Kathy Lien, diretora executiva de estratégia de câmbio da BK Asset Management
A menos de 48 horas do início da reunião do G20 em Osaka, no Japão, o foco das atenções mudou novamente para as relações comerciais entre EUA e China. Na quarta-feira pela manhã, durante o início das negociações na Europa, o USD/JPY subiu por conta de notícias de que um acordo comercial entre EUA e China estaria 90% fechado. Lamentavelmente, houve uma citação equivocada da entrevista do Secretário do Tesouro dos EUA, Steven Mnuchin, pois, em vez de dizer que o acordo estava 90% fechado, o que ele disse na verdade foi que eles “haviam percorrido cerca de 90% do caminho”. Nesse caso, os tempos verbais fazem toda a diferença, pois um acordo que está prestes a ser feito é muito diferente de um acordo que estava quase fechado e foi abandonado perto do fim.
Em todo caso, o dólar devolveu apenas uma pequena parcela dos seus ganhos, pois os traders de moedas ainda estavam na expectativa de um acordo. No mínimo, os investidores esperam que as tratativas comerciais sejam retomadas após a reunião deste fim de semana entre os dois líderes. Acreditamos que isso será feito, mas é extremamente difícil prever as ações do presidente dos EUA, Donald Trump. Na terça-feira, ele disse que estava otimista com as tratativas comerciais, mas “estava muito feliz com o ponto em que estamos agora” e ainda está considerando mais tarifas. Com base apenas nesses comentários, não parece que o presidente esteja se dirigindo às negociações com uma atitude diferente de antes. Portanto, apesar de o USD/JPY ter subido antes da reunião do G20, a menos que haja um avanço significativo antes do fechamento dos mercados na sexta-feira, esperamos ver uma realização de lucros.
Enquanto isso, a melhora no apetite pelo risco fez com que todas as outras principais moedas se valorizassem. O dólar neozelandês liderou os ganhos, subindo para as novas máximas de 2 meses. Isso pode parecer surpreendente para muitos, pois o Reserve Bank afirmou que podem ser necessárias taxas de juros menores, em razão dos riscos de queda. A autoridade monetária acredita que as perspectivas econômicas mundiais se deterioraram e ainda existe um risco de demanda doméstica fraca. Preços mais amenos de moradia também amorteceram as despesas, ao mesmo tempo em que a incerteza pesa sobre o investimento empresarial. O NZD/USD caiu logo após a decisão sobre os juros, mas se recuperou minutos depois. O tom moderado do banco central neozelandês era amplamente aguardado, e não foram feitas novas revelações. Os futuros da taxa de juros estão precificando uma chance de 66% de um corte em agosto e de 79% em setembro, o que não difere muito em relação à semana passada. o foco imediato está no G20 e, como uma moeda com beta elevado, as melhorias nas relações comerciais entre EUA e China pode ser extremamente positivas para o NZD.
O USD/CAD despencou para seu nível mais baixo em 6 meses na esteira do petróleo. Os preços do petróleo subiram mais de 3% após a interrupção das atividades de uma importante refinaria na Costa Leste. Aparentemente, o dano é tão grave que pode fechar permanentemente a maior e mais antiga refinaria na região. A economia canadense apresenta bom desempenho em comparação com a de seus pares. Só houve um conjunto de dados divulgado até agora na semana e, embora tenha sido menor, a elevação nas vendas de atacado é um indicativo de demanda mais ampla. A divulgação dos números do PIB está prevista para sexta-feira e, em vista das baixas expectativas, há boas razões para uma surpresa pelo lado da alta. O próximo nível de suporte no USD/CAD é 1,30.