Os preços da soja e derivados estão em queda nos Estados Unidos e no Brasil, pressionados por expectativas de safra mundial recorde e pelos estoques alongados. Segundo pesquisadores do Cepea, no entanto, a queda nos valores brasileiros tem sido limitada pela valorização do dólar frente ao Real que, além de aumentar a receita de vendedores, torna o produto nacional mais competitivo no mercado internacional. No físico brasileiro, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&FBovespa, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no porto de Paranaguá (PR), caiu 1,3% entre 3 e 10 de março, a R$ 71,70/saca de 60 kg na sexta-feira, 10. Diante de expectativas de safra abundante, compradores brasileiros consultados pelo Cepea estão cautelosos na aquisição de lotes grandes, negociando apenas o volume necessário para suprir a demanda de curto prazo. Produtores, atentos ao movimento de queda, acreditam em reversão da tendência, fundamentados no possível aquecimento da demanda e na valorização do dólar.
MILHO: LIQUIDEZ AUMENTA, MAS PREÇO SEGUE EM QUEDA
ritmo de negócios envolvendo milho está um pouco maior no mercado spot nacional, segundo indicam pesquisadores do Cepea. Apesar disso, as cotações internas do cereal continuam em queda na maioria das regiões acompanhadas pelo Centro de Pesquisas, pressionadas pelo aumento gradativo da oferta, por conta do avanço da colheita da safra verão. Em Campinas (SP), base do Indicador ESALQ/BM&FBovespa, a desvalorização foi de 2,23% de 3 a 10 de março, fechando a R$ 35,44/saca de 60 kg na sexta-feira, 10. Nas praças paulistas, especificamente, pesquisadores do Cepea indicam que compradores que necessitam de lotes maiores para entregas imediatas continuam enfrentando dificuldade em pressionar as cotações. Além da oferta disponível ainda restrita nessas localidades, onde a temporada verão iniciou mais tardiamente, o aumento dos fretes desde fevereiro elevou os custos do cereal vindo de outros estados, inviabilizando, em alguns casos, esse tipo de negociação.
MANDIOCA: COM OFERTA AINDA BAIXA, PREÇOS AVANÇAM
A oferta de lavouras de um ciclo e meio de mandioca continuou baixa na semana passada na maioria das regiões acompanhadas pelo Cepea. Ao mesmo tempo, agricultores não têm interesse pela comercialização, devido à baixa produtividade agrícola e à expectativa de preços ainda mais elevados nos próximos períodos. Com dificuldades em adquirir matéria-prima para processamento, muitas fecularias seguiram paradas, enquanto que as ativas ainda registraram ociosidade. Nesse cenário, os preços da raiz seguiram em alta em todas as regiões acompanhadas pelo Cepea. A média semanal da mandioca posta fecularia foi de R$ 536,23/tonelada, 1% acima da semana anterior. Em termos reais (deflacionamento pelo IGP-DI de fevereiro), o valor médio semanal superou em 33,5% o de mesmo período do ano passado.
MELÃO: ALTA NO PREÇO NO VALE DO SÃO FRANCISCO É DE QUASE 20%
Alguns produtores da região do Vale (SA:VALE5) do São Francisco (BA/PE) consultados pela equipe Hortifruti/Cepea diminuíram o volume de comercialização de melão na semana passada, devido à menor oferta. Esse cenário esteve atrelado ao adiamento da colheita de algumas lavouras, em função das chuvas. Agora, para colher o melão que está no campo, será necessário que as frutas “sequem” mais, segundo indicam alguns colaboradores do Hortifruti/Cepea. Com menor volume no mercado, o melão amarelo do Vale do São Francisco dos tipos 6 e 7 posto em São Paulo (Ceagesp) se valorizou 17% na última semana, fechando, em média, a R$ 22,75/cx de 13 kg (de 6 a 10 de março). Para esta semana, a expectativa é de que o volume de negociações na região volte a aumentar.