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Sutilezas Inflácionárias: Alta dos Preços no Atacado Vai Chegar aos Consumidores?

Publicado 03.06.2021, 11:32
Atualizado 09.07.2023, 07:32
CL
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Os preços no atacado vêm subindo substancialmente acima dos ao consumidor. Luz vermelha acesa, aparentemente a inflação escapou de controle, pois se no atacado os preços subiram 50%, é questão de tempo, pensam alguns, para que o varejo apresente comportamento semelhante.

Em que cenário esta verdade é irretorquível? Em uma economia indexada, como era a nossa até o Plano Real se concretizar. Realmente, se prevalece no país regras de reajustes automáticos de preços, juros, cambio e salários, um choque de oferta (elevação do preço do petróleo, por exemplo) se reproduz em toda a cadeia produtiva porque, por lei, todos os preços são automaticamente reajustados. Fora disto, o repasse do atacado para o varejo vai depender primordialmente do grau de abertura da economia para o comercio exterior e do nível de utilização de capacidade na economia, seja das fábricas e fazendas, seja de trabalhadores qualificados: quanto maior o nível de ociosidade, menor a taxa de repasse do atacado para o varejo. Mas, mesmo com ociosidade, quanto mais duradouros forem os aumentos de preços no atacado, maior a probabilidade de repasse do aumento no atacado ao consumidor final.

No caso brasileiro, com 10 milhões de desempregados e capacidade não utilizada nas empresas das cidades e do campo, a tendência é de um repasse muito baixo, como está acontecendo: atacado subindo 50% em 12 meses, varejo abaixo de 8%. Como a tendência recente dos preços de commodities nos mercados mundiais tem sido de baixa, há esperança de que se esteja superestimando a inflação de 2021-2022. Na contramão do otimismo, entretanto, está a escassez de chuvas no Brasil, a pressionar o preço da energia elétrica, o insumo mais difícil de ser substituído.

E por falar em substituição, é importante diferenciar entre elevação do custo da cesta consumida por uma classe de renda da inflação efetivamente sofrida por aquela classe. Assim, quando se diz que a classe baixa está sofrendo uma inflação de 20%, o que na realidade se está afirmando é: se a classe baixa insistisse em, bovinamente, continuar a consumir os mesmos bens que consumia no passado recente, então ela teria sofrido um ataque no seu poder aquisitivo equivalente aos 20% mencionados. Ora, estudos comprovam que, quanto mais baixo o poder aquisitivo, mais safo é o consumidor em substituir produtos cujos preços sofreram alta, por sucedâneos mais baratos. É inegável que a nova cesta de consumo pós ajuste ao aumento de preço o fará menos feliz, mas não mais pobre como aferido pela variação do índice.

Finalmente, há que diferenciar entre elevação do índice de preços e inflação: um exemplo simples ilustra estes dois conceitos. Suponha uma economia que vem rodando a 1 por cento ao mês no varejo e, repentinamente, um bem que representa, digamos, 10% da cesta do consumidor, sofre uma alta de 50 por cento, sem afetar os demais preços, que permanecem estáveis. No mês em que tal acontece, o índice de preços subirá 5% (efeito de 50% de aumento sobre 10% da cesta + 0% sobre 90% da cesta). Neste caso, a inflação foi praticamente nula, pois só um preço subiu.

Agora, suponha que o índice de preço no mês seguinte caia para 2 por cento, porque todos os preços subiram 2,2%, enquanto o do produto que havia subido 50%, fica estável (efeito de 0% de aumento sobre 10% da cesta + 2,2% sobre 90% da cesta). Ou seja, o índice caiu de 5% para 2%, mas quase todos os preços subiram 2,2%, vindo de 0%. Portanto, apesar da queda substancial do índice, um processo inflacionário se apossou da economia de maneira avassaladora.Vale dizer, inflação envolve um processo de aumento concomitante de vários preços, não altas isoladas de alguns produtos. Não é por outra razão que a autoridade monetária acompanha índices escoimados das variações extremas, pois o preocupante é a elevação generalizada de preços.

Em suma, inflação alta no atacado não necessariamente será repassada para o consumidor final, se a economia puder importar, não estiver indexada nem em pleno emprego; encarecimento da cesta típica de uma classe de renda não implica que aquela classe sofreu uma perda de renda equivalente, pois ela substitui produtos de preços circunstancialmente caros por substitutos mais baratos. Finalmente, pode ocorrer subida expressiva do índice de preços, sem haver inflação ou, simetricamente, queda do índice com inflação em alta.

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