Chuvas menos volumosas nas regiões produtoras de soja favoreceram o progresso da colheita na última semana. Mesmo assim, a comercialização está mais lenta, visto que vendedores se afastaram do spot e que parte dos compradores se mostra abastecida e atenta ao cenário externo. Segundo pesquisadores do Cepea, a China, o principal destino da soja brasileira, sinaliza menor margem de esmagamento, o que, pode resultar em cancelamentos de contratos e diminuição de novas compras da oleaginosa no Brasil – agentes consultados pelo Cepea indicam que a demanda chinesa pode se deslocar aos Estados Unidos. Nesse contexto, houve aumento na disparidade entre os valores pedidos por compradores e os ofertados por vendedores, o que limitou a liquidez no spot. Inclusive, agentes consultados pelo Cepea indicam que o ritmo de negociação da safra 2021/22 está inferior ao das duas últimas safras – o que, ressalta-se, é comum diante de preço elevado.
MILHO: AUSÊNCIA DE COMPRADORES NO SPOT PRESSIONA COTAÇÕES NA MAIORIA DAS PRAÇAS
Os preços do milho recuaram novamente no mercado brasileiro na última semana, influenciados sobretudo pela ausência de compradores. Segundo colaboradores do Cepea, esses agentes buscam um direcionamento mais claro dos valores no médio prazo, o que, por sua vez, deve ser determinado pelo avanço da colheita da safra verão, por ajustes na produtividade e pelo desenvolvimento das lavouras de segunda safra. Por enquanto, a expectativa é de que, no curto prazo, a oferta seja limitada no spot nacional, devido ao baixo estoque de passagem e à quebra de produção da primeira safra – o que, inclusive, já tem limitado o recente movimento de desvalorização. Vale lembrar que os atuais valores do milho operam em patamares próximos aos verificados no início do segundo semestre de 2021, quando o clima desfavorável levou produtores a reduzirem a oferta. Entre 11 e 18 de fevereiro, o Indicador ESALQ/BM&FBovespa (Campinas – SP) registrou queda de 0,58%, fechando a R$ 96,49/sc de 60 kg na sexta-feira, 18.
MANDIOCA: DEMANDA SUPERA OFERTA, E PREÇOS SEGUEM FIRMES
As cotações da raiz de mandioca continuam firmes, com a demanda superando a oferta. De acordo com colaboradores do Cepea, a disputa pelo produto aumentou nos últimos dias, sobretudo entre firmas de regiões distintas. Além disso, fecularias também demonstram interesse em realizar compras antecipadas para entrega no médio prazo (entre seis e nove meses). Quanto à oferta de raízes prontas para a colheita, está limitada em praticamente todas as praças, reflexo da redução das áreas plantadas com mandioca nos últimos anos. Além disso, o baixo rendimento de amido das raízes é determinante para a tomada de decisão para a comercialização. Entre 14 e 18 de fevereiro, a média nominal a prazo da tonelada posta fecularia foi de R$ 718,29 (R$ 1,2492 por grama de amido), 1,6% acima da média do período anterior. Em termos reais (deflacionamento pelo IGP-DI), está 39% maior que a do mesmo período do ano passado.
OVOS: PREÇOS RENOVAM AS MÁXIMAS NOMINAIS
A oferta limitada de ovos – principalmente dos de maior tamanho – desde o fim de janeiro somada ao aquecimento da demanda na primeira quinzena de fevereiro vêm impulsionando os valores da proteína, que, nos últimos dias, renovaram os recordes nominais na série histórica do Cepea, iniciada em 2013. Segundo colaboradores do Cepea, produtores e distribuidoras não têm conseguido atender a todos os pedidos, dado o descompasso entre produção e procura. Entre 10 e 17 de fevereiro, o ovo branco tipo extra – para retirar (FOB) em Bastos (SP) – se valorizou 6,2%, cotado na média de R$ 142,90/caixa com 30 dúzias na última quinta-feira, 17. Na segunda-feira, 14, o preço da caixa renovou o recorde nominal na região, fechando a R$ 143,39. Para o vermelho vendido na mesma praça, o recorde também foi atingido no dia 14, a R$ 166,07/cx, sendo que de 10 a 17 de fevereiro, o produto se valorizou 7,4%, fechando o dia 17 a R$ 165,12/cx. Para o ovo branco posto (CIF) em Belo Horizonte (MG), a alta foi de 8,9%, com a caixa a R$ 150,69 na quinta-feira, novo recorde nominal na praça mineira. Vale lembrar que o período de quaresma – quando os preços dos ovos costumam atingir os patamares mais elevados do ano – se inicia em março, criando expectativas de novas valorizações.