Simone Tebet em pronunciamento na sua posse reafirmou sinalizações que sua atuação - apesar de coordenada com as demais pastas da área econômica - será de certa divergência com a “linha geral” do programa petista e nesse sentido reforça a perspectiva que a condução econômica da administração federal será mais centrista que a média do mercado espera.
Sua fala constrói um eixo que pode ser um contrapeso aos aspectos mais heterodoxos da Fazenda e isso pode ser um valioso ativo na construção de uma nova percepção sobre a solvência da dívida pública.
O caminho da credibilidade é longo, afinal só será pavimentado na medida que os resultados fiscais evidenciem as boas intenções do planejamento, mas a fala inicial é alvissareira neste sentido.
Tudo indica que a interação entre Fazenda, Planejamento e Indústria e Comércio seja, como já argumentei, não heterodoxo, mas sim heterogêneo.
Se confirmada essa perspectiva será naturalmente mais confusa sua implementação uma vez que combinará elementos de diversas orientações, contudo se for mantida a sanidade fiscal prometida isso irá aos poucos ancorar as expectativas.
Chama atenção a ênfase na reforma tributária e na atuação de Bernard Appy. Devemos ver em breve ações do governo nesse sentido e alerto para o viés que busque a redução da regressividade com tributação.
No mais vale registrar que a fala de Simone foi profundamente política (o que não poderia ser diferente, afinal ela é uma política experimentada) e assim se gabarita - caso seja bem sucedida a administração econômica - para a disputa em 2026.