Sempre me questionei por que não tive a sorte de viver a época das grandes revoluções, ou mesmo por esta revolução (a da informação) ter esperado eu me amarrar para lançar o Tinder e o Bang with Friends.
Com o tempo, percebi que reclamava de barriga cheia. Assisti a bolha ponto .com, vivi a reabertura da Bolsa para IPOs, a avalanche do subprime (infelizmente).
Além disso, estou experimentando todos estes eventos históricos que se desenrolam, como a primeira mudança do Ibovespa em 40 anos, a primeira paralisação do governo americano em 17 anos, o grande dilúvio de 18/10/13, ou a possibilidade do maior calote de dívida da histórica da América Latina. Bom, não posso me queixar de falta de agito.
O porquê de tanto agito
Certamente não é por falta de esforço. Você deve ter notado que nosso mercado de capitais acumula uma série de questões inexplicáveis, algumas absurdas, outras no mínimo curiosas...
Separei algumas delas:
- HRT vale R$ 230 milhões em Bolsa, mas possui R$ 800 milhões em caixa, líquido de dívida
- Petrobras é uma petroleira que perde com a alta do petróleo
- AmBev é a maior empresa brasileira em valor de mercado (R$ 270 bilhões), mas pesa somente 1,5% no principal índice da Bolsa brasileira
- OGX ostenta um valor de mercado ínfimo (R$ 1,3 bilhão), mas responde por 5,9% da carteira teórica do principal índice da Bolsa brasileira
- Marfrig declarou em seu resultado de segundo trimestre que “JBS assume R$ 5,85 bilhões em dívidas da Marfrig/Seara/Zenda, dos quais aproximadamente R$ 3,0 bilhões ainda faltam ser transferidos”, enquanto a JBS declarou que “a alavancagem da JBS reduziu de 3,40x no 1T13 para 3,28x no 2T13, incluindo a assunção antecipada de R$ 324,7 milhões em dívidas provenientes da aquisição da Seara Brasil e Zenda.”
+ Vinci declarou que “nega cabalmente qualquer possibilidade de investir ou se tornar acionista da OGX”, para, um dia depois, OGX declarar que “vem mantendo contato com diversos potenciais investidores, dentre eles a Vinci”. Sorria, você está na Babilônia.
Não largue mão
Diante de tanta disparidade de informação, você ficou com vontade de abandonar esse tumulto todo? Não te culpo. Imagina se fosse analista de ações, e essas fossem as suas ferramentas de trabalho...
Mas tudo que essa vida quer da gente é coragem. A mesma discrepância que pode te indignar também pode ser a brecha para as grandes distorções na marcação a mercado dos ativos. A oportunidade.
No meio da confusão, foi este dilema que nos inspirou à criação de duas séries que visam justamente explorar as grandes assimetrias do mercado: Ações para Ficar Milionário e Carteira Semanal de Opções. Elas guardam o beta de nosso portfólio de produtos - a possibilidade de grandes porradas, mas sem se expor a riscos desnecessários.
A Bolsa dos sensatos
Há também o outro lado da moeda, a parcela da Bolsa relativamente blindada de tamanha volatilidade. Ela é o tema de nossa série de hoje: as Vacas Leiteiras. Ações com fluxos de resultado consistentes, baixo perfil de risco e política dividendos atrativa - e sustentável.
No episódio de hoje, uma ação que oferece proteção à inflação combinada com exposição à dinâmica de crescimento em consumo, via renda recorrente. Seu tradicional rótulo de “boa e cara” cedeu espaço para uma nova definição. Por tempo limitado, a boa não está tão cara assim.
A volta do dólar
Quem chamou atenção neste agito é o dólar. Hoje a moeda americana encontra algum alívio, mas voltou bem desde aqueles R$ 2,45. Notaram que basta virar capa da Veja para a coisa inverter a tendência?
Bem da verdade, o dólar voltou escorado em três questões pontuais:
- o Copom levantando a Selic acima das expectativas: para o gringo, a mamata do maior juro real do mundo com perfil de risco de governo bastante tolerável - e lembrando que a inflação de lá não é a inflação daqui
- a iminente enxurrada de dólares adentrando o mercado brasileiro por conta do leilão do pré-sal
- o compromisso do Bacen de inundar o mercado com dólares com leilões de swap cambial até o fim do ano
Não esqueça deste detalhe...
Do outro lado, o principal argumento para a aposta de alta no dólar segue o mesmo, o estrutural: o enxugamento de liquidez em nível internacional.
O Fed está injetando dólares na economia consistentemente, mas uma hora (logo) essa fonte vai secar. Talvez o mercado tenha se esquecido deste detalhe importante: o Fed existe.
Ele estava esquecido nas últimas semanas, não saía indicador da economia dos EUA e todos só falavam do embate entre republicanos e democratas pelo teto da dívida. Governo de volta, o Relatório de Emprego americano foi remarcado para a próxima terça-feira, e hoje mesmo três membros da autoridade monetária dos EUA assumem o holofote (ops, o microfone).
Qual é a música
Falando em capa da Veja, costumo dizer que se saiu lá ou se alguma tia sua comentou na macarronada de domingo, é para fazer o oposto.
A ideia é bem simples, mas muitas vezes negligenciada até pelos mais experientes. Compre ao som dos canhões, venda ao som dos violinos. Qual é sinfonia atual dos mercados?
Difícil dizer, tem muito ruído.
Aviso aos navegantes: ficarei uma semana fora, por questões profissionais, mas em um fuso horário que me impossibilitará de escrever nosso querido M5M. Durante este breve ínterim, a newsletter ficará em boas mãos: as mãos peludas do Felipe.
Para visualizar o artigo completo visite o site da Empiricus Research.