Com as firmes demandas externa e doméstica, a relação estoque/consumo final em 48,55% pode ser a menor desde a temporada 2011/12, quando a produção brasileira foi de 93,73 milhões de toneladas, ou seja, 25,6% inferior à de 2019/20 (de 126 milhões de toneladas). Como há uma relação inversa entre estoque e preços, vendedores consultados pelo Cepea se afastam ainda mais do mercado, reduzindo a liquidez interna. Com o elevado volume já negociado, produtores, por sua vez, estão afastados das vendas, elevando a disparidade entre os valores pedidos por vendedores e ofertados por compradores. Esse cenário vem limitando a liquidez e sustentando os valores do grão. Entre 10 e 17 de julho, o Indicador ESALQ/BM&FBovespa da soja Paranaguá (PR) subiu 0,12%, indo para R$ 116,00/saca de 60 kg na sexta. Já o Indicador CEPEA/ESALQ Paraná recuou 0,6% no mesmo comparativo, a R$ 108,54/saca de 60 kg também na sexta.
MILHO: QUEDA INTERNACIONAL E AVANÇO DA COLHEITA LIMITAM ALTA NOS PREÇOS
O avanço na colheita da segunda safra brasileira e as quedas nos preços internacionais e na região dos portos frearam o ritmo de alta nos valores do milho em muitas praças acompanhadas pelo Cepea. Vale lembrar que, até então, a valorização nos portos vinha sustentando os preços domésticos. No geral, compradores consultados pelo Cepea estiveram mais ativos nas aquisições apenas no início da semana, no intuito de esperar uma maior entrada de lotes da segunda safra. Muitos também estão recebendo o milho negociado antecipadamente. Do lado vendedor, os recuos externos e do dólar reduziram o interesse em negociar lotes para exportação. No geral, esses agentes priorizam o cumprimento de contratos, atentos à paridade de exportação. Diante disso, as negociações têm sido pontuais. Na região de Campinas (SP), consumidores seguem relatando dificuldade logísticas e/ou atraso em algumas entregas. Entre 10 e 17 de julho, o Indicador ESALQ/BM&FBovespa fechou a R$ 49,43/saca de 60 kg na sexta, 17, queda de 1,5% em relação ao dia 10. Porém, no acumulado do mês, os preços ainda sobem 1,8%.
MANDIOCA: OFERTA AUMENTA E MOVIMENTO DE ALTA SE ENFRAQUECE
Após finalizar o plantio da safra 2020/2021, parte dos mandiocultores voltou a comercializar quantidade maiores de mandioca, inclusive de 1° ciclo, aumentando a oferta da raiz, cenário que limitou a alta das cotações. Do lado da demanda, segue firme, com aumento na moagem na maior parte das fecularias. Com a finalização do plantio, a oferta deve se elevar ainda mais nas próximas semanas. Porém, vale ressaltar que são poucas as lavouras a serem colhidas, visto que outras já foram podadas e devem abastecer o mercado somente no último trimestre deste ano. Por outro lado, com estoques altos, uma parcela, ainda que pequena, de fecularias e farinheiras deve diminuir a moagem. Caso isso ocorra com maior intensidade, os preços da mandioca podem cair.
OVOS: PODER DE COMPRA DE AVICULTOR DE POSTURA DIMINUI EM JULHO
Com a queda nas cotações dos ovos e os preços elevados dos principais insumos consumidos na avicultura de postura, milho e farelo de soja, o poder de compra dos avicultores consultados pelo Cepea diminuiu em julho. Dessa forma, para os produtores da região de Bastos (SP), a relação de troca de ovos por esses insumos em julho é a pior para o mês em toda a série história do Cepea, iniciada em 2013. As cotações dos ovos voltaram a subir, impulsionadas pelo tradicional aumento da demanda na primeira quinzena do mês. Para o milho, segundo levantamento da Equipe Grãos/Cepea, apesar do avanço da colheita da segunda safra em boa parte das regiões, vendedores têm limitado a oferta do cereal no mercado, enquanto demandantes se mostram interessados.