A temporada brasileira 2020/21 avança com preços médios da soja operando em níveis recordes reais em algumas praças. Considerando-se a média das regiões acompanhadas pelo Cepea, de outubro/19 para outubro/20, o valor da soja pago ao produtor (balcão) subiu 88% e o de negócios entre empresas (lote), 94%, em termos nominais. Pesquisadores do Cepea indicam que a sustentação inicial veio das firmes demandas interna e externa e da forte valorização do dólar frente ao Real, que tornou a exportação atrativa. Com fluxo crescente de embarques, os estoques domésticos estão baixos. Agora, pesquisadores do Cepea indicam que o atual semeio da safra 2020/21 em ritmo mais lento que em anos anteriores tem elevado as incertezas quanto ao volume a ser colhido, ao mesmo tempo em que as vendas antecipadas desta temporada estão em ritmo acelerado. Com isso, vendedores seguem resistentes em fechar novos negócios, seja envolvendo o grão remanescente da safra 2019/20 ou da nova.
MILHO: INDICADOR OPERA EM PATAMAR RECORDE REAL
No encerramento de outubro, o Indicador ESALQ/BM&FBovespa (região de Campinas – SP) do milho chegou à casa dos R$ 82,00/saca de 60 kg, recorde real da série diária do Cepea, iniciada em agosto de 2004 (os valores diários foram deflacionados pelo IGP-DI de setembro/2020). No dia 30, o Indicador fechou a R$ 81,89/saca, forte aumento de 28,7% no acumulado de outubro. Segundo pesquisadores do Cepea, a sustentação para o movimento de avanço – que segue firme há sete semanas – vem da demanda aquecida, do alto preço internacional e do dólar valorizado, estes dois últimos fatores que mantêm a paridade de exportação elevada. Muitos compradores consultados pelo Cepea, especialmente de São Paulo e do Rio Grande do Sul, relatam dificuldades em negociar grandes volumes. No Centro-Oeste, mesmo com a safra maior, vendedores seguem retraídos, atentos ao bom ritmo de exportação do cereal. Neste contexto, a comercialização segue lenta na maior parte das regiões acompanhadas pelo Cepea.
MANDIOCA: BAIXA OFERTA LIMITA QUEDAS NOS PREÇOS
Mesmo com o retorno das chuvas em parte das regiões acompanhadas pelo Cepea na semana passada, apenas produtores com interesse em liberar áreas retomaram a colheita. Muitos desses agentes diminuíram as entregas em razão da menor rentabilidade, que tem sido cada vez mais afetada pelo rendimento de amido. Assim, essa menor oferta limitou as quedas nos valores do produto. Entre 26 e 30 de outubro, o valor médio nominal a prazo da tonelada de mandioca posta fecularia foi de R$ 491,73 (R$ 0,8552 por grama de amido, na balança hidrostática de 5 kg), baixa de 1,7% frente à média do período anterior.
OVOS: MENOR OFERTA DE OVOS GRANDES IMPULSIONA PREÇOS EM OUTUBRO
As altas temperaturas registradas nas principais regiões produtoras de ovos afetaram a produção em outubro, uma vez que elevaram a oferta de ovos menores frente à dos tipos extra e jumbo. Segundo pesquisadores do Cepea, com a menor disponibilidade, as cotações dos ovos tipo extra se elevaram no último mês, atingindo a maior média mensal desde junho deste ano. Além do efeito direto e imediato no tamanho dos produtos, o forte calor também resultou na mortalidade de muitas poedeiras. Agentes consultados pelo Cepea indicam que milhares de galinhas morreram devido às altas temperaturas, principalmente durante a primeira quinzena do mês, o que tende a reduzir a produção e gerar reflexos ao setor tanto no curto quanto no médio prazo.