Com Rafaela Facchina
Setembro começou desafiador, com secura intensa e temperaturas elevadas que predominam em quase todas as regiões. Em um cenário que lembra um “mar de calor e fumaça”, muitos produtores enfrentam dificuldades com o manejo de suas culturas.
No entanto, para o horizonte da segunda quinzena do mês, há "terra à vista!". A chegada de chuvas em algumas regiões a partir de 15 de setembro deve trazer alívio para parte do país, com volumes promissores, especialmente no Sul e parte do Centro-Oeste.
Região Norte
Conforme o mapa de armazenamento de água no solo (figura 1), o Norte do Brasil apresenta uma situação de armazenamento hídrico crítico em algumas áreas, com valores abaixo de 20,0% no Tocantins e parte do Pará. Entretanto, há uma expectativa de melhoria, com precipitações previstas para a faixa norte da região, especialmente em Roraima e Amapá, que podem acumular entre 50 e 100mm (figura 3). As temperaturas, no entanto, continuarão elevadas, acima de 30,0°C (figura 2), o que pode dificultar a evapotranspiração eficiente das culturas.
Região Nordeste
O sertão nordestino segue em seu ciclo de seca, como já é esperado para esta época do ano. A maior parte da região permanece com armazenamento hídrico entre 10,0% e 30,0% (figura 1), o que agrava a situação das pastagens e cultivos perenes. As temperaturas médias estão acima de 26,0°C, podendo ultrapassar os 30,0°C no Piauí, Maranhão e Bahia. As chuvas ainda são escassas, com volumes inferiores a 20mm até o dia 15 de setembro. No entanto, algumas áreas costeiras podem experimentar pequenas chuvas, especialmente no litoral do Ceará e Pernambuco.
Região Centro-Oeste
O Centro-Oeste é a região onde a seca atinge de forma mais severa. O mapa de armazenamento hídrico mostra que os níveis de umidade no solo estão abaixo de 10,0% em grande parte do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás (figura 1). Isso se reflete diretamente nas pastagens, que estão altamente degradadas.
Para o período de 9 a 15 de setembro, a previsão de precipitação (figura 3) indica volumes muito baixos, abaixo de 10mm, em praticamente toda a região. No entanto, há um sinal positivo: após a primeira quinzena, as chuvas devem retornar ao Mato Grosso e ao sul de Goiás, com volumes entre 20 e 40mm. As temperaturas permanecem elevadas, acima de 30,0°C, com picos que podem atingir até 35,0°C em áreas do Mato Grosso e Goiás, complicando ainda mais o manejo de culturas sensíveis ao calor.
Região Sudeste
A região segue com condições climáticas desafiadoras, especialmente nas áreas do interior de São Paulo e Minas Gerais. O mapa de precipitação (figura 3) indica que até 15 de setembro, as chuvas permanecerão escassas, com volumes inferiores a 20mm. O armazenamento de água no solo está crítico, com valores entre 10,0% e 30,0% (figura 1), impactando diretamente a recuperação de pastagens e a produção de grãos.
As temperaturas estão acima da média histórica, variando entre 24,0°C e 30,0°C em grande parte da região, com picos que podem ultrapassar 32,0°C no norte de Minas Gerais e no oeste de São Paulo. A expectativa de chuvas regulares só aparece a partir do final de setembro, com volumes esperados de 30 a 50mm, especialmente no sul de Minas Gerais e São Paulo.
Região Sul
O Rio Grande do Sul e Santa Catarina apresentam melhores condições de armazenamento de água no solo, com níveis acima de 60,0% (figura 1). A previsão de chuvas indica que o Rio Grande do Sul e o Paraná devem receber precipitações entre 40 e 80mm a partir 15 de setembro (figura 3), o que trará boas condições para o desenvolvimento das culturas de inverno, como trigo e aveia.
As temperaturas, por sua vez, permanecem amenas na maior parte da região, com médias entre 16,0°C e 22,0°C (figura 2). Contudo, a chegada de frentes frias pode trazer episódios de queda acentuada de temperatura, com possibilidade de geadas em áreas de maior altitude no Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Essa variação térmica pode impactar a produção de frutas e culturas de inverno, exigindo cuidados redobrados.
Impacto e perspectivas
A seca que atinge grande parte do Brasil continua sendo o maior desafio para os produtores.
No entanto, com a previsão de chuvas a partir de meados de setembro, espera-se que a situação comece a melhorar em algumas regiões, especialmente no Sul e partes do Centro-Oeste. No curto prazo, o manejo adequado de pastagens e a suplementação de rações balanceadas serão essenciais para manter a produtividade.
Para o restante de setembro, o grande desafio será a adaptação às condições climáticas adversas e a implementação de práticas regenerativas, como o uso de culturas de cobertura para conservar a umidade do solo. Para muitos, o mar de secura ainda continuará por mais alguns dias, mas com a chegada da chuva, haverá "terra à vista!"
Figura 1.
Previsão de armazenamento de água no solo (%), para setembro de 2024.
Fonte: INMET-Elaboração: Scot Consultoria
Figura 2.
Temperatura média compensada (°C) no Brasil para setembro, levando em conta dados de 30 anos (1991-2020).
Fonte: INMET-Elaboração: Scot Consultoria
Figura 3.
Precipitação acumulada (mm) para o mês de setembro, levando em conta dados de 30 anos (1991-2020).
Fonte: INMET-Elaboração: Scot Consultoria
Estabilidade de preços do boi gordo nas praças pecuárias paulistas
A semana começou com os preços estáveis. Os compradores estiveram fora das compras no período da manhã. A escala de abate está curta, com uma média de cinco dias.
Região Norte e Sudoeste do Mato Grosso
Com a redução das ofertas e o encurtamento das escalas de abate, os preços subiram.
Na região Norte, o aumento foi de R$2,00/@ para a novilha. A cotação do boi gordo e da vaca ficou estável.
Na região Sudoeste, a alta foi de R$2,00/@ para a vaca gorda. A cotação do boi gordo e da novilha não mudou.
Carne bovina: os preços dos cortes subiram
A carcaça do boi casado capão teve um aumento de 2,4% na comparação semana a semana. A cotação da carcaça do boi casado inteiro subiu 3,1%. A carcaça da vaca casada subiu 5,0%, e para a carcaça da novilha casada a alta foi de 4,8%.
No mercado atacadista de São Paulo, a cotação da carne suína* ficou estável. O frango médio**, por sua vez, subiu de 1,5%.
*Animal abatido, sem vísceras, patas, rabo e gargantilha.
**Ave que leva em consideração o peso médio da linhagem para um lote misto, com rendimento de carcaça estimado em 74,0%.