Os preços da soja apresentaram comportamentos distintos em junho. Nas primeiras semanas do mês, as cotações externas e domésticas caíram com força – no Brasil, os valores voltaram a operar nos patamares nominais observados em janeiro deste ano. A pressão veio do clima favorável à safra de soja nos Estados Unidos, da melhora nas condições das lavouras do país norte-americano e de especulações indicando menor demanda pela oleaginosa por parte da China – que tem estoques alongados. Já nos últimos dias do mês, os valores da soja voltaram a subir no Brasil, impulsionados por dados do USDA indicando área plantada nos Estados Unidos e estoques abaixo do esperado por agentes.
Apesar da reação nos preços no encerramento de junho, o comportamento de baixa prevaleceu. Com isso, considerando-se a média das regiões acompanhadas pelo Cepea, de maio para junho, foram observadas quedas de de 8,7% no mercado de balcão e de 8,6% no de lotes. Porém, as médias de junho ainda estiveram 57,4% e 53,4%, respectivamente, acima das verificadas no mesmo mês de 2020, em termos nominais. Já o dólar se desvalorizou expressivos 5,1% entre as médias de maio e junho, a R$ 5,0243 no último mês. O Indicador ESALQ/BM&FBovespa – Paranaguá cedeu 8,2% entre maio e junho, com média de R$ 161,96/sc de 60 kg no último mês. Na comparação com junho de 2020, no entanto, verifica-se forte avanço de 47,6%, em termos nominais. O Indicador CEPEA/ESALQ Paraná teve média de R$ 157,16/sc de 60 kg em junho, 8,3% inferior à de maio, mas 51,9% acima da de junho/20, em termos nominais.
DERIVADOS – Além da pressão vinda da queda do preço da soja no Brasil e no mercado externo, as desvalorizações internas dos derivados também foram influenciadas pelo encerramento da colheita na Argentina (principal exportadora global de farelo e de óleo de soja). Segundo a Bolsa de Buenos Aires, o esmagamento de soja na Argentina deve somar 41 milhões de toneladas na safra 2020/21, o que seria 8% superior ao reportado no relatório anterior. No Brasil, a demanda doméstica por farelo de soja esteve mais aquecida em junho, mas a oferta ainda se sobressaiu à demanda. Com isso, consumidores relataram facilidade nas aquisições do derivado, mas não mostraram interesse em fazer estoques longos, na expectativa de preços menores nos próximos dias. Na média das regiões acompanhadas pelo Cepea, os valores do farelo de soja caíram 6,5% entre maio e junho. Quanto ao óleo de soja, a desvalorização esteve atrelada à menor demanda doméstica, especialmente pelo setor de biodiesel. Vale lembrar que a mistura obrigatória de biodiesel ao óleo diesel fóssil está em 10% (B10), contra 13% (B13) no primeiro trimestre deste ano. Na cidade de São Paulo, o óleo de soja (com 12% de ICMS incluso) teve média de R$ 6.990,82/tonelada em junho, forte queda de 8,5% frente à de maio.
MERCADO INTERNACIONAL – De acordo com o relatório do USDA divulgado no dia 30 de junho, a área plantada de soja para 2021 foi estimada em 35,45 milhões de hectares, avanço de 5% em relação ao ano passado. Apesar desse acréscimo, agentes de mercado aguardavam área acima de 36 milhões de hectares. Quanto aos estoques de soja, a estimativas indicaram que, em 1º de junho de 2021, eram 20,88 milhões de toneladas, contra 37,62 milhões de toneladas no mesmo período do ano passado, queda de 44%. Com o plantio finalizado nos Estados Unidos, o USDA relatou que 60% da safra apresentava condição boa ou excelente até o dia 27 de junho, sem mudança em relação ao relatório anterior, mas atrás do verificado no mesmo período do ano passado (71%). Na CME Group (Bolsa de Chicago), o contrato Jul/21 da soja caiu 5,3% entre 28 de maio e 30 de junho, indo para US$ 14,50/bushel (US$ 31,97/sc de 60 kg) no dia 30. A média de junho, de US$ 14,6244/bushel (US$ 32,24/sc de 60 kg), ficou 7% inferior à de maio, mas 68,6% acima da de junho/20. Para o farelo de soja, o contrato de mesmo vencimento caiu 5,1% no acumulado de junho, a US$ 375,50/tonelada curta (US$ 413,91) no dia 30. A média mensal ficou 10% abaixo da de maio, mas 30,4% acima da de junho/20. Já para o óleo de soja, o recuo do contrato Jul/21 foi de 1% ao longo do mês, indo para US$ 0,6516/lp (US$ 1.436,52/tonelada). A média de junho esteve 2,6% inferior à de maio, mas expressivos 133,9% superior à de junho/20.