“Ele sofre de extrema aversão à perda, o que o faz rejeitar todas as oportunidades favoráveis.” – Teoria da Perspectiva – Daniel Kahneman
Todos os dias, conscientes ou não, realizamos escolhas – a vida é feita de escolhas. Sempre que fazemos uma escolha abrimos mão de algo: Se escolho sair com uma camisa deixo outra; escolher um namorado, uma esposa; que carro comprar; escolher um cardápio... e por aí vai. Muitas das opções são mistas, ou seja, há sempre o risco da perda para uma oportunidade do ganho. O que determinará se aceitamos ou rejeitamos a aposta é a percepção de valor sobre o ganho. Em momentos em que a percepção de ganho é elevada, a escolha pode se tornar menos penosa, mas ainda assim, o resultado da opção feita poderá estar aquém do esperado. A partir daí começam os impasses: diante do pressuposto, escolher pode incorrer em dor porque supõem-se que qualquer dos lados escolhidos envolve uma oportunidade melhor do que a não escolhida.
Comumente, vemos traders amargando frustrações por tomar decisões das quais se arrependem. Geralmente, esta dor é proporcional a percepção do ganho imaginado, não pela realidade dos fatos. Por exemplo, sair da negociação no preço previamente planejado e amargar o fato do preço ter alcançado valores três vezes maiores que seu local de saída. O trader sempre acha que a opção escolhida nunca é a melhor. Pensamentos de “e se” transformam a tomada de decisão em peso que ocasionam sentimentos como culpa, medo, ansiedade. Como consequência, as escolhas passam a ser baseadas em intuição. Quer um exemplo? Pense, em uma aposta, de cara ou coroa, em que você perde 100 reais, se a moeda der cara e ganha 150 reais, se a moeda der coroa, qual das situações lhe dói menos? O benefício psicológico de obter 150 reais ou o custo psicológico de perder 100 reais? Tal premissa foi uma das bases de estudo que fundamentou a Teoria da Perspectiva de D. Kahneman: conceito de aversão à perda. Basicamente, quando desconsideramos as probabilidades para correr um risco, estamos agindo sob os sentimentos e a intuição.
Considerando o exemplo do trader acima, que frustrado saiu da negociação, aceitar correr o risco de ganhar x, dentro das probabilidades, para a pouco provável chance de pegar três vezes mais, comprova atitude totalmente intuitiva. Em outras palavras, se aquele trader atuou dentro das probabilidades e possibilidades de um padrão de comportamento do ativo que ele estudou, se entristecer por querer arriscar algo do qual ele não tem dados nem informação, poderá provocar gatilhos de perdas futuros. Desconfiar e desconsiderar o próprio estudo original para alongar ganhos, por percepções que nascem durante o trade, pode aumentar os riscos de perdas.
Claro que ponderarmos isto, não participando de uma negociação, parece bastante lógico e sensato, no entanto, estando nela e sob forte domínio das emoções, a perda (ou deixar de ganhar) sempre será uma dor. A exemplo disso, basta retornarmos ao jogo de cara e coroa mencionado acima: intuitivamente pode-se escolher o benefício psicológico de não perder 100 reais, ao passo que estatisticamente, as chances são as mesmas tanto para o ganho de 150 reais quanto para a perda de 100 reais. Faz sentido isso para você?
Eliminar a intuição nas opções do risco de perda e oportunidade de ganho, que enfrentamos no trade, depende também do gerenciamento de risco: os números não mentem jamais! Isto significa confrontar suas intenções, na frente da tela, com os dados levantados no planejamento, isto poderá minimizar a aversão à perda. Caso contrário, nossa mente sempre irá para a interpretação mais intuitiva – reações geradas pelas emoções.
A aversão à perda, comum aos seres humanos, pode gerar caça compensatória distorcida nas negociações: há muito mais prazer e emoção quando se consegue recuperar uma grande perda do que quando as entradas e saídas ocorrem como previstas. Não é verdade?! Fortes emoções, geralmente originadas das perdas, ocasionam intensas fissuras emocionais tornando-as profundamente rechaçadas por traders, a ponto de evita-las a qualquer custo no futuro. As decisões tomadas com o objetivo de evitar essa dor da perda são originadas das emoções, engendrando num círculo vicioso.
Diante do exposto, pergunte-se, qual o menor ganho de que necessito para equilibrar uma chance de perda de 1000 reais. A despeito da resposta cogitada, qualquer que seja ela, estará baseada no sentimento de percepção de valor e aversão à perda. Essa resposta só será plausível se fundamentada em números. Fazemos isso todos os dias, aceitamos correr riscos, definidos pela emoção, ao invés de decisões baseadas no racional. As decisões são baseadas em valor emocional.
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