Em março, o foco de produtores brasileiros esteve voltado à colheita e negociação da safra verão e à preparação para o cultivo da temporada de inverno. A demanda, por sua vez, seguiu fraca. Quanto aos preços, estiveram em queda tanto no mercado interno quanto no internacional. Estimativas oficiais apontam que a produção recorde de trigo no Brasil vem compensando a menor disponibilidade do produto na Argentina, que, ressalta-se, é o maior fornecedor de trigo ao País. E a maior colheita doméstica vem, inclusive, favorecendo as vendas externas de trigo, que devem crescer frente às da safra anterior, levando o Brasil ao 10º lugar dentre os maiores exportadores mundiais do cereal.
Essas estimativas são do USDA, que também aponta produção mundial de 788,9 milhões de toneladas, 0,7% maior que os dados de fevereiro/23 e 1,2% acima do verificado na temporada 2021/22. A projeção de consumo mundial subiu 0,3% no comparativo mensal, indo para 793,2 milhões de toneladas, levemente superior à da safra 2021/22 (+0,1%) e acima da produção global. Para as exportações da safra 2022/23, o USDA prevê volume de 212,3 milhões de toneladas, 0,4% acima do relatório de fevereiro e 3,4% maior que na temporada anterior. Com o consumo acima da produção, os estoques de passagem são previstos em 267,2 milhões de toneladas, recuo de 0,8% no mês e os menores em seis anos. No Brasil, a safra foi finalizada em 2022, e a Conab consolidou a produção em 10,55 milhões de toneladas, um recorde, com produtividade de 3,4 toneladas/hectare e área semeada de 3,08 milhões de hectares. A produtividade também foi a maior já registrada para o trigo no Brasil. A Conab prevê que, entre agosto/22 e julho/23, as importações somem 5,8 milhões de toneladas, e as exportações, 3,1 milhões de toneladas – caso esse volume de embarque seja confirmado, ficaria 1,8% acima do da safra anterior.
MERCADO INTERNO – No Brasil, a ausência de compradores pressionou os valores – agentes de moinhos consultados pelo Cepea indicaram estar abastecidos em março. Já vendedores mostraram interesse em negociar, visando liberar espaço em armazéns com a chegada da safra de verão. O preço médio do trigo no mercado disponível em São Paulo foi de R$ 1.763,40/t, queda de 1,7% frente ao de fevereiro/23 e 6,9% menor em relação a março/22. No Paraná, a média em março foi de R$ 1.634,81/tonelada, baixa de 1,3% no mês e redução de 12,1% em um ano. Em Santa Catarina, a média mensal foi de R$ 1.595,71/t, com quedas de 1,2% em relação a fevereiro e de 14,0% em um ano. No Rio Grande do Sul, a média foi de R$ 1.456,54/t, redução de 0,6% frente à de fevereiro/23 e expressivos 20,2% inferior na comparação com março/22. Em relação ao farelo de trigo, os preços subiram 3,9% no ensacado e 2,8% no a granel, já que a demanda por farelo de trigo se aqueceu um pouco em março. A procura por farinhas, por outro lado, seguiu baixa, o que resultou em queda nos preços.
BALANÇA COMERCIAL – De acordo com dados preliminares da Secex, nos 23 dias úteis de março, as importações somaram 428,4 mil toneladas, contra 521,9 mil toneladas em março/22. Em relação ao preço de importação, a média de março/23 esteve em US$ 339,3/t FOB origem, 12,4% acima da registrada no mesmo mês de 2022 (de US$ 301,9/t). Quanto às exportações, o Brasil embarcou 646,6 mil toneladas, contra 768,6 mil toneladas em todo o mesmo mês do ano passado, segundo a Secex. Os preços de exportação registram média de US$ 328,5/t FOB porto na parcial do mês, 6,9% acima dos verificados em março de 2022 (US$ 307,4/t).
INTERNACIONAL – As baixas do primeiro vencimento nas Bolsas de Chicago e de Kansas foram de 8,6% e 5,8%, respectivamente, em comparação a fevereiro/23, com médias de US$ 6,8748/bushel (US$ 252,60/t) para o Soft Red Winter na CBOT e de US$ 8,2927/bushel (US$ 304,71/t) para o Hard Winter em Kansas. As baixas foram relacionadas à expectativa de renovação do acordo de exportação pelo Mar Negro entre Rússia e Ucrânia e a liquidações de contratos.