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Taxa de Juros: O barco à deriva no contexto inflacionário

Publicado 22.09.2022, 13:13

Ontem tivemos por mais uma vez a famosa SUPER QUARTA, com definição de taxa de juros nos Estados Unidos e aqui no Brasil.

Ambas divulgações vieram completamente dentro do esperado pelo mercado: alta de 0,75 ponto percentual pelo FED, e manutenção da taxa brasileira em 13,75% pelo Copom.

O ciclo de alta aqui no Brasil começou em março de 2021, e o colegiado do Banco Central elevou a taxa local por 12 vezes consecutivas como tentativa de conter o cenário de inflação alta e persistente, amplificada devido a consequências das injeções de estímulos econômicos durante o período pandêmico.

A manutenção da taxa de juros pelo Banco Central foi devido às prévias dos indicadores relacionados a inflação, que já haviam sinalizado uma desaceleração da alta dos preços.

Para justificar a decisão, o BC disse: “O Comitê entende que essa decisão reflete a incerteza ao redor de seus cenários e um balanço de riscos com variância ainda maior do que a usual para a inflação prospectiva, e é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante, que inclui o ano de 2023 e, em grau menor, o de 2024”.

Vale lembrar que a decisão está de acordo com as sinalizações prévias do BC, nas quais cogitava a manutenção ou um ajuste de alta residual de 0,25 ponto.

Contudo, perante as últimas divulgações, perceberam um controle inflacionário, e não se tornou necessário o aumento.

O principal sinalizador dos preços é o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que segue sinalizando uma queda dos preços no Brasil como divulgado em agosto.

Porém, a decisão pela manutenção não foi unânime, já que tivemos na votação a sugestão de alta por parte da diretora de assuntos internacionais e gestão de riscos corporativos, Fernanda Guardado, e o diretor de organização do sistema financeiro e resolução, Renato Gomes, que votaram por uma elevação residual de 0,25 ponto percentual. Divergência que não acontecia desde março de 2016.

Esse movimento vem de acordo com o posicionamento praticado pelo BC de atenção aos novos desdobramentos econômicos.

Inclusive citou que: “O comitê enfatiza que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados e não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso o processo de desinflação não transcorra como esperado”.

Vale lembrar que a cautela ainda paira no ar, já que o contexto externo tem se mostrado “adverso e volátil”, com “revisões negativas para o crescimento das principais economias, em especial para a CHINA”, a qual o Brasil possui estreitas relações comerciais.

A relação comercial com países impactados diretamente com aumento dos preços pode afetar o contexto local. Outro ponto de atenção deve seguir em relação ao novo capítulo que Vladimir Putim tem escrito essa semana, o qual pode instigar novas sanções como consequência e obrigar um posicionamento mais agressivo (novamente) por parte do Banco central local, devido a possibilidade de uma nova alta de preços do petróleo.

De uma coisa temos certeza: O Brasil e a pasta econômica têm dado um show de gestão de política monetária pra muito país desenvolvido por aí.

Contudo, em mar de inflação mundial descontrolada, qualquer onda mais forte pode afetar o nosso trajeto.

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