Que abril abra as portas de muita prosperidade a todos! Desculpe não pude perder o clichê.
Acho importante termos em mente a “big picture”. Lembro que em 2014 dirigia pelas estradas estreitas do interior da Irlanda. Era dia mas havia uma neblina, aquele frio característico e muitas curvas, numa estrada que mal cabia um carro. Era difícil em alguns momentos entender o que estava fazendo, me perguntava: o que eu vim fazer nesse buraco! Mas chegando finalmente no destino entendi. Fui recompensado com essa pela paisagem. Essa bela big picture (ps: a fot mostra no máximo 10% da beleza do lugar):
O que quero dizer é que as vezes ficamos muito presos no dia dia e acabamos deixando de lado o todo. Costumo brincar que eu deveria trabalhar sem nenhum sistema de cotação de preços ligado. Uso a XP para operar e no caso digo que deveria deixá-lo desligado!
É simples:
2014 teve um grande driver: eleições aqui no Brasil e o início de um processo de desaceleração na economia.
2015 o driver foi: tentar entender as presepadas econômicas da Dilma e equipe e ver a economia aprofundar seu ritmo de contração.
2016: a economia já tinha ido para o saco, então o impeatchment e a sequência dos atos após esse, foram os grandes drivers.
2017: já disse aqui que a meu ver teríamos 3 grandes temas. Sustentação da governabilidade do atual governo; queda de juros; aprovação de reformas, em especial a mais emblemática de todas, a da Previdência!
Governo tem se sustentado a duras penas. Juros vem caindo e vai cair bem mais. Agora as reformas, em especial a da Previdência, são um caso complicado. Agora não tenha dúvida que se ela andasse e seguisse o cronograma de aprovação, nossa bolsa ia andar! Este a meu ver é um baita catalisador para o ano, capaz de disparar muitas compras e entrada de k externo por aqui.
A big picture do ano me parece muito bonita, mas a estrada é tortuosa e sem avanço nisso, me parece brincar com centavos pra cá e pra lá em ações.
Indo para economia
Fizemos bottom no 1T17. Foi finalmente o fundo do poço. Já estamos recuperando, mas vai ser beeem lento, infelizmente. Comentei isso no último post sobre o Brasil: Agentes econômicos ainda endividados
Falando de nossa recuperação, boa parte dela se dá primeiramente nas expectativas e isso foi confirmado essa semana que passou com indicadores de confiança.
A Confiança da Indústria avançou mais uma vez. Foram 2,9 pontos entre fevereiro e março, com uma alta em 17 dos 19 segmentos pesquisados. Novamente o componente de expectativas puxou e atingiu o maior nível desde abril de 2014. O nível de utilização da capacidade instalada também teve leve alta e alcançou 74,4%.
A confiança da construção também melhorou. Alcançando o maior nível em quase 2 anos, essencialmente pela melhora das expectativas – esse componente do índice atingiu seu melhor resultado desde setembro de 2014. Embora isso ainda não tenha se traduzido em intenção de contratar, já pode representar uma desaceleração do ritmo de queda no emprego.
Até a Confiança do Comércio melhorou, ainda que o último dado de vendas no varejo (mais abaixo) não tenha sido bom. A confiança do comércio atingiu o maior nível desde dezembro de 2014.
Como disse a ‘Pesquisa Mensal do Comércio’ de jan/17 não foi nada legal, não pegou bem, mas vale lembrar que é de janeiro. Já se foram 2 meses desde então! Os dados apontaram queda de -0,7% (entre jan/17 e dez/16, considerando os ajustes sazonais) no conceito do varejo restrito (que exclui o segmento automobilístico e de materiais de construção) e -0,2% (no mesmo período) no conceito amplo. A queda não era esperada pelo mercado, que projetava, no conceito restrito, alta de 0,5% entre jan/17 e dez/16. Esse dado ruim se juntou a divulgação da surpresa negativa de serviços (PMS).
Outro dado que é um baita leading indicator (indicador antecedente) são as vendas de papelão. ABPO registrou que estas voltaram a crescer. Dá uma olhada:
Avançando
Me preocupa as rachaduras no governo. Tal qual a saída de Renan Calhorda do governo. Mais pela dificuldade de formação de uma coalizão e sustentáculo para as reformas. #notgood.
Lá fora, a briga Trump x gordinho do cabelo estranho (presidente-ditador da Coréia do Norte) não ajudam em nada. Além disso, suas dificuldades internas para aprovar reformas também preocupam e impedem uma atitude mais pró-risco nos mercados afora.
Hoje e amanha é feriado na China.
Agenda:
Segunda: dia de PMI’s na Europa e nos EUA.
Terça: vendas no varejo europeu e discurso do Super Mario Draghi; no Brasil tem produção industrial (ai que medo).
Quarta: PMI’s de Serviços na Europa e EUA; estoques de petróleo e pesquisa ADP de empregos; ata do FOMC; e ainda tem PMI Caixin na China!
Quinta: Draghi falando de novo; pedidos de seguro desemprego nos EUA
Sexta: índice de preços de imóveis no UK, além de sua produção indistrial; payroll nos EUA ; e no Brasil é a vez do IPCA mensal de março.
Pra concluir ressalto que minha visão é que a big picture é positiva. Tem uma nuvem eleitoral pra 2018, mas por ora é positiva. Questão é que nessa estrada nos metemos nuns vales que dificultam a visão desse todo, mas tem uma brisa boa aqui em cima, rs.