Tendências Possíveis, Porém Ainda Não Sustentáveis!

Publicado 14.01.2019, 11:33
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A visão prospectiva em torno do comportamento dos preços dos ativos brasileiros está sob uma pressão “psicológica” com um viés acentuado de valorização da Bovespa e apreciação forte do real frente ao dólar.

Contudo, neste momento ocorre muito na forma de anseio e ainda não consubstanciado em fatos concretos que possam dar sustentabilidade às projeções mais imediatas e que proporcionam movimentos até certo ponto voláteis nas tendências e nos preços.

A moeda americana, no nosso entender, tem o seu ponto de equilíbrio no intervalo entre R$ 3,70 a R$ 3,75, que nos parece compatível com o momento, visto que o país tem um tranquilo quadro nas contas externas e detém robustas reservas cambiais, mas, em contrapartida, tem problemas relevantes de natureza fiscal que requerem medidas concretas por parte do novo governo, nem sempre alcançáveis de forma tão imediatas quanto desejável, e isto faz com que esta fase tenha lampejos de confirmação das tendências tidas como possíveis, mas que não se sustentam visto que as medidas concretas ainda estão cercadas de dúvidas e incertezas.

Então, o que se observa de efetivo é que o fluxo cambial está ainda com viés negativo, não expressivo como o foi em dezembro último, portanto não há fundamentos para apreciar o real fora daquele parâmetro de equilíbrio porque também não há fatos concretos positivos que eliminem os entraves que fomentam as dúvidas e incertezas, que sabidamente terão que passar por intenso debate e embates do governo com o poder legislativo, que terá grande parte renovada no mês que vem.

Quanto tempo até que se tenha efetiva convicção de solução para a crise fiscal e delineamento da reforma previdenciária, prioritária entre tantas necessárias?

A espera é angustiante e o ímpeto é de tentar romper este fator de contenção da efetivação das tendências.

O mesmo ocorre na Bovespa onde se realizam prognósticos os mais otimistas possíveis, mas que retrata volume operacional impulsionado por investidores locais, já que o investidor estrangeiro, esperado com grandes volumes de recursos, está no aguardo de medidas efetivas em prol do equacionamento dos problemas maiores da economia brasileira.

Não há descrença de que o Brasil possa, em breve tempo, validar as tendências que são afirmadas e prognosticadas, mas é imprescindível que ocorram fatos concretos para que sejam afastadas as dúvidas e incertezas neutralizantes.

Os mercados, por seus agentes, tentam antecipar as tendências, mas o que se observa é relativa volatilidade, pois há insegurança, então os preços dos ativos não se consolidam com sustentabilidade como esperado.

Este é um período um tanto “angustiante”, pois aguardar é necessário e há uma ansiedade para não perder o “timming”, mas também o receio de perda com o imediatismo.

Por outro lado, o mercado global convive neste momento com um considerável volume de incertezas e dúvidas e isto naturalmente afeta as perspectivas para os países emergentes.

O FED americano sinaliza que será leniente com as novas altas da taxa de juro e isto favorece as bolsas americanas, onde se considera que os preços dos papéis estejam atraentes, e isto pode ser um fator neutralizador dos fluxos para os mercados emergentes.

O embate comercial China-Estados Unidos a despeito das reuniões constantes sugere que não terá solução completa no curto prazo e muitas das decisões que possam vir a ser adotadas podem atingir países emergentes como o Brasil.

As projeções do Boletim FOCUS neste início de ano devem ser entendidas como meras indicações, visto que há muito que acontecer e com impacto nas mesmas.

O ambiente predominante no momento sugere período duradouro para a inflação baixa, juro baixo e inexistência de qualquer risco de crise cambial, mas há os problemas maiores envolvendo atividade econômica, geração de emprego, renda e consumo para que haja efetivo crescimento do país.

Mais uma vez salientamos, é imperativo que seja mantida a sensatez por parte dos players dos mercados, mantendo o otimismo mas evitando a exacerbação precoce das tendências acreditadas.

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