Dia 05/02 comentei na Tônica da Semana: “Apertem os Cintos?”. Naquele momento um spike nos índices de volatilidade traziam certo pavor ao mercado….e junto a eles veio aquela enxurrada de más notícias típicas que retroalimentam os movimentos. Aí semana passada (dia 19/02), também na Tônica, comentei porque seguia otimista no post com o título “Sambaaaa, na cara dos inimigos IBOV” e de fato tivemos uma semana de recuperação na bolsa.
Mas vocês que me acompanham aqui sabe que apesar de AMAR o Brasil, penso que muito do que acontece aqui é reflexo de um cenário internacional que nos é exógeno, ou seja, não temos capacidade alguma de controlá-lo ou até influenciá-lo. Então dito isto, o que ocorreu foi que tivemos uma melhora lá fora com a volatilidade se reduzindo, as treasuries se acalmando minimamente e o mercado americano e as commodities se recuperando e isso nos foi favorável com a volta de algum fluxo estrangeiro, ainda que tímido.
Fonte: @lucasgeneve
Mas isso é conjuntural. Coisa de semana. Vai e vem. Seja fluxo, sejam notícias. Estruturalmente, a meu ver, o tema central para os mercados de capitais esse ano é a possível ou provável inflexão nas políticas monetárias. É o possível aumento de juros nos países desenvolvidos. A redução dos Quatitative Easings que tanto saciaram a sede por liquidez no mundo. O gráfico abaixo é uma tentativa de ilustrar isso. Após 108 meses consecutivos de política monetária mais frouxa entramos num território de certo aperto monetário.
Não por acaso a probabilidade de 4 aumentos de juros pelo FED em 2018 só vem aumentando.
Essa não é a melhor notícia do mundo para mercados de risco. Em tese o aumento de juros fortalece o dólar, encarece as commodities o que não é muito bom para nós. Mas essa é uma análise fria, tipo de livro. O famoso ceteris paribus. Como nada no mundo é constante o que me parece que vem ocorrendo é um Rotation de investimentos pelo mundo. Comentei isso semana passada para explicar a fraqueza relativa do dólar. Muito investidor saindo de um setor para o outro ou mesmo vindo aportar recursos em emergentes e isso, por sua vez, enfraquece o dólar e é bom para commodities. João Braga gestor da XP Gestão também abordou isso brilhantemente na Carta Mensal de Gestão para explicar o forte movimento que temos visto nos Bancos no Brasil. Mais uma vez reflexo de algo que vem de fora.
E na hora de buscar onde investir não sai da minha cabeça o fato do Brasil ser sim uma mulata cheia de curvas, que tirou as roupas velhas, está se arrumando, botou uma maquiagem e voltou a ser atrativa! A big picture vcs já conhecem e por isso vou resumir: houve mudança na condução de política econômica, algumas reformas foram feitas e a inflexão na atividade já é clara, temos ainda um cenário de inflação benigno que permite manter os juros historicamente baixos. Tudo isso pode gerar bons frutos para uma eleição logo a frente. Gráfico de atividade e inflação abaixo:
Fonte: @yuki_eduardo
Semana passada usei um gráfico para chamar atenção aonde nos encontramos em termos de ciclo de longo prazo, ou seja no início de uma virada. Para não ser redundante vou postar outro gráfico que mostra a mesma coisa! O Goldman compara estágios econômicos dos desenvolvidos e dos países emergentes para concluir que os emergentes estão no início de um novo ciclo favorável…simples assim.
Vai que elegemos um presidente reformista que dê continuidade ao que tem sido feito em termos de política econômica? 4 anos de reformas e mudanças positivas? Acho que aí sim justifique pagar 53,00 por ITUB4 (SA:ITUB4), rs.
Deixando ITUB de lado, apesar da alta, os resultados saindo, temos ajustes nos múltiplos sejam eles os correntes ou os projetados como é o caso do gráfico abaixo. Apesar dos pesares, ainda não estamos na banda de cima do múltiplo P/L de bolsa. Então será que não tem espaço para andar?
Mas só pra não deixar passar batido e dentro dessa linha do Rotation que tinha comentado acima, devo citar que no relativo a performance da bolsa brasileira tem sido forte ante seus pares. Subimos mais e isso pode ser um fato limitador.
Por isso, mais do que nunca seletividade é importante. Para o meu gosto os bancos ficaram caros, com exceção a BRSR3 e BBAS3 (SA:BBAS3), mas são estatais, então tem aquele risco. Setor elétrico merece ser olhado, especialmente as de mais “hardcores” dado o cenário favorável ao risco (ELET3 (SA:ELET3), CMIG4 (SA:CMIG4), CPLE6 (SA:CPLE6)) ainda que me agrade mais TIET11 e ALUP11 (SA:ALUP11); varejo também merece atenção, gosto de LAME e MGLU, mas tem muito mais coisa no mercado; setor de construção não pode ser desdenhado, gosto de TRIS; mas mais do que nunca me parece pertinente gastar mais tempo e focar em empresas menos conhecidas. UNIP, ANIM, VULC, TRIS, LOGN, BEEF…fugir dos clichês e ir além large corps. Sim BRFS caiu muito, e daí? Mta gente falava isso quando o papel estava 39!
Meuns 30s de contribuição.
No mais em termos de:
AGENDAS:
Resultados
Começamos a semana com os números de varias cias elétricas, as quais tem tido uma performance meio fraca em bolsa. Em linha com o seu beta eu diria, mas temos gigantes como Vale (SA:VALE3), Gerdau (SA:GGBR4), Ambev (SA:ABEV3) e a B3. Depois das quedas Hering (SA:HGTX3) me chama atenção e é sempre bom dar uma olhada em Fleury (SA:FLRY3), ainda que Pardini (SA:PARD3) me agrade mais.
Econômica
Agenda carregadíssima para essa semana…”Brace ourselves!”
Pelo Brasil temos mais um índice de inflação sendo divulgado, o IGP-M mensal de fevereiro na terça; a taxa de desemprego na quarta; o PIB do 4T e anual na quinta junto com o PMI; e na sexta o IPC-Fipe.
Hoje temos dados de housing nos EUA e discurso do Draghi, parece ser um dia tranquilo.
Terça tem dado importante nos EUA como a confiança do consumidor e pedidos de bens duráveis. Mas dado que o foco atual são as taxas das Fed Funds, penso que o depoimento do novo presidente do FED, Jerome Powel é que irá chamar atenção.
Quarta vamos acordar com os dados de PMI que saem na China na terça….temos ainda o PIB, o PMI de chicago e os estoques de petróleo nos EUA e pra fechar o CPI na Europa.
Quinta acordamos já com os dados de PMI Chinês não oficiais, aquele que não é o do governo. Tem ainda o PMI e a taxa de desemprego na Europa. Nos EUA dia cheio também com mais um depoimento de Powell, livro Bege, PMI Industrial, entre outros.
Sexta tks GOD teremos um dia mais ameno com o índice de Confiança do Consumidor medido pela Uni de Michigan como principal dado.