Em fevereiro, os preços de trigo oscilaram nas regiões acompanhadas pelo Cepea. O movimento de alta foi por causa dos maiores valores externos e da logística de importação. Já as reduções, estiveram atreladas aos altos estoques dos moinhos, que têm boa disponibilidade do grão, porém de pouca qualidade, além da alta liquidez da soja e do milho, que estão em fase de colheita.
Os preços de trigo no balcão (valor pago ao produtor) aumentaram 0,8% no Paraná e 0,5% no Rio Grande do Sul. No mercado de lotes (negociações entre empresas), os valores se elevaram em 3,6% em São Paulo, 1,5% em Mato Grosso do Sul e 0,9% no Paraná. No Rio Grande do Sul, por outro lado, as cotações registraram redução de 0,9%.
Quanto às expectativas para a nova temporada de trigo no Brasil, estima-se que com o atraso do semeio de milho e da colheita de soja, produtores podem se voltar ao cultivo de trigo como alternativa de segunda safra, porém, ainda não há dados oficiais – agentes aguardam que em abril tenha uma melhor definição quanto à área de semeio, produtividade e produção. Vale ressaltar que, de forma tímida, as comercializações de insumos já começam a ser observadas no Paraná e no Rio Grande do Sul.
DERIVADOS – Os preços do farelo de trigo a granel e do ensacado caíram significativos 8,11%, 6,16%, respectivamente, em fevereiro. As recentes desvalorizações se deram por conta do clima quente e úmido que favoreceu as pastagens e prejudicou o consumo dos farelos. Além disso, as recentes valorizações do milho (ambos os cereais são substitutos na ração animal) ainda não foram suficientes para voltar a aquecer as negociações do derivado de trigo.
Quanto às farinhas, as negociações seguiram lentas por mais um mês. Compradores estão atentos aos melhores momentos de negociação, e vendedores esperam aumento nos preços, alegando que as margens estão negativas. De janeiro para fevereiro, a farinha para bolacha salgada, pré-mistura, massas frescas, massas em geral, integral, bolacha doce e panificação se desvalorizaram 2%, 1%, 0,43%, 0,39%, 0,38%, 0,6% e 0,05%, respectivamente.
MERCADO INTERNACIONAL – Na Argentina, principal fornecedor de trigo ao Brasil, os preços apresentaram fortes altas no decorrer de fevereiro, em função do período de entressafra e exportações aquecidas do cereal. Segundo dados do Ministério da Agroindústria do país, no acumulado de fevereiro, as cotações registraram forte alta de 6%. Na parcial do ano (de 30 de dezembro a 28 de fevereiro), a elevação é de expressivos 10,2%. Nos Estados Unidos, por sua vez, o clima sustenta os preços. No sul das Grandes Planícies, a estiagem tem prejudicado as lavouras – neste momento, o trigo está em dormência e precisa de bom volume de chuvas para mudar de ‘estado’. Entre janeiro e fevereiro, o primeiro vencimento do trigo Soft Red Winter da CME Group (Bolsa de Chicago) subiu 5,4%, fechando a US$ 4,5564/bushel (US$ 167,42/t). Na Bolsa de Kansas, o mesmo vencimento do trigo Hard Red Winter se valorizou expressivos 8,5%, a US$ 4,7468/bushel (US$ 174,81/t).
IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO – Em fevereiro, segundo dados da Secex, as importações brasileiras totalizaram 420,47 mil toneladas, volume 36,9% menor em comparação com o mês anterior. Da quantidade importada, 97,56% vieram da Argentina, e 2,44%, do Paraguai. Quanto às exportações brasileiras, se reduziram em expressivos 74% de janeiro para fevereiro, somando 23,28 mil toneladas. Dentre os principais destinos estiveram o Vietnã, Filipinas e Portugal. No segmento de farinhas, as importações recuaram 1,6% entre um mês e outro, a 32,8 mil t em fevereiro.