Os preços da soja subiram no mercado brasileiro em março, especialmente na última semana do mês, quando o dólar chegou a operar acima dos R$ 4,00. Esse cenário incentivou novas vendas, que, vale lembrar, vinham acontecendo em ritmo lento desde o início do ano. O movimento altista se deve também às fortes demandas externa e de indústrias brasileiras. A alta nos preços domésticos, no entanto, foi limitada pela significativa desvalorização nos valores internacionais.
Em março, o Indicador ESALQ/BM&FBovespa da soja Paranaguá (PR) avançou 0,7% e o Indicador CEPEA/ESALQ Paraná subiu 0,3%, ambos frente a fevereiro, com médias de R$ 78,29/sc de 60 kg e R$ 73,02/sc de 60 kg, respectivamente. No mesmo comparativo, o dólar se valorizou 3,3%, com média mensal de R$ 3,8471 – no dia 27, o dólar atingiu R$ 3,95, o maior patamar desde 2 de outubro de 2018.
Na média das regiões acompanhadas pelo Cepea, as cotações da oleaginosa subiram 1,2% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e 0,9% no de lotes (negociações entre empresas) entre fevereiro e março.
A forte desvalorização do Real frente ao dólar impulsionou o ritmo de negócios envolvendo a soja no mercado brasileiro em março. Mas, vale ressaltar que sojicultores ainda preferiram aguardar a finalização da colheita brasileira para fechar maiores negócios, diante das grandes diferenças na produtividade doméstica.
Nesse cenário, muitas processadoras brasileiras de soja tiveram dificuldades em fechar contratos para a compra do grão ao longo do mês, tanto para o curto quanto para o médio prazos, devido à retração de vendedores em grande parte do período. Segundo representantes de indústrias consultados pelo Cepea, a disparidade entre as ofertas de compradores e os pedidos de vendedores, que chegou a 5 reais/saca de 60 kg, limitou os fechamentos. Vale ressaltar que o produto processado nos meses de fevereiro e março foi negociado ainda em 2018.
As dificuldades foram relatadas de forma mais expressiva por agentes de estados onde a capacidade de esmagamento apresenta maior representatividade sobre a produção, como em Santa Catarina, e também por aqueles que têm necessidade de adquirir o produto de outros estados, como é o caso de São Paulo. No entanto, esses estados demandantes estão em desvantagem, visto que acabam competindo pelo produto a ser exportado, que tem isenção de impostos, enquanto as transações entre estados não são isentas.
DERIVADOS – As vendas de farelo e óleo de soja também diminuíram em março, uma vez que compradores dos segmentos de ração, aves e principalmente de suínos demonstram estar abastecidos. Entretanto, muitos desses agentes sinalizam a necessidade de novas compras a partir do início de abril.
Entre fevereiro e março, os preços do farelo de soja recuaram 1,2% na média das regiões acompanhadas pelo Cepea. Para o óleo de soja, na cidade de São Paulo (com 12% de ICMS), houve queda de 1,7% no mesmo comparativo, com média de R$ 2.745,75/tonelada em março.
Vale ressaltar que, especificamente na última semana do mês, com o aumento nos preços da matéria-prima, os subprodutos da oleaginosa registraram leve reação. Enquanto a demanda por óleo de soja enfraqueceu, compradores de farelo de soja começaram a se preocupar em renovar os estoques.
INTERNACIONAL – Na CME Group (Bolsa de Chicago), os contratos futuros chegaram a ser negociados abaixo dos US$ 9,00/bushel em março, devido à valorização do dólar no mercado internacional, que torna os produtos norte-americanos menos atrativos aos importadores. Além disso, a baixa também esteve atrelada aos elevados estoques norte-americanos e à maior oferta na América do Sul.
Quanto aos futuros, na CME Group (Bolsa de Chicago) entre fevereiro e março, o primeiro vencimento da soja recuou 1,6%, a US$ 8,9604/bushel (US$ 19,75/sc de 60 kg) em março. No mesmo comparativo, o contrato de mesmo vencimento do óleo de soja teve queda de 3,2%, a US$ 0,2926/lp (US$ 645,07/t). Quanto ao farelo de soja, houve baixa de 0,1% entre os dois últimos meses, a US$ 306,28/tonelada curta (US$ 337,61/t).