Quem me conhece sabe que adoro viajar! 27 países por enquanto. Ainda tem muito pra conhecer, afinal esse mundão veio é grande demais! Então que tal começar o mês dando uma viajada, revisitando os grandes temas macro que rodam o mundo, saber o que se passa ao nosso redor. Afinal não somos uma ilha e os mercados são super interligados. Venham comigo!
EUA – MAKE AMERICA FIGHT AGAIN?
Tudo ia relativamente bem até que o Mr. Tariff Man resolveu atacar. Primeiro as tarifas contra a China fazendo soar a sirene da Trade War e espalhando certo pavor no mundo. Mas ele não parou por aí e na última semana lançou tarifas sobre os mexicanos.
Minha opinião? Essas medidas não são efetivas! Penso que os EUA deveriam se concentrar em investir em portos, rodovias, pontes, viadutos, fibra ótica e todo tipo de infra. Junto a isso, focar na questão da produtividade do trabalhador, algo que os chineses vem investindo muito, pois é justamente o que gera crescimento sustentado de longo prazo!
Veja que, apesar de reduzir o comércio com a China, os americanos passaram a importar de outros países, mantendo o déficit comercial.
Na questão das tarifas contra o México é ainda pior, pois a integração das empresas americanas com plantas e subsidiárias mexicanas é imensa. Dois terços das importações do México são de produtos intra-company, ou seja, de fábricas de uma mesma empresa.
Resultado esperado a meu ver?
- Mais inflação com o consumidor pagando a conta;
- Menos crescimento;
- Mal estar geopolítico (Nafta);
- Insatisfações de grupos industriais;
- Mais de 5 milhões de empregos dependem dessa integração entre EUA e México e correm riscos.
Guerra comercial não é benéfica ao crescimento econômico e consequentemente o impacto nos mercados foi imediato: bolsas ao redor do mundo pesaram, peso mexicano saltou, VIX segue alto e S&P realizou bem: exatamente como tinha comentado semana passada.
Começamos o mês de junho com nuvens espessas e pesadas no mercado. É o que consigo ver por ora.
PAGANDO PARA INVESTIR?
Frente ao receio de menor crescimento e maiores riscos o que fazer? Investir em ativos de menor risco: os bonds de países considerados seguros, correto? Sim!
Por isso, vimos um influxo gigante para os chamados money markets (mercado de dívida, especialmente de curto prazo): foram US$ 200 bilhões em 4 semanas! Quase o tamanho das reservas brasileiras migrando para esse tipo de investimento ao redor do mundo.
E o impacto nos juros tem sido relevante! Mais pessoas comprando os títulos fazem com que esses se valorizem. Dado que o juros que estes pagam são de certa forma fixos, os yields despencaram! Hoje em dia você recebe 2,1% ao ano para se optar por investir num título americano por 10 anos.
Agora se preferir a segurança da economia alemã, ao invés de ganhar algo, você pagará 0,2% ao ano para que o governo alemão use o seu dinheiro! Muito doido isso não?!
Isso ajuda a explicar porque os juros brasileiros também caíram, obviamente que as questões internas também são mega relevantes, mas como gosto de dizer, não somos uma ilha e acaba que o que ocorre fora, repercute internamente.
E O DÓLAR: SERÁ QUE VAI MAIS?
Juros baixos e menor crescimento não combinam com dólar forte. Falei isso semana passada. E de lá pra cá o dólar já saiu dos R$ 4,02 para R$ 3,92. Acredito que vai mais, se a política deixar, né?!
UI…QUEM SEGURA ESSE PETRÓLEO E AS COMMODITIES?
Menos crescimento + estoques altos + uma postura mais branda de Trump contra o Irã = derrubada no petróleo!
#Notgood!
Ficar de olho porque se commodities virem abaixo fica difícil segurar nossa bolsa!
CHEGANDO NO BRASIL
Já estou sendo chato, mas vou repetir o que venho dizendo: para mim o cenário segue incerto porque existe uma dispersão muito grande de “apostas” acerca da reforma da previdência. Com isso a bolsa fica aí flutuando.
Me chamou atenção que no curto prazo tivemos uma performance até boa comparada os demais emergentes.
Veja que houve outflows (saída de dinheiro) de mercados emergentes em maio.
Maio acabou não cumprindo a estatística e bolsa inclusive subiu. Mas o que explica a discrepância acima? Tudo isso porque aparentemente teremos um pacto para fazer o Brasil andar. Torço muito para que as coisas saiam do papel, pois caso contrário estaríamos de novo antecipando expectativas que não se concretizam.
Era isso.
Aquele Abs.