A valorização expressiva do dólar frente ao Real (que fechou a R$ 4,16 no dia 30, o maior valor desde o início do plano Real, em termos nominais), o maior interesse chinês pela oleaginosa brasileira e a redução no estoque nacional de passagem impulsionaram os preços internos da soja em agosto e elevaram a liquidez nos portos.
Na última semana do mês, os preços de soja voltaram a ser ofertados acima dos R$ 92,00/sc de 60 kg no porto de Paranaguá (PR) e dos R$ 85,50/sc nas regiões paranaenses, os maiores patamares desde julho/16, em termos reais (IGP-DI de julho/18). Segundo dados da Secex, os embarques brasileiros foram recordes em agosto, quando considerado o mesmo mês de anos anteriores, totalizando 8,13 milhões de toneladas.
A alta, no entanto, foi limitada pela diminuição nos prêmios de exportação no Brasil, que caíram diante das expectativas de safra recorde nos Estados Unidos e da redução na demanda doméstica. Porém, vale ressaltar que os prêmios ainda seguem em patamares elevados.
As negociações no mercado interno, no entanto, estiveram lentas. Do lado vendedor, sojicultores estiveram atentos ao câmbio e também ao menor excedente interno, se retraindo do mercado, na expectativa de elevação nos valores nos próximos dias. Parte dos produtores acredita que o cenário altista verificado no ano passado justamente no período de entrada da safra possa se repetir nesta temporada e, com isso, mantiveram o grão em estoque.
Com o menor excedente interno da safra 2017/18 e a baixa oferta de caminhões, muitos sojicultores têm estocado a oleaginosa, visando negociá-la a partir de outubro, mês que sinaliza a paridade de exportação mais atrativa, apesar da colheita norteamericana. Além disso, colaboradores do Cepea relatam que a logística para entrega em setembro já está praticamente contratada. O avanço da colheita do milho segunda safra também aumenta a disputa por transporte.
Do lado da demanda, muitas indústrias estão saindo do mercado para realizar manutenção, enquanto as ativas reduzem o ritmo de compra de grãos. Nestes casos, mostram dificuldades no repasse das valorizações dos grãos aos derivados, especialmente devido ao fraco desempenho dos setores de aves e suínos, que vem limitando as aquisições de farelo. Os altos valores dos fretes também influenciam a diminuição nas transações nacionais.
Nesse cenário, se comparadas as médias de julho e agosto, o Indicador ESALQ/BM&FBovespa da soja Paranaguá (PR) registrou alta de 1,8%, com média de R$ 89,91/saca de 60kg. O Indicador CEPEA/ESALQ Paraná avançou 2%, a R$ 83,64/sc de 60 kg em agosto.
Na média das regiões acompanhadas pelo Cepea, as cotações da oleaginosa subiram 2,4% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e 2,2% no de lotes (negociações entre empresas) entre julho e agosto.
As negociações de farelo e óleo de soja ocorreram em ritmo lento. Os preços do farelo de soja recuaram 1,6% entre julho e agosto na média das regiões acompanhadas pelo Cepea. Para o óleo de soja na cidade de São Paulo (com 12% de ICMS), houve valorização de 0,7% no mesmo comparativo, a R$ 2.757,12/tonelada na média de agosto.
Na CME Group (Bolsa de Chicago), os futuros da soja foram sustentados pela piora da qualidade das lavouras norteamericanas no decorrer do mês, que motivou traders a elevarem as aquisições de contratos. Expectativas de maior demanda da União Europeia e do México pelo produto dos Estados Unidos também sustentaram as cotações. As altas, contudo, foram limitadas pela tensão comercial entre Estados Unidos e China, que prejudica as vendas norte-americanas, e por expectativas de safra recorde nos EUA.
Entre julho e agosto, o primeiro vencimento da soja (Set/18) subiu 1,3%, a US$ 8,6180/bushel (US$ 19,00/sc de 60 kg) no último mês. No mesmo comparativo, o contrato de mesmo vencimento do óleo de soja cedeu 0,2%, a US$ 0,2826/lp (US$ 623,05/t). Os futuros de farelo de soja, por sua vez, recuaram 2,5% entre os dois últimos meses, a US$ 323,08/tonelada curta (US$ 356,13/t).