Este artigo foi publicado originalmente em inglês no dia 12/04/2017
Imediatamente após o presidente Trump anunciar na quinta-feira que os navios de guerra dos EUA no Mar Mediterrâneo dispararam 59 mísseis Tomahawk contra uma base aérea síria, contratos futuros de petróleo subiram 2%. Quando o mercado abriu na manhã seguinte, entretanto, os preços voltavam a seus níveis prévios, embora alguma volatilidade tenha permanecido no decorrer do dia.
O aumento súbito dos preços reflete a realidade de que eventos geopolíticos, especialmente no Oriente Médio, ainda afetam os preços do petróleo mesmo que estes eventos não tenham qualquer relação com questões básicas do petróleo. Isso parece ter fundamento em dois fatores baseados em especulação:
- Histórico de eventos militares no Oriente Médio que causaram interrupções no suprimento de petróleo (o conflito árabe-israelense de 1973, a guerra Irã-Iraque, a primeira Guerra do Golfo); e
- Eventos inesperados ou pouco previstos causam temores infundados nos mercados sem relação com eventos reais.
Na verdade, ataques aéreos na Síria não são causa de inquietações no mercado de petróleo. A Síria está mergulhada em conflitos internos por mais de quatro anos e não há impacto na oferta ou na demanda de petróleo. A Síria não é um grande país exportador de petróleo e nem possui a instabilidade política ou atividades militares que impactariam outros produtores da região. De fato, a guerra civil na Síria está intrinsecamente conectada com a guerra contra o EI no vizinho Iraque, mas mesmo esse conflito em um dos maiores produtores de petróleo do mundo não causou sérios problemas no fornecimento de petróleo no mercado mundial.
A ameaça de problemas relacionados a fornecimento e transporte de uma forma geral no Oriente Médio é mínima neste estágio. Apenas um grande conflito generalizado colocaria em risco a passagem de navios petroleiros em pontos como o Canal de Suez ou o Estreito de Hormuz no Golfo Pérsico. (Detalhe, o Canal de Suez permaneceu aberto durante dois golpes sucessivos no Egito ocorridos nesta década). O acesso ao Canal de Suez é bem vigiado por aliados dos EUA como a Arábia Saudita ou o Egito. Além disso, os EUA mantêm forças navais no Golfo Pérsico como forte obstáculo a conflitos.
É muito mais provável que tensões no Mar da China meridional interrompam os carregamentos de petróleo e gás natural para a Ásia do que o agravamento de conflitos em curso e de longa data no Oriente Médio cause interrupções no fornecimento de petróleo. O súbito aumento de preço em futuros do petróleo que ocorreu após o ataque norte-americano contra a Síria é um eco de uma era passada no mercado de petróleo, não um indicador de interrupções futuras no abastecimento.