A valorização do dólar frente ao Real no acumulado de fevereiro atraiu compradores de soja para o Brasil. No entanto, as negociações foram limitadas pelo baixo interesse de venda por parte de produtores, que estão com as atenções voltadas aos trabalhos de campo e às entregas de contratos. Além dos compradores externos, algumas indústrias brasileiras já sinalizam necessidade de adquirir novos lotes de soja para abastecer os estoques. Esse cenário impulsionou os prêmios de soja no Brasil, que, por sua vez, influenciaram as altas nos preços do grão no mercado doméstico. Entre 31 de janeiro e 15 de fevereiro, o Indicador ESALQ/BM&FBovespa da soja Paranaguá (PR) subiu 1%, indo para R$ 77,83/sc de 60 kg na sexta-feira, 15. No mesmo comparativo, o Indicador CEPEA/ESALQ Paraná teve alta de 0,5%, a R$ 72,62/sc de 60 kg. A moeda norte-americana se valorizou 1,45% no mesmo período, a R$ 3,704 na sexta. A alta nos preços do grão, no entanto, foi limitada pela baixa demanda por derivados. Alguns avicultores e suinocultores têm reduzido as aquisições do farelo, e fábricas de ração sinalizam diminuição nas vendas. No mercado interno, a retração de produtores continua atrelada às incertezas quanto ao volume a ser colhido nesta safra (2018/19), devido ao clima desfavorável no período crítico de desenvolvimento dos grãos.
MILHO: DEMANDA FIRME E RECUO VENDEDOR SUSTENTAM ALTAS
Compradores de milho vêm, aos poucos, retomando as negociações, visto que sinalizam ter estoques mais curtos para as próximas semanas. Já vendedores seguem retraídos, fundamentados na redução da oferta e em dificuldades logísticas – na semana passada, a Conab divulgou novos números para a temporada 2018/19 que reforçam a queda na produção da safra de verão e o aumento da estimativa de produção para a segunda safra. Este cenário de demanda firme e retração vendedora têm mantido as cotações em alta. Conforme colaboradores do Cepea, os valores estão em elevação na maior parte das regiões brasileiras, exceto no Rio Grande do Sul, onde a safra de verão é mais representativa e a colheita vem ocorrendo de maneira satisfatória. Além da retração de produtores dos estados de São Paulo e Santa Catarina, produtores do Centro-Oeste, que vinham ofertando volumes maiores até as semanas anteriores, já têm limitado os lotes e/ou aumentado o valor de venda. Assim, entre 8 e 15 de fevereiro, o Indicador ESALQ/BM&FBovespa (Campinas-SP) subiu 2,8%, fechando a R$ 41,10/sc de 60 kg na sexta-feira, 15. No acumulado do mês, a alta é de 4,5%.
MANDIOCA: OFERTA REDUZIDA ELEVA COTAÇÕES
O preço médio da mandioca subiu nos últimos dias, impulsionado, principalmente, pela menor oferta. Como a comercialização de mandiocas mais novas foi maior no ano passado, a disponibilidade de raízes com mais de 1 ciclo tem sido baixa em todas as regiões acompanhadas pelo Cepea. Além disso, chuvas atrapalharam ou até mesmo interromperam os trabalhos de campo, ajudando a reduzir a oferta. A demanda, por sua vez, continuou crescendo, devido à necessidade de repor estoques ou atender aos segmentos consumidores – fecularias, inclusive, intensificaram as aquisições de raízes de áreas mais distantes, acirrando a disputa pelo produto entre empresas. Assim, entre 11 e 15 de fevereiro, o preço médio semanal a prazo da tonelada de mandioca posta fecularia foi de R$ 375,34 (R$ 0,6528 por grama de amido na balança hidrostática de 5 kg), 1% maior que o da semana anterior. Na primeira quinzena de fevereiro, o valor médio da matéria-prima foi 4,6% maior que o de janeiro, em termos nominais.
CEBOLA: CEBOLAS DO SUL PERDEM COMPETITIVIDADE NO ATACADO
As cebolas do Sul do País registraram leve aumento de preços nos últimos dias. No entanto, esses bulbos têm sido menos procurados do que aqueles produzidos em Irecê (BA) e na Argentina, devido à qualidade. Segundo colaboradores do Hortifruti/Cepea, as cebolas sulistas têm apresentado qualidade diversificada, com menores preços e comercialização verificados para as unidades de menor qualidade. Atualmente, a maior parte da cebola oferecida no atacado é catarinense, visto que as safras do Rio Grande do Sul e do Paraná já estão se encerrando. Já as ofertas de bulbos de Irecê e da Argentina no mercado paulista ainda é baixa. Assim, entre 11 e 15 de fevereiro, a saca de 20 kg da cebola produzida em Ituporanga (SC) teve preço médio de R$ 50,60 na Ceagesp, 3,8% maior do que no período anterior. Para a hortaliça produzida na Argentina, o valor médio da saca foi de R$ 60,00. As cotações das cebolas do Sul devem seguir recuando, já que a entrada de bulbos argentinos no Brasil deve aumentar até o final deste mês.