Os preços da soja oscilaram com certa força ao longo de maio. Nos momentos de baixa, os valores foram influenciados pelo clima favorável ao cultivo nos Estados Unidos, pelo avanço da colheita na Argentina, pela finalização das atividades de campo no Brasil e pela queda cambial (US$/R$). Já a valorização esteve atrelada aos baixos estoques norte-americanos da oleaginosa e à retração de produtores brasileiros em comercializar novos lotes no spot, dado o elevado volume já comercializado da safra 2020/21. Segundo dados da Secex, em maio, o Brasil exportou 16,40 milhões de toneladas de soja em grão, a maior quantidade para esse mês, apesar do recuo de 5,64% frente a abril. Na parcial deste ano (de janeiro a maio), o Brasil embarcou 49,46 milhões de toneladas de soja, 7,42% superior ao negociado no mesmo período do ano passado e um recorde quando comparado ao mesmo período de anos anteriores.
O Indicador ESALQ/BM&FBovespa – Paranaguá cedeu ligeiro 0,4% entre abril e maio, com média de R$ 176,39/sc de 60 kg no último mês. Na comparação com maio de 2020, no entanto, verifica-se forte avanço de 59,8%, em termos nominais. Em maio, o Indicador CEPEA/ESALQ Paraná registrou média recorde nominal da série do Cepea (iniciada em jul/97), a R$ 171,36/sc de 60 kg, com aumentos de 0,3% na comparação mensal e de expressivos 65,8% na anual. Na média das regiões acompanhadas pelo Cepea, entre abril e maio, os avanços nas médias são de 0,4% no balcão e 1,4% no mercado de lotes. As médias atuais estão 86,8% e 83,9%, respectivamente, superiores às verificadas há um ano. Já o dólar se desvalorizou expressivos 4,9% entre as médias de abril e maio e 6,1% entre maio/20 e maio/21, a R$ 5,2931 no último mês.
DERIVADOS – Quanto ao óleo de soja, as expectativas são de menor demanda para a produção de biodiesel no quarto bimestre deste ano, fundamentadas na decisão do governo federal de manter a redução da mistura obrigatória do biodiesel ao óleo diesel em 10% (B10). Mesmo assim, o setor alimentício encontrou dificuldades nas compras do derivado da soja no decorrer de maio, resultando em alta nos preços no mercado doméstico. Na cidade de São Paulo, o óleo de soja com 12% de ICMS incluso se valorizou 2,8% entre abril e maio, com média a R$ 7.638,50/tonelada em maio – valor recorde nominal da série do Cepea, iniciada em jul/98. Ressalta-se que, no último mês, os preços do óleo de soja mais que dobraram em comparação com o mesmo período de 2020. Já os preços do farelo caíram no mercado brasileiro, pressionados pela baixa demanda doméstica. Em praticamente todo o mês, consumidores receberam lotes de contratos realizados no início deste ano. Com isso, na média das regiões acompanhadas pelo Cepea, os preços do farelo caíram 0,9% entre abril e de maio. Entretanto, no último mês, os preços estiveram 42,3% superiores à média de maio/20.
MERCADO INTERNACIONAL – Os futuros da soja na CME Group (Bolsa de Chicago) registraram os maiores patamares nominais desde setembro/12, chegando a operar acima dos US$ 16,00/bushel no decorrer de maio. Essa alta se deve às expectativas de maior consumo de soja nos Estados Unidos e aos baixos estoques naquele país (que devem ser os menores dos últimos sete anos). O primeiro vencimento da soja registrou alta de 7,3% de um mês para o outro, a US$ 15,7224/bushel (US$ 34,66/sc de 60 kg). Segundo o relatório de inspeção e exportação do USDA, os Estados Unidos embarcaram 56,43 milhões de toneladas de soja de setembro/20 a maio/21, expressivos 58,88% superior ao volume exportado em igual período da temporada anterior. A alta dos futuros se deve também ao forte aumento na demanda dos EUA por óleo de soja, especialmente para a produção de biodiesel. O primeiro vencimento do óleo se valorizou expressivos 15% entre abril e maio, com preço médio de US$ US$ 0,6697/lp (US$ 1.476,38/tonelada). Quanto ao farelo de soja, a alta mensal foi de 1%, para US$ 415,55/tonelada curta (US$ 458,06/t). As atenções se voltaram para a temporada 2021/22 no Hemisfério Norte. A área de cultivo de soja nos Estados Unidos deve ser a maior das últimas três temporadas. De acordo com o USDA, a semeadura de soja alcançou 84% da área prevista até o dia 30 de maio, acima dos 74% cultivados há um ano.