Em maio, os preços de trigo no mercado interno apresentaram fortes valorizações. Esse movimento foi favorecido pela alta do dólar, fator que contribuiu para uma paridade de importação ainda maior. Além disso, o clima seco, que atrasou o semeio do trigo em algumas praças da região do Sul do País, fez com que vendedores se retraíssem. Com relação à demanda, esteve pouco mais aquecida nas últimas semanas do mês, sustentando as cotações – vale ressaltar que, apesar desse cenário, a baixa liquidez permaneceu no período, devido à greve dos caminhoneiros nas duas últimas semanas de maio, que dificultou a entrega do produto.
No acumulado do mês, os preços de trigo no balcão (valor pago ao produtor) subiram expressivos 14,5% em Santa Catarina, 13,8% no Rio Grande do Sul e 11,6% no Paraná. Para o mercado de lotes (negociações entre empresas), as altas foram de 28,7% no Paraná, de 27,7% em São Paulo, de 20,4% no Rio Grande do Sul e de 19,4% em Santa Catarina.
CAMPO – Os trabalhos no campo avançaram em bom ritmo em maio. Especificamente no Paraná, o Deral/Seab apontou que até o último dia 28, cerca de 68% da área destinada ao cereal já havia sido semeada. Das lavouras que já foram implantadas, 70% estão em boas condições; 24%, em médias e 6%, ruins. Destas, 40% estão em fase de germinação e 60% em desenvolvimento vegetativo.
No Rio Grande do Sul, por sua vez, a indisponibilidade de insumos, devido à greve dos caminhoneiros fez com que alguns produtores suspendessem os trabalhos no campo. Segundo a Emater/RS, pouco menos de 5% já foi semeado no estado – no mesmo período do ano passado esse percentual estava em 12.
Dados da Bolsa de Cereales apontam que o cultivo do trigo se estendeu por 8,2% da área total na última semana, uma vez que as condições hídricas do solo estiveram favoráveis – a Bolsa estima que devem ser semeados 6,1 milhões de hectares na temporada 2018/19 frente aos 5,9 milhões na safra anterior.
DERIVADOS – Quanto ao mercado de derivados, mesmo com a necessidade de elevar as vendas no final de maio para atingir metas impostas por algumas empresas, as comercializações de farinha estiveram travadas. Agentes afirmam, no entanto, que ainda precisam repassar os aumentos dos custos do trigo.
Em maio, os segmentos de massas frescas, pré-mistura, panificação, massas em geral, bolacha salgada, integral e bolacha doce se valorizaram 17,48%, 12,13%, 9,58%, 8,92%, 7,72%, 5,65% e 3,42%, respectivamente frente a abril.
O farelo de trigo, por sua vez, tem apresentado liquidez mais aquecida. Há maior demanda pelo produto, devido às condições ruins de pastagens e às valorizações do milho. No mesmo comparativo, o a granel subiu fortes 14,5% e o ensacado, 12,02%.
INTERNACIONAL - Na Argentina, o bom início de semeio favoreceu as negociações do trigo para a próxima safra, devido às boas remunerações, especialmente para entregas entre dezembro/18 e janeiro/19. No spot, as cotações FOB no porto de Buenos Aires divulgadas pelo Ministério da Agroindústria, registram valorização de 11,8% no acumulado do mês, a US$ 275/t na última quinta-feira, 31.
Nos Estados Unidos, apesar de oscilarem durante o mês, os preços encerram em alta. Em meados de maio, pontualmente, as cotações foram pressionadas pelo bom avanço do semeio de trigo de primavera naquele país. Quanto às valorizações, estas foram possíveis pela ausência de chuvas em determinados períodos de maio em regiões norte-americanas, além do clima seco na Austrália. Assim, no acumulado do período, o contrato Maio/18 do trigo Soft Red Winter na CME Group registou alta de 9%, a US$ 5,1767/bushel (US$ 190,21/t) no último dia do mês passado. Para o trigo Hard Winter, o contrato de mesmo vencimento na Bolsa de Kansas se valorizou 6,8%, a US$ 5,3135/bushel (US$ 195,24/t).
SECEX - Em maio, segundo dados da Secex, as importações brasileiras de trigo em grão somaram 397,50 mil toneladas, volume 40% inferior se comparado ao do mês anterior. Do volume importado, 94,29% vieram da Argentina e 1,56% teve o Paraguai como origem. Para o segmento de farinhas, as importações recuaram 3,9% entre um mês e outro, e as exportações, fortes 17% no mesmo comparativo.