O prêmio de exportação de soja atingiu patamar recorde em julho no Brasil, considerando-se este mês, desde o início da série histórica, em 2004. Isso porque a demanda mundial está crescente, gerando expectativas de que o Brasil siga na liderança da exportação global da oleaginosa. Embora a China tenha anunciado possível redução no consumo de soja, outros países tendem a elevar as importações, resultando em recorde nas transações mundiais do grão na temporada 2018/19, estimadas em 154,35 milhões de toneladas pelo USDA.
Como reflexo da maior demanda, que já está aquecida desde o início deste ano, o prêmio de exportação de soja em Paranaguá (PR), com embarque em agosto/18, disparou em julho, com o vendedor chegando a ofertar US$ 2,65/bushel em meados do mês. No mesmo período do ano passado, o contrato Agosto/17 tinha vendedor a 58 centavos de dólar por bushel. O FOB para embarque em agosto/18 da soja avançou 8,1% no mês, a US$ 25,08/saca de 60 kg no dia 31.
Nesse cenário, parte de produtores liquidou alguns lotes em dias de altas mais significativas nos preços brasileiros, mas se retraiu logo em seguida. A maior parte dos sojicultores tem intenção de fazer contratos com entrega entre setembro e novembro, período de especulação sobre a safra brasileira e quando as oportunidades de vendas podem ser melhores. Já compradores seguem cautelosos nas aquisições, fechando apenas pequenos contratos para completar cargas.
Por outro lado, as exportações estiveram intensas em julho, atingindo novos recordes tanto para o grão quanto para os derivados quando considerado o mesmo mês de anos anteriores. Esse cenário foi impulsionado pela valorização do dólar, que torna o grão brasileiro mais atrativo no mercado externo e também pela crise comercial entre os Estados Unidos e a China. O dólar se valorizou 1,2% sobre o Real na comparação com a média de junho, a R$ 3,8270 em julho.
Mesmo com os problemas logísticos que o País ainda enfrenta desde a greve dos caminhoneiros em maio, o Brasil embarcou 10,2 milhões de toneladas de soja em grão em julho, volume 2,2% inferior ao de junho, mas 46,6% superior ao de julho/17, segundo dados da Secex. Este volume é recorde para o mês de julho, se considerada toda a série histórica. Na parcial do ano (de janeiro a julho), o País enviou aos países estrangeiros 56,46 milhões de toneladas do grão, 78,43% do volume estimado pela Conab para todo o ano, de 72 milhões de toneladas.
As exportações de farelo de soja também foram recordes para um mês de julho, totalizando 1,73 milhão de toneladas. Este volume é 10,9% superior ao embarcado em junho e 49,6% maior que o de julho/17. Na parcial do ano, dados da Secex indicam que o Brasil exportou 10,3 milhões de toneladas do derivado, volume correspondente a 62,43% dos 16,5 milhões de toneladas estimadas pela Conab.
Para o óleo de soja, o volume vendido no mercado internacional foi 67,3% superior ao de junho e 53,6% maior que o de julho/17, somando 210,9 mil toneladas, ainda conforme a Secex. De janeiro a julho de 2018, o Brasil embarcou 907,31 mil toneladas de óleo de soja, 62,57% do previsto pela Conab para ser exportado pelo Brasil até dezembro.
Na última semana de julho, no entanto, a liquidez esteve baixa, com vendedores optando por fixar contratos para os meses de setembro e outubro. Se comparadas as médias de junho e julho, o Indicador ESALQ/BM&FBovespa da soja Paranaguá (PR) registrou alta de 4,1%, a R$ 88,29/saca de 60 kg. O Indicador CEPEA/ESALQ Paraná avançou 4,5%, a R$ 81,97/sc de 60 kg na média de julho.
Na média das regiões acompanhadas pelo Cepea, as cotações da oleaginosa subiram 4,1% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e 4,5% no de lotes (negociações entre empresas) entre junho e julho.
Quanto aos derivados, com a alta do grão, indústrias brasileiras relatam dificuldades nas aquisições, limitando o volume de esmagamento. Consequentemente, houve redução na oferta dos derivados, em um cenário de dificuldade na transação de produtos de um estado para o outro, visto que a tabela de frete mínimo ainda não foi definida.
Os preços do farelo de soja recuaram 2,9% de um mês para o outro na média das regiões acompanhadas pelo Cepea. Para o óleo de soja na cidade de São Paulo (com 12% de ICMS), por outro lado, houve valorização de 0,3% no mesmo comparativo, a R$ 2.737,29/tonelada na média de julho.
Mesmo com o cenário nacional altista, a valorização do complexo soja no Brasil foi limitada pela queda dos contratos futuros na CME Group que, por sua vez, foram pressionados por estimativas de menor demanda externa e pela expectativa de que os Estados Unidos aumentem a pressão sobre a China.
Entre junho e julho, o primeiro vencimento da soja (Jul/18) caiu expressivos 8,1%, a US$ 8,5065/bushel (US$ 18,75/sc de 60 kg) no último mês. No mesmo comparativo, o contrato de mesmo vencimento do óleo de soja cedeu 5,1%, a US$ 0,2831/lp (US$ 654,15/t). Os futuros de farelo de soja recuaram 4,3% entre os dois últimos meses, a US$ 331,24/tonelada curta (US$ 365,13/t).