Favorecida pela maior umidade do solo, a semeadura da nova safra de soja avança no Brasil, sobretudo no Paraná, em Mato Grosso e em São Paulo. Apesar de preocupações com possíveis impactos negativos que o La Niña pode causar, especialmente no Sul do País, o clima entre agentes é de otimismo. Segundo colaboradores do Cepea, esse cenário levou parte dos agricultores a liquidar uma parcela da soja remanescente da safra 2021/22, resultando em queda nas cotações da oleaginosa no Brasil. Além disso, a ligeira desvalorização do dólar frente ao Real, que tende a deixar o produto nacional menos atrativo aos estrangeiros, também pressionou um pouco os preços domésticos – o dólar recuou 0,11% de 16 a 23 de setembro, a R$ 5,251 na sexta-feira, 23. Entre 15 e 22 de setembro, os Indicadores ESALQ/BM&FBovespa – Paranaguá (PR) e CEPEA/ESALQ – Paraná da soja recuaram 1,1% e 1,18%, com respectivos fechamentos de R$ 184,87/sc e de R$ 179,52/sc de 60 kg na sexta-feira. Vale ressaltar que as baixas internas da soja em grão foram limitadas pelo avanço dos preços externos. A colheita da oleaginosa nos Estados Unidos também se iniciou, mas as atividades estão lentas frente às últimas temporadas. Além disso, as exportações norte-americanas cresceram 52% entre as duas últimas semanas. Na parcial deste mês, os embarques de soja superaram em 81% o volume escoado na parcial de setembro de 2021.
MILHO: APESAR DA PREVISÃO DE ESTOQUES CONFORTÁVEIS, VALORES SEGUEM FIRMES
Os preços do milho estão firmes no mercado interno, influenciados pela paridade de exportação. Esse cenário é verificado mesmo diante de dados indicando estoques de passagem nacionais 20% maiores no fim da temporada 2021/22 (frente aos da safra anterior), da boa expectativa da safra verão e do atual menor interesse de consumidores domésticos. Nos portos, conforme pesquisas do Cepea, os valores também estão se sustentando, devido às elevações externas, que, por sua vez, são influenciadas por preocupações relacionadas ao conflito entre a Rússia e a Ucrânia, pela quebra de safra na União Europeia e por incertezas quanto à produtividade das lavouras que estão sendo colhidas nos Estados Unidos. A desvalorização do dólar, no entanto, impediu que os avanços nos portos fossem maiores. Inclusive, os preços nos portos operam em patamares acima dos verificados no spot nacional, contexto contrário do registrado no mesmo período do ano passado, quando compradores nacionais estavam mais ativos, e a demanda internacional, desaquecida.
MANDIOCA: MÉDIA SEMANAL TEM NOVO RECORDE NOMINAL
A combinação de demanda crescente e baixa oferta de mandioca em todas as regiões acompanhadas pelo Cepea, devido à poda da maior parte das lavouras e às chuvas – que dificultaram a colheita –, tem mantido os preços da raiz em alta. A média da última semana, inclusive, renovou o recorde nominal da série do Cepea. Entre 19 e 23 de setembro, o preço médio nominal a prazo da tonelada de mandioca posta fecularia foi de R$ 950,37 (R$ 1,6528 por grama de amido), aumento de 1,3% frente ao período anterior. Atualizada (deflacioamento pelo IGP-DI), a média semanal supera em 67,4% a do mesmo período do ano passado.
OVOS: VENDAS SE ESTABILIZAM, MAS OFERTA REDUZIDA ELEVA COTAÇÕES
As vendas de ovos seguiram estáveis no mercado atacadista nos últimos dias. No entanto, os preços subiram na maioria das regiões acompanhadas pelo Cepea. Isso porque, de acordo com pesquisadores, as cotações foram impulsionadas pela menor oferta de ovos, consequência dos descartes de poedeiras realizados por boa parte dos produtores. De 15 a 22 de setembro, a caixa com 30 dúzias de ovos brancos tipo extra, posta no atacado da Grande São Paulo, se valorizou 2,5%, indo para R$ 162,56/cx na quinta-feira, 22. Em Belo Horizonte (MG), o produto foi comercializado a R$ 164,33 no dia 22, elevação de 1,5% no mesmo período. No Rio de Janeiro (RJ), a valorização foi de 1,6%, com a caixa negociada à média de R$ 164,67 no dia 22. Para o produto vermelho, o movimento foi de alta em quase todas as praças acompanhadas, exceto na região de Santa Maria de Jetibá (ES), onde os preços recuaram 1,2% no período.