Estamos no início do calendário eleitoral e já vemos a adoção de medidas populistas da direita a esquerda. Segundo as pesquisas feitas até o momento, a eleição em outubro deve ficar entre o atual presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Outubro é logo ali, mas até lá devemos atravessar muita volatilidade e ameaças de rupturas institucional.
Estamos vivendo um momento único no Brasil. Desde a época do regime militar (1964-1985), o país não se via tão dividido e polarizado como atualmente. A política atual virou um grande Flamengo x Fluminense na qual não há margem para opiniões opostas. Todo esse cenário é péssimo para o crescimento sustentável da economia em longo prazo.
Da direita a esquerda, as instituições vão sendo arruinadas dia após dia. Nenhum país do mundo conseguiu ultrapassar a barreira da renda média e ficar rico com toda essa instabilidade e fraqueza institucional. Daqui a apenas 3 meses as eleições presidenciais devem chacoalhar o mercado financeiro e as expectativas macroeconômicas do país, afinal dependendo do resultado eleitoral a política econômica pode ir na direção oposta. Estamos caminhando para o segundo ano seguido com inflação elevada.
O grande vilão da inflação em 2022 foi os combustíveis, principalmente após a guerra entre Rússia e Ucrânia. No entanto esse é um problema global. Nos Estados Unidos e Europa os combustíveis saltaram em média 60% nos últimos meses. Por aqui, o alto preço da Gasolina e do diesel tira o sono do governo há muito tempo e medidas precisavam ser tomadas para evitar um desgaste ainda maior.
O anúncio da redução do ICMS e a iminente queda no preço dos combustíveis foi comemorado em todo o país, mas como dizem “O diabo mora nos detalhes”. A maneira como foi conduzida a PEC irá transformar a festa de hoje em velório em 2023.
Alguns pontos ainda não explicados merecem atenção: Como o governo federal irá compensar os estados por sua queda de arrecadação a partir de 2023? Como será o ajuste fiscal para enquadrar os R$ 50 bilhões a mais no orçamento? Será feito um ajuste no lado da receita aumentando impostos ou será feito corte de despesas? Os aumentos de programas assistencialistas e benesses concedidas serão de fato temporários ou se transformaram em programas permanentes a partir de 2023?
No momento, há muitas dúvidas e poucas respostas quanto a saúde macroeconômica do país a partir de 2023. Por conta dos riscos eleitorais estamos vendo uma alta da remuneração dos títulos do tesouro que já pagam IPCA+ 6,2% ao ano até 2055, nenhum país do mundo aguenta pagar essa rentabilidade real por tanto tempo.
O Brasil de 2022 lembra e muito o Brasil de 2014, quando a então presidente Dilma Rousseff (PT) adotou medidas populistas e questionáveis para se reeleger. Ela alcançou o seu objetivo, no entanto, isso colocou o Brasil na maior crise da sua história. Atualmente, isso já vem se refletindo na alta do Credit Default Swap (CDS) cujo objetivo é servir como proteção ou seguro contra a inadimplência em operações de crédito.
Quanto maior o CDS, maior o risco de calote. Hoje o CDS brasileiro se encontra no mesmo nível de 2015 no auge da crise e recessão da era Dilma.
As medidas adotadas recentemente aumentaram os riscos e a incerteza quanto ao futuro da economia brasileira. Por conta disso os investidores estão exigindo prêmios maiores para investir em títulos do tesouro.
O governo atual, assim como todos os governos tem seu lado positivo e negativo. Mas conduzir a política econômica visando efeitos de curto prazo irá causar grande dor a longo prazo. O cenário brasileiro hoje nos mostra que independente de quem assumir o país em 2023 iniciará o ano com uma bomba fiscal na mão.