A valorização do dólar frente ao real elevou com força os preços da soja no mercado interno em abril. Além disso, a firme demanda externa pelo grão brasileiro, a quebra na safra argentina e a forte alta dos prêmios de exportação – que atingiram os maiores patamares da série do Cepea, iniciada em 2004 – também impulsionaram os preços domésticos da oleaginosa. Na última semana do mês, a moeda norte-americana atingiu o maior valor desde junho de 2016, fechando abril com média de R$ 3,408, 4% superior à de março. Com isso, as médias mensais dos Indicadores da soja ESALQ/BM&FBovespa Paranaguá e CEPEA/ESALQ Paraná atingiram os maiores patamares desde julho de 2016, em termos reais (IGP-DI mar/18). A alta do farelo de soja também sustentou os preços do grão. Produtores esperam que o Brasil ganhe espaço no abastecimento global de farelo e óleo de soja. Além da quebra na safra argentina, um acidente ocorrido no porto de General San Martin, no dia 24, reduziu ainda mais o fluxo de embarques no país vizinho. O avanço da colheita na Argentina segue confirmando a baixa produtividade da oleaginosa naquele país, segundo a Bolsa de Cereales.
No entanto, a valorização foi limitada pela redução das aquisições domésticas de farelo de soja pelo setor de proteína animal, diante da possível queda na produção de aves. Segundo a Equipe de Aves do Cepea, a União Europeia indicou descredenciamento para exportação de cerca de 20 frigoríficos brasileiros. Assim, muitos compradores domésticos mostram interesse em adquirir lotes de farelo apenas para consumo imediato. O maior estoque de soja, devido à finalização da colheita, também limita as altas do derivado. Quanto ao óleo, compras por parte do segmento de biodiesel estiveram enfraquecidas, devido à disparidade entre os valores pedidos e ofertados, mas, no geral, os fechamentos ocorreram nos patamares ofertados pela indústria.
A maioria dos produtores brasileiros de soja esteve retraída das vendas envolvendo grandes lotes, na expectativa de comercializar o grão a preços ainda mais atrativos. Além disso, a disparidade entre os preços pedidos e ofertados e a falta de espaço nos portos também limitou os fechamentos. No front externo, o Brasil exportou 1,55 milhão de toneladas de farelo de soja em abril, o maior volume dos últimos 11 meses e um recorde quando considerados apenas os meses de abril. Esta quantidade representa aumento de 17,3% em relação às vendas de março e de 16,9% frente ao embarcado em abril de 2017, segundo dados da Secex. O valor médio das vendas externas foi de R$ 1.348,32/tonelada, 7,4% maior que o de março e 21,4% acima do verificado no mesmo período do ano passado, considerando-se o dólar a R$ 3,408 na média de abril.
As exportações de óleo de soja também estão firmes e foram as maiores desde junho de 2017, totalizando 164,44 mil toneladas em abril, 55,5% acima do embarcado no mês anterior, mas 2,4% inferior ao exportado em abril/17, ainda conforme a Secex. O valor médio obtido com as vendas externas do óleo foi 3,19% maior que o de março e 8,09% superior ao de abril/17, com média de R$ 2.534,35/tonelada, a maior desde janeiro/17.
Quanto à soja em grão, a Secex indica que o Brasil embarcou 10,25 milhões de toneladas em abril, 16,4% acima do exportado no mês anterior, mas 1,7% inferior ao volume embarcado no mesmo período de 2017. O preço médio das vendas de soja em abril, de R$ 81,98/sc de 60 kg, foi o maior desde dezembro/16, 7% superior ao de março e 15% maior que o obtido em abril/17.
PREÇOS – Entre as médias de março e abril, o Indicador ESALQ/BM&FBovespa da soja Paranaguá (PR) subiu 7,7%, a R$ 85,53/saca de 60 kg no último mês – essa média mensal é a maior desde julho/16, em termos reais e, se considerado o mês de abril, esse valor é o maior desde 2014, também em termos reais. No mesmo comparativo, o Indicador CEPEA/ESALQ Paraná registrou alta de 8,1%, a R$ 79,60/sc de 60 kg em abril – também o maior valor, em termos reais, desde julho/16; considerando apenas os meses de abril, a média do mês passado é a maior desde 2014.
De março para abril, o preço médio da soja em grão subiu 7,2% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e 7,8% no de lotes (negociações entre empresas), na média das regiões acompanhadas pelo Cepea. Quanto aos derivados, no mesmo comparativo, os preços do farelo de soja avançaram 5,9% na média das regiões acompanhadas pelo Cepea.
O óleo de soja na cidade de São Paulo (com 12% de ICMS) teve alta de 2% no mesmo período, a R$ 2.711,68/tonelada na média de abril. Se comparada à média de abril de 2017, os preços do farelo e do óleo registraram altas de 44,7% e de 11,2%, respectivamente.
Na CME Group, o primeiro vencimento da soja recuou 0,2% entre março e abril, a US$ 10,3764/bushel (US$ 22,88/sc de 60 kg) no último mês. Para o óleo de soja, no mesmo comparativo, a queda foi de 1,6%, a US$ 0,3135/lp (US$ 691,11/t) na média de abril. Por outro lado, o primeiro vencimento do farelo de soja teve alta de 1,5%, com média de US$ 380,78/tonelada curta (US$ 419,73/t).