Os preços da soja subiram com força no Brasil em outubro, registrando os maiores valores em um ano, em termos reais (IGP-DI – set/19). A alta esteve atrelada à falta de chuva em importantes áreas produtoras na maior parte do mês, ao baixo volume remanescente da safra 2018/19, às firmes demandas doméstica e externa e às elevações dos contratos futuros na CME Group (Bolsa de Chicago). Se comparadas as médias de setembro e outubro, o Indicador ESALQ/BM&FBovespa da soja Paranaguá (PR) e o Indicador CEPEA/ESALQ Paraná subiram 2% e 2,7%, com respectivas médias de R$ 88,25/sc de 60 kg e R$ 82,63/sc de 60 kg no último mês – ambos os valores são os maiores desde outubro/18, em termos reais. Na média das regiões acompanhadas pelo Cepea, as cotações da oleaginosa avançaram 2,2% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e 2,1% no de lotes (negociações entre empresas) entre setembro e outubro. A desvalorização do dólar frente ao Real, no entanto, limitou as altas domésticas. A moeda norte-americana cedeu 1% no mesmo comparativo, com média de R$ 4,08 no último mês.
No início do mês, a estiagem gerou preocupações especialmente para agricultores de Mato Grosso e Paraná, onde a segunda safra pode ser impactada pelo atraso no cultivo da oleaginosa. Na última dezena do mês, no entanto, choveu em praticamente todo o País, permitindo que os produtores, especialmente do Paraná e de Mato Grosso, intensificassem os trabalhos de campo. Mesmo assim, as irregularidades climáticas neste ano ainda deixam agricultores preocupados quanto à produtividade, especialmente em São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso do Sul e regiões Norte e Nordeste do País. Além das incertezas quanto à safra 2019/20, o remanescente da safra 2018/19 é baixo no Brasil, o que deixou grande parte dos sojicultores retraída nas vendas em outubro. Outra parte mostrou preferência por vender FOB em detrimento de exportar, devido ao preço mais atrativo ofertado pelas indústrias domésticas. Esse cenário foi visto especialmente nas regiões de Campos Gerais do Paraná e Campos Novos (SC). A reação nos valores domésticos da soja preocupa representantes de indústrias, que indicavam, até o final do mês, ter estoques reduzidos da matéria-prima e também dificuldades no repasse dos reajustes da oleaginosa aos derivados. Uma parte relata ter soja para processamento até meados de novembro, enquanto outras precisam comprar lotes em regiões mais distantes, o que elevou os custos com frete.
O maior consumo de óleo de soja para biodiesel, no entanto, aliviou a preocupação dessas indústrias. Na cidade de São Paulo (com 12% de ICMS), o preço do óleo de soja teve avanço de 3,7% entre setembro e outubro, com média de R$ 3.291,21/tonelada no último mês – o maior valor desde dezembro de 2016, em termos reais. A demanda por farelo de soja também voltou a se aquecer no final do mês, tanto por parte de avicultores e suinocultores domésticos quanto pelo setor de exportação. Assim, os preços do farelo de soja avançaram 1,4% na média das regiões acompanhadas pelo Cepea. Em outubro, o Brasil exportou 1,39 milhão de toneladas de farelo, 6,6% a mais que o escoado em setembro e 24% superior ao embarcado em outubro/18. No entanto, na parcial do ano (de janeiro a outubro), as vendas externas estão 2,3% menores que as registradas no mesmo período do ano passado, em 13,83 milhões de toneladas, segundo dados da Secex.
Os embarques do grão estiveram 9,5% maiores que os de setembro, a 4,86 milhões de toneladas, também de acordo com a Secex. No entanto, esse volume é 7,4% abaixo do exportado em outubro/18. Na parcial do ano, o Brasil escoou 68,69 milhões de toneladas, 7,7% inferior ao registrado no mesmo período do ano passado. Já as exportações de óleo de soja, até outubro, estiveram significativamente menores que as de 2018. A demanda doméstica, especialmente para a produção de biodiesel, esteve mais aquecida. Com isso, o Brasil exportou apenas 34,3 mil toneladas de óleo de soja em outubro, 58,1% abaixo do escoado em setembro e 56,7% inferior ao embarcado em outubro de 2018. De janeiro a outubro, as vendas externas de óleo foram somam 956,5 mil toneladas, abaixo das 1,3 milhão de toneladas vendidas em igual período do ano passado, ainda segundo informações da Secex. Os embarques brasileiros estiveram menores, de modo geral, devido ao pré-acordo comercial entre os Estados Unidos e a China, o que incentivou as negociações entre os respectivos países. Com isso, o primeiro vencimento da soja avançou significativos 5,4% entre setembro e outubro, a US$ 9,2498/bushel (US$ 20,39/sc de 60 kg). De óleo e farelo de soja, o aumento foi de 4% para ambos, com respectivas médias mensais de US$ 0,3020/lp (US$ 665,86/t) e US$ 304,27/tonelada curta (US$ 335,33/t) em outubro – a alta foi limitada pela maior oferta nos Estados Unidos, devido à entrada da safra 2019/20.