito ruins – até o dia 23. Para o cultivo de primavera, 77% das lavouras estão em boas e excelentes condições, 22%, em médias e apenas 3%, ruins.
INTERNACIONAL – No mercado externo, os preços do grão avançaram. Na Argentina, a alta é reflexo da possibilidade de ocorrência de novas geadas. Este fator aliado às recorrentes temperaturas baixas desaceleram a germinação e o crescimento das lavouras. Assim, os preços FOB no porto de Buenos Aires, divulgados pelo Ministério da Agroindústria, encerram o mês de junho com média de US$ 244,17/tonelada, expressiva alta de 11,1% frente ao mês anterior.
No Estados Unidos, o movimento de sustentação vem da expectativa de menor área de semeio – dados do USDA apontam diminuição de 19,34 milhões de hectares em 2018 para 18,45 de ha em 2019. Assim, na CME Group, no mesmo comparativo, o contrato Julho/19 do trigo Soft Red Winter subiu 13,7%, fechando a US$ 5,2484/bushel (US$ 192,841/t) na média mensal. Na Bolsa de Kansas, o trigo Hard Winter, se elevou em 9,7%, a US$ 4,6268/bushel (US$ 170,00/t).
EXPORTAÇÃO – Em junho, de acordo com os dados da Secex, as importações de trigo em grão somaram 419,74 mil toneladas, volume 3,7% superior ao de maio/19. Desse total, 92,1% vieram da Argentina, 5%, do Paraguai e o restante, do Uruguai e Líbano. Já as exportações ficaram praticamente zeradas.
Para as farinhas, as aquisições no mercado internacional se reduziram em 15,3% frente a maio/19, indo para 25,67 mil toneladas. Já as vendas brasileiras no mercado externo foram de apenas 1,74 mil toneladas.