O ano de 2021 se iniciou com preços da soja em forte alta no Brasil. De acordo com pesquisadores do Cepea, o impulso vem da interrupção dos embarques na Argentina, de expectativas de menor produção no país vizinho e das valorizações externas e cambial. Em apenas uma semana, as cotações da soja chegaram a subir mais de 10 Reais/saca de 60 kg em diversas regiões brasileiras acompanhadas pelo Cepea. Pesquisadores do Cepea ressaltam que compradores externos voltaram a demandar soja do Brasil, mas o remanescente da safra nacional 2019/20 é baixo, e a colheita da temporada 2020/21 ainda está no começo – por enquanto, os trabalhos foram iniciados apenas em Mato Grosso.
MILHO: INDICADOR SOBE E SE APROXIMA DE RECORDE
Os preços internos do milho voltaram a subir com força neste início de ano. Segundo pesquisadores do Cepea, a restrição de vendedores – que estão incertos quanto à produtividade das lavouras –, o bom ritmo das exportações em dezembro e os preços elevados nos portos impulsionaram as cotações, que voltam a operar em patamares recordes. Entre 30 de dezembro e 8 de janeiro, o Indicador ESALQ/BM&FBovespa (Campinas – SP) subiu 5,02%, fechando a R$ 82,60/sc de 60 kg na sexta-feira, 8, próximo ao recorde nominal registrado em 28 de outubro de 2020, de R$ 82,67/sc.
MANDIOCA: COMERCIALIZAÇÃO AVANÇA POUCO NESTE INÍCIO DE JANEIRO
As chuvas têm sido frequentes na maioria das regiões acompanhadas pelo Cepea, ao mesmo tempo em que muitos produtores seguem fora do mercado, especialmente por conta da indefinição quanto ao comportamento dos preços. Assim, houve pouco avanço na oferta de mandioca para fecularias e farinheiras. Do lado da demanda, parte das fecularias continuou em recesso e/ou manutenção, e o volume de moagem seguiu baixo. Por conta da demanda enfraquecida, houve pressão sobre as cotações. De acordo com agentes da indústria, parte dos agricultores sinaliza retomar a comercialização ainda neste mês, enquanto outros seguem indefinidos quanto à entrega do produto, o que poderá depender do comportamento dos preços, sobretudo no correr deste primeiro trimestre.
OVOS: CONSUMO DEVE CONTINUAR ELEVADO EM 2021
Em 2021, a economia brasileira pode iniciar uma recuperação gradual, o que deve favorecer o consumo de ovos, que têm preços mais baixos frente aos das demais proteínas de origem animal. Além disso, a possível vacinação para imunização contra a covid-19 e a consequente redução dos efeitos da pandemia podem permitir o retorno das aulas de forma presencial bem como de outros eventos, o que também deve alavancar o consumo. Dados da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) indicam que, em 2021, a produção brasileira de ovos pode aumentar 5% frente ao projetado para 2020, passando para 56,2 bilhões de unidades. O consumo, por sua vez, pode ser de 265 unidades per capita durante o ano, 6% a mais do que o previsto para 2020. Por outro lado, os custos de produção devem continuar sendo um grande entrave ao setor em 2021, uma vez que os valores dos dois principais insumos consumidos na atividade, milho e farelo de soja, devem se manter elevados neste ano, tendo em vista os estoques baixos e as aquecidas demandas interna e externa por esses produtos.