É comum que os mais leigos pensem que trader e investidor são sinônimos. Mas esse pensamento está errado. Investidor é aquela pessoa que ganha dinheiro por meio da valorização de seu capital. Ele aplica uma determinada quantidade de dinheiro em determinados ativos e depois de um tempo, 1 ano, 2 anos, 5 anos ou mais, ele conta com algum retorno. Muitos investidores, aliás, vivem dos dividendos pagos pelas grandes corporações. Viver de dividendos, porém, não é para qualquer um, pois é preciso ter muito capital aplicado para que seja possível pagar as contas apenas usando a rentabilidade proporcionada pelo investimento.
Para ficar mais fácil a compreensão do que estou dizendo, vamos comparar dois investidores que coincidentemente escolham o mesmo ativo. O primeiro, muito rico, investe R$ 10 milhões e o segundo, da classe média, aplica R$ 10 mil. Hipoteticamente, após 30 dias o ativo valorizou 1%. Assim, ao sacar o rendimento, o muito rico terá em sua conta bancária, R$ 100 mil, enquanto o outro embolsará R$ 100. O percentual de valorização é igual, mas a proporção é diferente. Vive-se bem com R$ 100 mil, mas com R$ 100, não.
Dito isto, vamos focar no trader. Diferente do investidor, trader é um profissional que opera no mercado financeiro. Ele precisa atuar diariamente para conseguir lucrar. Ou seja, ganha dinheiro explorando a liquidez do mercado. Ele pode atuar por conta própria e também por meio de uma mesa proprietária. A segunda opção é mais segura, principalmente para os novatos que pouco conhecem sobra a volatilidade que impera nesse segmento. Há muitas histórias tristes de pessoas que resolveram fazer day trade e perderam tudo, ficaram endividados. É por esta razão que há bastante preconceito com esta profissão.
Insisto em dizer que é possível ganhar dinheiro fazendo day trade. Mas, assim como em qualquer profissão, é preciso conhecimento e preparo. Um médico cirurgião precisa conhecer com detalhes a parte do corpo em que ele se especializou para fazer a cirurgia. Porém, a técnica, por si só, não é suficiente. É preciso estar preparado psicologicamente para operar o paciente. Mesmo assim existem riscos. E o médico em questão precisa ter consciência disso, saber quais problemas podem surgir e o que fazer para contorná-los. Ou seja, além do conhecimento técnico e preparo psicológico é necessário saber gerenciar riscos.
E esta é uma falha que identifiquei na maioria dos traders nesses mais de 24 anos de experiência que tenho no mercado financeiro. E isso é até natural. Por mais que se ouça falar que é importante gerenciar riscos, o profissional em início de carreira não tem muita noção disso. Daí o risco de começar operando por conta própria. Muita gente começa em simuladores de corretoras. O problema é que o simulador aceita tudo o que é colocado. O trader resolve trabalhar com 50 minicontratos de dólar sem ter noção do que isso representa em termos de exposição ao risco. Não sabe quanto vai variar por ponto, quanto vai balançar o mercado para cima ou para baixo a cada ponto a exposição desses 50 minicontratos. Ou seja, ele está meio que ao "Deus dará".
E aí está a vantagem de o trader atuar por meio de uma mesa proprietária, cuja plataforma é parametrizada para facilitar o dia a dia dele. O profissional nunca estreia fazendo o que bem entende. Depois de passar nos testes, ele inicia com a possibilidade de operar, por exemplo, cinco minicontratos de dólar ou de índice. Conforme ele vai mostrando consistência, a mesa proprietária vai liberando a quantidade de capital para ele operar e aumentando os limites de perdas, diária e global, para que ele possa evoluir dentro de um gerenciamento de risco adequado. Isso é bom para ambos os lados. Para o trader, porque ele passa a ganhar mais do que perder e aprende, ganha experiência com o dia a dia. Para a mesa, também é positivo porque, quanto melhor o trader ficar, quanto maior sua consistência, mais lucro é obtido. Afinal, a mesa divide os resultados com ele.
Então, ainda que o trader não tenha a menor noção de gerenciamento, na hora que ele cai em uma plataforma totalmente parametrizada ele passa a entender melhor esses conceitos. Ele sabe qual a meta a ser atingida, qual a quantidade máxima de minicontratos que poderá operar e qual o limite máximo de perda que ele não pode atingir. Dentro desses parâmetros, cada trader faz sua própria estratégia de operação.