AQUELAS BARBADAS…
O que mais tenho visto por aí nos grupos de whats que participo, twitter, insta, etc. é a busca incessante por aquela nova “barbada”. Aquele ativo que vai subir 20%, 40%, 60% na próxima semana. As pessoas criam as mais diversas teorias e justificativas para dizer que o ativo XYZ vale muito mais e por isso irá subir. Leio muito sobre OIBR, INEP, JBDU, TCSA, GFSA e outros ativos de empresas que passaram por dificuldades nos últimos anos. Não me entenda mal, talvez esses ativos tenham muito valor, não sei dizer, teria que olhar a fundo.
Mas meu ponto aqui e meu problema é com essa ideia da “barbada". Confesso que não me desce!
Porque poucos comentam de BBAS, a qual para mim tem pelo menos uns 30% de upside?! Não por acaso ela é a maior posição da minha carteira! Mas eu sei porque… porque a probabilidade de BBAS3 subir seus 30% em 1 semana é bastante diminuta dado o seu tamanho. Logo não atrai.
Mas o que te faz um investidor de sucesso? Acertar o momento de entrada e saída da ação que explode numa semana ou buscar uns 20%aa de retorno por um longo prazo? O velinho aí debaixo te responde!
Continha simples para se tornar milionário!
Comece investindo R$ 10.000,00 numa carteira com 5 ativos por exemplo. Seu querer acertar a próxima “barbada”, invista outros R$ 300,00 por mês ou R$ 3.600,00 por ano. Com uma taxa de retorno anual de 20% e 30 anos de paciência você terá R$6.628.536,79. Um bom valor para uma aposentadoria. Simples assim! Aumente em R$ 100,00 os aportes mensais ou apenas 1% de retorno por ano e você vai ver esse valor saltar para R$ 8 milhões!
Enfim, é matemática financeira básica. O mais difícil aqui é CONSISTÊNCIA!
A Carteira #Notbad que publico de forma totalmente gratuita e a qual EU COLOCO O MEU DINHEIRO rendeu 72% em 2017, 31% em 2018 e 69% em 2019. Sem dúvida uma boa média que não sei se conseguirei manter, mas nem me preocupo. Meu foco é consistência e garantir uma aposentadoria tranquila. Sei que é questão apenas de tempo e de ficar longe das “barbadas”
Voltando para o dia dia do mercado.
CORONAVIRUS E OS VIRUS NO MERCADO
Vamo lá a questão do Coronavirus parece algo sério mesmo por 2 motivos a meu ver:
(i) Vírus pode ficar incubado 14 dias até se manifestar…portanto pode ter ainda muita gente com vírus incubado que não se manifestou. Esse gráfico já tem um lag de alguns dias…mas a reta segue para cima com mais de 2700 casos já identificados e 80 mortes!
(ii) Pra autoridade chinesa admitir que a coisa tá séria é porque realmente está! “A capacidade de se espalhar do novo coronavírus está se fortalecendo, e as infecções podem continuar a crescer, afirmou a Comissão Nacional de Saúde da China neste domingo, com mais de 2.000 pessoas no país infectadas e 56 mortas pela doença.” (link para matéria completa)
Para saúde, vidas, famílias o impacto econômico pouco importa, mas para nós aqui cabe tentar entender o impacto disso no mercado. Bom é óbvio que negativo. Menos pessoas circulando (queda de 42% no número de passageiros nas cias aéreas chinesas na comparação com o ano passado no primeiro dia do feriado de ano novo lunar deles), menos pessoas comprando, escolas fechadas, lojas fechadas, etc. Tudo isso reduz a projeção de crescimento econômico e de lucros de muitas empresas.
Como proxy temos a SARS que afetou o mundo em 2003. Foram 8100 pessoas infectadas e 774 mortes (fonte). Abaixo o gráfico do consumo chinês naquela época.
E o impacto em termos de PIB. Mais pesado no foco em Hong Kong, mas menos letal no resto do mundo.
De qualquer forma, se afeta o consumo e o crescimento econômico chinês, pode ter certeza que is not a good thing!
“External shocks can derail economic trends and abruptly alter market sentiment. Not all risk is economic policy or monetary,” wrote David Kotok, chairman and CIO at money manager Cumberland Advisors.
Veja o caso do Ebola. Comentei no meu twitter a respeito, o gráfico assusta:
Da máxima a mínima queda de 10% do S&P 500.
MERCADO TEM A VACINA?
A boa notícia (lembrando que estou falando aqui pensando apenas na ótica do mercado de ações!) é que o mercado parece relativamente imunes a esses eventos. Faz preço e assusta no curto prazo (dias) mas a tendência é que não seja um driver relevante de mercado pensando em médio prazo (meses).
A tabela abaixo mostra a reação do S&P500 para diferentes doenças nos últimos 40 anos:
Se dá para tirar alguma conclusão eu diria que é a seguinte: as doenças não tiveram grande influência sobre as ações nos EUA.
A Charles Schwab compilou dados do mundo todo baseado no MSCI All Countries World Index mostrando que no mês de anúncio das epidemias o mercado subiu em média 0,4%, nos 6 meses após +3,1% e nos 12 meses após +8,5%!
Mercado tende a chacoalhar no curto prazo por conta do receio do impacto econômico sobre China e o resto do mundo. Num mercado que vinha de fortes altas, surge um motivo para realizações. Um freio para conter o entusiasmo. Mas vale lembrar que temos políticas monetárias bastante frouxas hoje (juros baixos) e vinhamos de um momento de recuperação de dados econômicos, logo penso que isso é que realmente ditará o tom olhando mais a frente. Abaixo o índice de surpresa econômica agregado de China+Europa+US – ele mede o quanto os indicadores econômicos tem surpreendido positivamente. Dá pra ver que temos tido bons dados macro (fonte: @OJRenick e reportagem sobre o assunto)
PIADA INFAME…
“Ainda bem que é Coronavirus…imagine se fosse Kaiservirus ou Glacialvirus! Se é loko mano!”
Sorry.
E NO BRASIL
No Brasil ressaltaria 2 coisas: (i) a alta da bolsa tem sido menos ou nada dependente dos investidores estrangeiros; (ii) não tivemos nenhum caso de Coronavirus aqui.
Dito isso, o impacto do vírus deveria ser diminuto, mas claro que temos que acompanhar para saber o impacto num importante parceiro comercial chamado China!
Fora isso tivemos um dado de confiança da indústria melhor que o esperado.
E mais empregos sendo gerados no importante setor de serviços. Algo também muito bom! E se liga que a tendência é boa, segue crescendo.
E o que me deixa confiante é que esse parece finalmente ser o ano dos emergentes! Com políticas monetárias frouxas (juros baixos) parece questão de tempo para vermos a atividade inflexionando positivamente. Linha azul mede a flexibilização monetária promovida pelos bancos centrais e a linha preta mede a atividade. Demora um pouco, mas cedo ou tarde vai! (Fonte: Callum Thomas)
E não menos importante é o fato de que a alocação em bolsa no Brasil ainda é baixa! Olhem esses 2 gráficos abaixo. Na esquerda a alocação dos multimercados que agora começa a voltar a média, mas veja que os fundos de pensão ainda estão subalocados em bolsa quando olhamos o contexto histórico. Ou seja, ainda tem dinheiro para vir para bolsa!
Era isso.
Aquele Abs.