A valorização do dólar frente ao Real atraiu importadores ao Brasil em maio, resultando em aumentos nos preços domésticos da soja e em elevação da liquidez nacional. No entanto, o atraso de navios e a falta de cota nos portos brasileiros limitaram as exportações do grão. O movimento de alta dos preços foi contido pela colheita da safra 2021/22 na América do Sul, que, até o fim de maio, já estava praticamente finalizada. Os Indicadores CEPEA/ESALQ – Paraná e ESALQ/BM&FBovespa – Paranaguá (PR) subiram 3,7% e 3,8% entre abril e maio, com respectivos fechamentos de R$ 188,96/sc e de R$ 193,38/sc de 60 kg no último mês. Na média das regiões acompanhadas pelo Cepea, os valores registraram alta de 3% no mercado de balcão (pago ao produtor) e de 3,6% no de lotes (negociações entre empresas). O dólar, por sua vez, se valorizou significativos 4,1% entre a média de abril e a de maio, para R$ 4,9485. No front externo, o avanço cambial, que torna o grão norte-americano menos atrativo a demandantes internacionais, pressionou os contratos futuros na CME Group (Bolsa de Chicago), movimento que foi reforçado por expectativas indicando maior produção global na próxima safra. Na CME Group, o contrato de primeiro vencimento da soja registrou ligeira baixa de 0,3% de abril para maio, a US$ 16,9025/bushel (US$ 37,26/sc de 60 kg).
ÓLEO DE SOJA – Os preços do óleo de soja foram impulsionados pela baixa oferta e pela firme demanda, sobretudo externa. Preocupações com a possível menor oferta de óleo de palma na Ásia, a valorização do petróleo e a firme demanda mundial por óleo de soja impulsionaram as cotações do derivado no Brasil e nos Estados Unidos, que operaram em patamares recordes em maio. Levantamento do Cepea mostra que o óleo de soja, bruto degomado, negociado em São Paulo – SP (com 12% de ICMS) teve média de R$ 9.693,25/tonelada em maio, 5,3% superior à de abril e recorde real (IGP-DI de abril/22), considerando-se a série mensal do Cepea, iniciada em jul/98. As altas mais intensas foram registradas entre a segunda quinzena de abril e a primeira de maio. Em um ano, o aumento no preço médio foi de 20,6%, em termos reais. Ressalta-se que o avanço doméstico foi limitado pela menor demanda do setor de biodiesel. Além disso, indústrias alimentícias relataram dificuldades em repassar as novas valorizações do óleo de soja. Na CME Group, o contrato Jul/22 do óleo de soja subiu 5,5% de abril para maio, com preço recorde nominal de US$ 0,8359/lp (US$ 1.758,72/tonelada) no último mês. Em um ano, os preços futuros subiram 24,8%.
FARELO DE SOJA – A valorização do óleo de soja, por sua vez, pressionou as cotações do farelo de soja. Embora seja esperado aumento na demanda global por farelo, grande parte dos consumidores esteve cautelosa nas aquisições, na expectativa de maior oferta nos próximos meses – vale lembrar que, para cada tonelada de soja processada, cerca de 78% produzem farelo, e apenas 19%, óleo. Diante disso, na média das regiões acompanhadas pelo Cepea, o farelo de soja se desvalorizou significativos 6,9% entre abril e maio. Em um ano, a queda foi de 2%. Na Bolsa de Chicago, a queda nos preços futuros do farelo foi mais intensa: de 8,2% entre abril e maio. Já no comparativo anual, observa-se alta de 1,2%.
CAMPO – A colheita de soja foi praticamente finalizada no Brasil em maio, restando áreas isoladas da região do Sul para serem concluídas. Na Argentina, as expectativas são, há alguns meses, de produção acima da esperada, devido às condições climáticas favoráveis ao avanço da colheita e à melhora do rendimento das lavouras recémcolhidas. A Bolsa de Cereales indica que a Argentina havia colhido 94,3% da área de soja até o dia 31 de maio, com produção estimada em 43,3 milhões de toneladas. As atenções se voltaram à temporada 2022/23 no Hemisfério Norte. Segundo o relatório de acompanhamento de safras do USDA, a semeadura da oleaginosa havia alcançado 66% da área até o dia 29 de maio, em linha com os 67% na média dos últimos cinco anos, mas inferior aos 83% cultivados em igual período do ano passado.