Dados recentes da economia dos EUA indicam um cenário misto, mas diversos indicadores de atividade amplamente seguidos apontam para uma provável recessão.
Algumas curvas de juros das treasuries estão sinalizando uma grande probabilidade de que se avizinha um período de contração econômica. O diferencial entre as taxas de dois e dez anos na quarta-feira aprofundou a queda em terreno negativo, recuando para -0,71 ponto percentual, nova mínima de quatro décadas. O spread de três meses e dez anos também está negativo. A história mostra que, quando as curvas de juros estão invertidas, como agora, uma recessão nos EUA está se aproximando.
“Historicamente, quando ocorre uma inversão sustentada como essa, temos um indicador bastante confiável de chegada de uma recessão", afirma Duane McAllister, gestor sênior de portfólio da US firm Baird Advisors.
Pode ser que desta vez seja diferente, já que a principal fonte de otimismo tem como base dois pilares da atividade econômica nos EUA: o mercado de trabalho e os gastos dos consumidores. Em ambos os fronts, os últimos números continuam apontando para o crescimento.
A geração de empregos nos EUA foi de 261.000 em outubro, um sólido avanço, ainda que tenha sido o mais lento em quase dois anos. Enquanto isso, os gastos no varejo aceleraram no mês passado, subindo 1,3% em relação a setembro. Em seu conjunto, esses indicadores críticos continuam sinalizando uma expansão econômica.
Mas já faz algum tempo que está claro que o crescimento está desacelerando. Essa desaceleração foi captada por alguns indicadores particulares publicados nas atualizações semanais do Relatório de Ciclo de Negócios nos EUA. Na edição desta semana, o Indicador de Tendência Econômica e o Indicador de Momentum Econômico de outubro continuam perto dos seus respectivos pontos de virada que marcam o início de uma recessão.
As projeções prospectivas de ambos até dezembro apontam para a possibilidade de uma atividade econômica levemente negativa.
Os indicadores de ciclo de negócios de outras fontes pintam um quadro levemente melhor. Veja, por exemplo, o Índice Econômico Semanal publicado pelo Fed de Nova York, que registrou sua leitura mais baixa em um ano e meio. Ao extrapolar a tendência recente, temos que a contração econômica deve começar no início de 2023.
Tenha em mente que a expectativa ainda é que o Federal Reserve continue elevando os juros. O ritmo de aumentos deve desacelerar, mas os efeitos das altas anteriores e o aperto adicional da política continuarão intensificando os ventos contrários para a economia nos próximos meses.
Os dados econômicos de novembro e dezembro representam um teste crítico para decidir se as forças do crescimento sucumbirão à contração. No momento, é muito difícil determinar isso, embora o mercado de treasuries esteja sinalizando que uma nova recessão se avizinha. Os otimistas esperam que o relatório de empregos de novembro, que sairá no dia 2 de dezembro, mostre uma tendência contrária.