O presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, tem um depoimento marcado para hoje, 6, às 12h de Brasília, perante a Câmara dos Deputados dos Estados Unidos, com o mercado atento a possíveis indicações de cortes nas taxas de juros.
A expectativa predominante é que o Fed iniciará o relaxamento da política monetária na próxima reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) em 12 de junho.
Nesta manhã, o mercado de juros futuros (Fed Funds) está calculando uma chance de cerca de 70% de que Powell e sua equipe diminuam a faixa atual da taxa de fundos de 5,25% para 5,50% no trimestre seguinte.
Apesar da antecipação de um corte nas taxas em junho, a confiança nessa previsão atenuou recentemente.
Um dos motivos é a inflação recente, que superou as projeções. Além disso, a atividade econômica nos Estados Unidos continua robusta. Esses fatores introduzem incertezas sobre a necessidade de o Fed iniciar a redução das taxas já em junho.
"A economia americana segue como um pilar de força para o crescimento global", afirma Gregory Daco, economista-chefe na EY.
"Há desafios, mas, de modo geral, não se vislumbra uma retração imediata no setor privado", ele comenta ao Financial Times.
Por outro lado, autoridades do Fed têm moderado as expectativas de uma iminente alteração na política monetária. Tom Barkin, presidente do Federal Reserve de Richmond e membro do comitê de política monetária, manifestou prudência na última sexta-feira quanto à iminência de cortes.
"Vamos aguardar", declarou ele à CNBC. "Ainda tenho esperanças de que a inflação recue e, com a normalização da inflação, haverá justificativa para começar a normalizar as taxas."
O mercado de títulos do Tesouro, contudo, mantém uma convicção relativamente firme de que um corte de taxa está a caminho, conforme indicado pelo rendimento de 2 anos, que é sensível às mudanças de política e está significativamente abaixo da meta de taxa de fundos do Fed. Contudo, essa previsão do mercado de títulos tem um horizonte de mais de um ano, o que torna incerta a sua relevância imediata.
O que é incontestável é que a política monetária está restritiva, conforme um modelo que considera desemprego e inflação ao consumidor. Esse cálculo simples sugere que o Fed possui margem para reduzir sua meta de taxa de juros, aproximando-se de um estado de equilíbrio.
A grande interrogação do dia é se ou como o testemunho de hoje de Powell influenciará essa equação.
"Existe a possibilidade de que o presidente Powell aborde a política de forma a agravar o ânimo já volátil do mercado de ações? Vejo essa possibilidade. Além disso, há a incerteza sobre o relatório de empregos de sexta-feira referente a fevereiro", observa Tom Lee, diretor de pesquisa na Fundstrat.
Embora Powell enfrente numerosas questões hoje, o foco principal dos mercados é, segundo Quincy Krosby, estrategista-chefe global na LPL Financial.
"O mercado quer saber quando o Fed começará a implementar cortes de taxa e em que magnitude", ela explica.
"Ele pode não responder diretamente, mas qualquer sinal ou nuance será avidamente analisado pelo mercado."
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