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Surfamos no Humor Americano, mas no Radar Fim dos Programas Pode Frustrar!

Publicado 25.11.2020, 06:00
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As acomodações positivas que ocorrem no cenário político-econômico americano repercutem no mundo e “transferem” os sentimentos de Wall Street, também, para o nosso mercado financeiro, envolvendo Bovespa, câmbio e nem tanto o juro, pois se a maior economia do mundo recebe “inputs” positivos, a cena global, em tese, repercute em linha.

A distensão na postura do Presidente Trump emitindo sinais de reconhecimento da vitória do seu opositor Joe Biden na recente eleição  presidencial; a manifestação do novo presidente eleito no sentido de indicar Janet Yellen para o Tesouro, que sugere que os programas de suporte à economia poderão ser expandidos; os avanços consistentes no campo das vacinas otimizando as perspectivas de melhor acomodação no convívio com a pandemia do coronavírus e possibilidade de restabelecimento de níveis de atividade social e econômica à normalidade, são fatos que pontificam e determinam mudanças imediatas de posturas que promovem mudança significativa no humor e nas perspectivas mais imediatas.

Enfim, sinais fortes de que “os velhos tempos poderão estar de volta”, agora com um governo americano menos conflitante nas relações internacionais, o que não quer dizer mais parcimonioso em questões pontuais, mas que motiva um forte relaxamento na postura defensiva dos investidores e os coloca em posições mais agressivas e propensas a correr riscos, recria otimismo nos países emergentes, com ênfase aos produtores de commodities em destaque, mas de forma geral já que buscam rentabilidade para seus “trilhões de dólares” que estavam empoçados nas grandes economias.

De repente, parece até que o Brasil superou num “toque de mágica” seus enormes desafios, simplesmente porque houve o ingresso de um mínimo volume de recursos estrangeiros para o nosso mercado acionário, algo que de há muito não ocorria dada a persistente perda de atratividade do país na visão externa dos investidores.

Por outro lado, o dólar se fragiliza no mercado internacional perante as moedas emergentes, com destaque para as vinculadas a commodities, e o nosso real ressurge das cinzas e melhora seu desempenho, mais como consequência sem dar causa.

Podemos estar vivendo um momento alentador se focarmos o mercado financeiro, mas o Brasil continua com os seus desafios pontualíssimos e suas soluções ainda bastante distantes e não equacionadas, afora um emaranhado de “pitacos” diários de governantes e contumazes na repetição sobre isto ou aquilo, sem,  contudo, merecer materialização ou transparecer articulações políticas efetivas, o que sanciona a figuração que colocamos ontem “aqui tudo funciona e ninguém sabe ainda o por quê?”, mas que teve até então o incomensurável apoio do intenso fluxo de recursos dos programas assistenciais do governo às populações mais carentes, uma parcela efetivamente substancial da população, habitualmente com baixo consumo e que foi potencializado.

Só que os programas assistenciais estão com data marcada de término, e isto fará retornar à linha de pobreza/miséria um grande contingente de consumidores recentes que sairão de cena, e que, seguramente, deram suporte ao consumo que repercutiu no varejo, que demandou na cadeia produtiva, construindo sinais de recuperação do PIB, discretamente do emprego e renda.

Esta realidade impactará nos indicadores econômicos brasileiros, e, naturalmente, na visão dos investidores que já colocaram em segundo plano na Bovespa as empresas que se destacaram no e-commerce com o consumo induzido pelos programas assistenciais, e retornam as habituais “blue chips” tradicionais procuradas pelo investidor estrangeiro, que, afinal, não precisaria nem vir ao Brasil para tanto e poderia adquiri-las nas bolsas americanas.

Há muita expectativa e muita controvérsia teórica sobre a acomodação de uma gravíssima crise fiscal, com o governo num complicado “corner”, com o país registrando inflação já na linha de 4% no IPCA, com a distorção do IGP-M na linha de mais de 20%, e o juro em 2%, e no radar, ainda que sempre rejeitada como risco presente, a dominância fiscal.

O governo precisaria superar as pressões que ocorrem sobre o juro e que dificultam a rolagem da Dívida Pública, forçam o encurtamento dos prazos que é um mal, e um ajuste no juro poderia atrair os investidores estrangeiros para renda fixa, ajudando na rolagem menos pressionada, mas isto traria o ônus adicional no custo do carregamento que impacta no aumento da dívida, que já é expressiva.

Na margem, mas não menos importante, está o câmbio que tem os fatores externos fragilizando o dólar frente ao real e nos internos pressões sobre o real frente ao dólar, por ser o refúgio, quase último, da reserva de valor, e assim ocorre a volatilidade.

É inquestionável que o “câmbio elevadíssimo e commodities em alta” causam forte impacto inflacionário implícito e natural pelo rebote dos preços internacionais para a economia interna, e que é mal captado pelo IPCA que acaba por disseminá-lo em uma grandeza de base de dados nem sempre relevantes,  mas que atenuam as repercussões efetivas do impacto e assim acaba por “reduzir” de forma mais contundente e menos perceptível a renda do consumidor que é corroída.

Não seria ousada a colocação de que os problemas internos brasileiros e sua complexidade sejam capazes de neutralizar as benesses da distensão externa, visto que a dimensão dos desafios internos para os quais ainda não surgiram proposituras concretas viáveis é substantiva e ficará mais aflorada com o término dos programas assistenciais do governo.

Há sim o risco de “perdermos o bonde” outra vez, pois continuamos atrás da curva da retomada efetiva da recuperação econômica, já que o que há de principal está atrasado como as reformas estruturais, programas de privatizações, e outras iniciativas mais, faltando articulação política e protagonismo por parte do governo que detém uma base de apoio político muito vulnerável.

O país está carente de gestores efetivos e afastamento da postura de “traders” de muitos integrantes do governo com seus discursos apológicos diários que criam “causos”,  mas não constroem nada e fomentam perspectivas.

É preciso muita sensatez neste momento, pois como temos salientado o ambiente no Brasil não sugere tendências sustentáveis nem para o câmbio, nem para o juro e nem para a Bovespa, sendo que esta deve ter forte mudança de indicações para investimentos, face ao término dos programas assistenciais do governo.

E ainda, e não menos relevante, o país ainda convive com a pandemia do coronavírus e questiona-se se está havendo um 2º ciclo ou não, e isto pode implicar em novos dispêndios financeiros do governo que já está sem recursos, e esta realidade não pode ser afastada do contexto Brasil.

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