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Teto de Gastos, Debandada no Ministério da Economia. E Agora, Investidor?

Publicado 24.10.2021, 11:08
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*Por Rebeca Nevares, sócia da Monte Bravo Investimentos

Nem o mais pessimista dos investidores poderia imaginar que o Ibovespa sairia de 114 mil pontos para a casa dos 104 mil em apenas cinco dias. O dólar, que iniciou a semana em R$5,46, caminhou para fechar acima de R$5,70 antes de fechar em R$ 5,64. A curva de juros, por sua vez, também vem apresentando altas expressivas. Alguns títulos chegaram a avançar mais de 90 pontos e muitos deles já passam de dois dígitos.

E a tendência é de piora no cenário por causa das recentes movimentações fiscais promovidas pelo governo e das mudanças no Ministério da Economia.

O anúncio de um novo Auxílio Brasil no valor de R$400 por família bancado com recursos fora do teto foi um dos principais destaques da semana. A solução encontrada foi a revisão do limite de gastos para acomodar o valor, o que foi mal recebido pelo mercado.

Além disso, as falas do Presidente da República sobre uma ajuda de custo para caminhoneiros autônomos comprarem combustível também contribuíram para agravar o problema.

Diante disso, quatro secretários do Ministério da Economia pediram exoneração dos cargos. Alguns veículos de comunicação soltaram informação sobre um eventual pedido de demissão do ministro Paulo Guedes, que logo foi desmentido. Esta tarde, inclusive, o Ministro concedeu entrevista ao lado de Bolsonaro para “acalmar os ânimos”.

Com esta movimentação, o mercado entende que o Teto de Gastos caiu por terra, algo que gera ainda mais instabilidade nas contas públicas. Quando isto ocorre, o “Prêmio Brasil”, taxa exigida pelos investidores para aplicar seus recursos no país, fica mais elevado.

O cenário gera um efeito em cascata. O Banco Central se vê obrigado a elevar a taxa Selic para segurar o dólar e conter a inflação. Quando isto ocorre, o crédito fica mais caro para as empresas e a dívida pública explode ainda mais.

Quando o Copom aumenta os juros a cada um ponto, o endividamento público aumenta em cerca de R$30 bilhões. Ou seja, quando a taxa saiu de 2% e para 6,25% (atual), foi gerada uma quantia extra de mais de R$100 bilhões. E uma parte do mercado já trabalha com uma elevação de mais de 1% para a próxima reunião, na semana que vem, e dois dígitos para o próximo ano.

Mas, o que exatamente o investidor pode fazer diante de tantas incertezas?

Nos últimos artigos, procurei passar alguns insights para quem investe. Com a elevação da taxa de juros no Brasil, procurar títulos do governo é um caminho. Sobretudo, aqueles indexados pelo IPCA, pois ajudam a blindar a carteira contra a inflação.

Por outro lado, investir no exterior nunca foi tão importante para quem quer formar ou proteger o patrimônio. E vale ressaltar que isto pode ser feito do Brasil, sem a necessidade de abrir conta fora do país.

Hoje, por exemplo, empresas com receita em dólar figuraram entre as maiores altas do dia. Isto ocorreu pois é uma forma que os investidores encontraram para se proteger do cenário atual no Brasil.

Além do mais, BDRs e ETFs também podem compor parte do portfólio de quem deseja esta diversificação. Ainda existem fundos cambiais, de renda fixa e de ações que fazem alocações em ativos no exterior.

Ainda que os ânimos se acalmem neste fim de semana, é preciso ter um olhar atento ao que tem ocorrido no Brasil tanto para ganhar quanto para não perder dinheiro. Mesmo gestores que trabalham com a ideia de longo prazo promovem alterações na carteira institucional quando há mudança de cenário.

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