Fala pessoal! Mais uma vez, eu venho dar uma mão para ajudar o mestre Will. Dessa vez, abordo novamente o “giro pelo Brasil”, aproveitando que saíram novos dados.
O que mudou desde o nosso último encontro? Há duas semanas, eu comentei que muitos dados bons da economia estavam saindo, nossa bolsa estava barata em comparação aos emergentes e que algumas empresas pareciam ainda atraentes.
O Morgan Stanley tinha feito uma revisão para uma queda menor do PIB brasileiro e dados de atividade industrial, PMI e vendas no varejo estavam em recuperação, praticamente em “V”. Porém, nosso país continua assolado por um fiscal frágil que precisa urgentemente de reformas econômicas e mais seriedades nos gastos públicos.
Então, era de se esperar que, depois da ajuda que o governo forneceu, agora com toda essa questão de como vai ser ou não vai ser o financiamento de um novo programa social e se ele vai ferir o teto de gastos, nossa recuperação desacelerou em alguns segmentos.
A atividade econômica do Brasil desacelerou no último dado divulgado. Assim como a prévia do PIB, o IBC-Br, também veio um pouco aquém do esperado pelos principais economistas. Houve um crescimento de 1,06% no mês de agosto, porém esperava-se um crescimento de 1,6%.
Se notarmos, houve uma queda nos últimos três meses do IBC-Br. Isso pode deixar a recuperação do PIB mais lenta também. Mas não vamos ficar desanimados!! Houve dados bons na semana passada.
Começando pelo crescimento do setor de serviços, que cresceu 2,9% em agosto e superou as expectativas, que eram de um crescimento de 2,3%. Mesmo em um ano de crise, superou o crescimento do ano anterior e recuperou bem das quedas que tivemos em maio/junho.
A confiança industrial voltou para níveis de quase antes da crise, mas ainda precisa ser impulsionada por mais alguma ajuda. Todos sabemos que, infelizmente, sem alguma reforma ou flexibilização para as companhias, essa recuperação pode desacelerar ou voltar a cair.
Voltando aos dados bons. Nunca na história nós tivemos tantas pessoas investindo em ações no país. Isso é bom, porque vai tornando o investimento em ações algo mais normal, como deveria ser, e continua impulsionando o mercado financeiro como um todo.
Todo país precisa de um mercado financeiro mais acessível e robusto para continuar crescendo. O número de investidores brasileiros está quase chegando a 3 milhões neste ano.
Então vamos lá, nós estamos melhorando economicamente, com mais investidores do que nunca e com empresas com apetite para abrir seu capital na B3 por conta desse aumento de investidores.
Mesmo assim, ainda estamos para trás de todo o mercado de emergentes? Para mim essa conta não fecha. Eu sei que temos problemas, eu sei que precisamos de reformas estruturais urgentes, eu sei que nossa moeda foi extremamente desvalorizada neste ano e eu sei que muita coisa ainda precisa ser feita.
Mas será que somos realmente o patinho feio da vez? Pior do que a Argentina, que está praticando controle de preços e com uma inflação galopante? Pior que a Turquia que vive uma ditadura? Eu acho que não.
O gráfico abaixo mostra que a nossa bolsa ainda está para trás do MSCI EM e de vários países emergentes, que sofreram tanto quanto o nosso.
Por isso, eu volto a bater na tecla de que estamos bem subavaliados. Existem bons setores que estão muito amassados no nosso país, precificados a um enorme exagero.
Olhem quantos setores ainda estão operando bastante no negativo, e alguns deles até que não sofreram tanto assim. Nossa bolsa continua muito para trás em dólar e eu nem preciso ficar tomando muito tempo de novo tentando explicar o exagero. Acho que já deu para entender, rs.
Abaixo, segue nossa Bolsa contra alguns emergentes. Sim, estamos ainda com um “gap” para fechar com países que economicamente estão bem piores que a gente, como é o caso dos nossos hermanos argentinos.
Sendo assim, vale a pena ressaltar mais uma vez. Eu cheguei a comentar no primeiro “Giro Pelo Brasil” alguns cases que, na minha opinião, valiam a pena olhar.
Existem várias companhias que ainda estão com uma performance bem aquém, mesmo já colocando no preço os impactos do Covid-19. Apesar de algumas dificuldades, ainda vale a pena ficar de olho nas oportunidades do Brasil, nem tudo está tão bem precificado assim. O investidor paciente e que escolhe boas empresas, sempre será recompensado no longo prazo.
Era isso, valeu!