A desvalorização do dólar frente ao Real e a queda dos preços futuros na CME Group (Bolsa de Chicago) pressionaram as cotações da soja no Brasil nos últimos dias. Esse cenário, atrelado a preocupações com o clima nos Estados Unidos, afastou agentes do mercado. Segundo pesquisadores do Cepea, compradores e vendedores brasileiros seguem atentos ao semeio da oleaginosa nos Estados Unidos. Conforme dados do USDA (Departamento de Agricultura Norte-Americano), entre 26 de maio e 2 de junho, o semeio avançou 10 p.p., atingindo 39% do total da área esperada, bem abaixo dos 86% do mesmo período de 2018 e dos 79% da média dos últimos cinco anos. Vale lembrar que o período considerado ideal para o cultivo de soja nos EUA se aproxima do fim, fator que pode limitar a produtividade naquele país. O Indicador ESALQ/BM&FBovespa da soja Paranaguá (PR) recuou 1,2% entre 31 de maio e 7 de junho, indo para R$ 81,54/saca de 60 kg na sexta-feira, 7. No mesmo comparativo, o Indicador CEPEA/ESALQ Paraná caiu 1,9%, a R$ 75,65/sc de 60 kg no dia 7. O dólar se desvalorizou 1,4% no período, a R$ 3,872 na sexta.
MILHO: DEMANDA SE ENFRAQUECE E PREÇOS RECUAM
Após o forte movimento de alta dos preços na segunda quinzena de maio, o enfraquecimento da demanda tem limitado as elevações neste início de junho – ou até mesmo pressionado os valores – em algumas regiões. Segundo colaboradores do Cepea, compradores se mostram abastecidos e, por isso, postergam novos negócios, à espera da entrada efetiva do milho da segunda safra. Do lado da oferta, o avanço da colheita nas principais regiões produtoras eleva a disponibilidade interna e pressiona as cotações. Alguns vendedores, no entanto, aguardam maior definição sobre a safra norte-americana – diante do atraso no semeio de milho nos Estados Unidos, esses vendedores mantêm a expectativa de aumento das exportações brasileiras e, consequentemente, de novas reações nos preços internos. Entre 31 de maio e 7 de junho, o Indicador ESALQ/BM&FBovespa, região de Campinas (SP), recuo de 3,5%, fechando a R$ 37,19/saca de 60 kg na sexta-feira, 7.
MANDIOCA: MAIOR INTERESSE DE VENDA MANTÉM VALORES EM BAIXA
As cotações de mandioca seguiram em baixos patamares por mais uma semana em todas as regiões acompanhadas pelo Cepea, refletindo o maior interesse de produtores pela colheita e negociação da raiz devido à necessidade de caixa, principalmente para os desembolsos com os arrendamentos. Além disso, muitos agricultores consultados pelo Cepea ressaltam que o maior rendimento de amido também pesa a favor da decisão de negociar, apesar da menor produtividade das lavouras de 1 ciclo, que são a maior parte do produto disponível. Ao mesmo tempo, devido à lentidão no mercado de derivados, parte da indústria de fécula tem limitado a moagem. Nesse cenário, o valor médio nominal a prazo para a tonelada de mandioca posta fecularia entre 3 e 7 de junho foi de R$ 303,28 (R$ 0,5275 por grama de amido), recuo de 1,6% frente à média do período anterior. Em quatro semanas, o preço acumula queda de 4,9%.
BANANA: COM MENOR OFERTA, PREÇO DA NANICA SOBE 45% EM SP
As fortes chuvas que atingiram o Vale do Ribeira (SP) no final de maio reduziram o volume de bananas nanica nas roças nos últimos dias, o que impulsionou as cotações. Entre 3 e 7 de junho, o preço da variedade teve média de R$ 1,00/kg na praça paulista, 45% superior à da semana anterior. Apesar da menor disponibilidade e da boa qualidade da nanica, colaboradores do Hortifruti/Cepea relatam que o mercado não tem conseguido absorver todo o volume ofertado, o que limitou a valorização da fruta. Além disso, outras regiões dispõem de nanicas com qualidade similar e preços mais baixos – em Bom Jesus da Lapa (BA), por exemplo, a liquidez elevada impulsionou as cotações em 60% no período, para a média de R$ 0,80/kg.