Em junho, os preços do trigo continuaram registrando fortes altas no mercado interno, atingindo novos recordes nominais, impulsionados pela retração vendedora no spot. Demandantes do grão, por sua vez, ficaram no aguardo de oportunidades para novas compras. Além disso, as valorizações do dólar, que contribuem para uma paridade de importação maior, e as incertezas logísticas no País, principalmente no início do mês – reflexo da greve dos caminhoneiros – ajudaram a sustentar as cotações no mês.
No correr do mês, alguns vendedores tentaram negociar antecipadamente o grão da temporada 2018/19, que será colhido em setembro, estimulados pelas recentes valorizações no mercado spot – dados do Deral/Seab, por exemplo, apontam que no Paraná cerca de 2% desta safra já foi comercializada, volume inferior ao de mesmo período de temporadas anteriores, pois moinhos ainda têm bons estoques até a entrada da próxima safra.
No acumulado de junho (de 31 de maio a 29 de junho), as cotações no mercado de balcão (valor pago ao produtor) subiram fortes 10,6% no Paraná, 3,2% em Santa Catarina e 1,3% no Rio Grande do Sul. No mercado de lotes, as altas foram de 20,1% em Santa Catarina e de 8,5% no Rio Grande do Sul. No Paraná, ficaram estáveis (+0,4%).
Com relação aos trabalhos no campo, têm avançando em bom ritmo. Especificamente no Paraná, o Deral/Seab apontou que até o último dia 3 de julho, cerca de 97% da área destinada ao cereal já havia sido semeada. Das lavouras que já foram implantadas, 83% estão em boas condições, 14% médias e 3%, ruins. Destas, 11% estão em fase de germinação, 88% em desenvolvimento vegetativo e 1%, em floração.
Na Argentina, com o clima favorável, o semeio já somou 67,5% da área destinada ao cereal até a última semana de junho. A Bolsa de Cereales aponta que, devido ao bom desempenho do semeio, ainda seria possível implantar novos lotes sem que sejam prejudicados pelo clima. Produtores argentinos esperam que a produtividade fique entre 4,5 t/ha e 6 t/ha, contra 4 t/ha de safras passadas, fundamentados no uso de genéticas que possibilitam maior produção e que são menos suscetíveis a pragas.
DERIVADOS – Apesar de os preços das farinhas e farelos seguiram em alta, ainda assim a liquidez esteve elevada em junho. Agentes consultados pelo Cepea apontam que parte dos moinhos nacionais atrasou a entrega de alguns contratos na primeira quinzena do mês uma vez que a capacidade de produção não tem sido suficiente para suprir tais volumes.
Em junho, as cotações para os segmentos de panificação, bolacha salgada, pré-mistura, bolacha doce, massas em geral, massas frescas e integral se valorizaram 13,10%, 10,84%, 10,42%, 8,46%, 8,20%, 6,94% e 5,30%, respectivamente, frente a maio. Quanto ao farelo, no mesmo comparativo, o ensacado subiu 13,75% e o a granel, 15,73%.
INTERNACIONAL – Na Argentina, os valores encerraram o mês em queda, devido ao bom desempenho do semeio naquele país. Dados do Ministério da Agroindústria apontam que, no acumulado de 31 de maio a 29 de junho, os preços FOB no porto de Buenos Aires caíram 8%, a US$ 253,00/t, na última sexta-feira do mês.
Nos Estados Unidos, as melhores condições das lavouras de trigo de inverno e primavera em junho frente ao mês anterior e as menores exportações do cereal têm pressionado as cotações nas principais Bolsas estadunidenses.
Assim, no acumulado de junho, o contrato jul/18 do trigo Soft Red Winter na CME Group registrou desvalorização de 3,3%, a US$ 5,0080/bushel (US$ 184,01/t) no último dia do mês passado. Para o trigo Hard Winter, o contrato de mesmo vencimento na Bolsa de Kansas recuou 4,6%, a US$ 5,0706/bushel (US$ 186,31/t).
SECEX – Em junho, segundo dados da Secex, as importações brasileiras de trigo em grão somaram 584,92 mil toneladas, volume 47,1% superior se comparado ao do mês anterior. Do volume importado, 84,15% vieram da Argentina, 10,4% do Canadá e 4,5% do Paraguai – vale ressaltar que também foram importados volumes pequenos de países como França e Uruguai. Para o segmento de farinhas, as importações recuaram 12,6% entre um mês e outro, e as exportações, fortes 60,6% no mesmo comparativo.