Após dias de baixa liquidez no mercado de soja, as negociações começam a se aquecer, motivadas pelo aumento da paridade de exportação no porto de Paranaguá (PR). Esse movimento, por sua vez, se deve à valorização dos contratos futuros na CME Group (Bolsa de Chicago), os quais foram influenciados pelas estimativas de menor área de soja nos Estados Unidos na temporada 2019/20 e pelas expectativas de que o acordo comercial entre EUA e China seja firmado em breve. Segundo colaboradores do Cepea, esse cenário incentivou produtores a efetivar negociações para entrega a partir de abril, com maiores volumes para junho e julho. Há, também, sinalização de crescimento na competitividade entre compradores externos e indústrias brasileiras. Com isso, sojicultores brasileiros voltaram a fixar maiores lotes de soja, o que elevou a movimentação nos portos brasileiros. Com isso, compradores se aproximam dos preços de venda para efetivar as negociações.
MILHO: COLHEITA AVANÇA, MAS PREÇOS SEGUEM FIRMES
Os preços do milho continuam firmes na maior parte das regiões acompanhas pelo Cepea, mesmo diante do avanço da colheita da safra de verão. Segundo pesquisadores do Cepea, a sustentação vem da perspectiva de menor oferta nesta primeira safra, em função do clima desfavorável, e do ritmo aquecido das exportações. Esse contexto mantém parte dos vendedores recuada do mercado, enquanto outros negociam apenas pequenos lotes, à espera de maiores valorizações. Além disso, muitos produtores estão com as atenções voltadas ao andamento da colheita. Já compradores estão mais ativos, com necessidade de repor estoques no curto prazo, o que, inclusive, impulsiona o movimento de alta dos preços em algumas regiões. Nesse cenário, as negociações no mercado interno estão lentas. Na região de Campinas (SP), o Indicador ESALQ/BM&FBovespa fechou a R$ 41,65/saca de 60 kg na sexta-feira, 22, alta de 1,3% frente ao do dia 15 de fevereiro. No acumulado deste mês, a elevação chega a 5,9%. As preocupações relacionadas aos fretes e à redução da oferta do Centro-Oeste têm feito com que compradores realizem suas aquisições no mercado paulista em detrimento dos outros estados, aceitando pagar maiores patamares.
MANDIOCA: BAIXA OFERTA SUSTENTA COTAÇÕES
Os preços da mandioca seguiram praticamente estáveis nos últimos dias, sustentados pela baixa disponibilidade de raízes com mais de um ciclo e pelo pouco interesse na entrega de raízes mais novas, por conta principalmente da baixa produtividade agrícola. As chuvas que ocorreram na última semana na maioria das áreas acompanhadas pelo Cepea também dificultaram a colheita, limitando a oferta. Do lado da demanda, a procura por parte das fecularias esteve firme, o que levou alguns mandiocultores a disponibilizar maiores volumes. Esse cenário, porém, não fui suficiente para pressionar as cotações. Entre 18 e 22 de fevereiro, a média a prazo para a tonelada de mandioca posta fecularia foi de R$ 374,28 (R$ 0,6509 por grama de amido na balança hidrostática de 5 kg), praticamente estável (-0,3%) frente à da semana anterior.
ALFACE: ROMPIMENTO DE BARRAGEM AINDA AFETA PRODUÇÃO EM MG
Um mês após o rompimento da barragem em Brumadinho (MG), produtores de Mário Campos, que fica a 25 km da área atingida pela lama, têm enfrentado problemas devido à falta de água. Os resíduos alcançaram diversos mananciais, dentre eles o Rio Paraopeba, que abastece grande parte das roças de alface. Além disso, há risco de contaminações do solo e da água, o que deve dificultar a produção nas cidades do entorno. Nesse contexto, segundo colaboradores do Hortifruti/Cepea, as atividades foram paralisadas em muitas hortas e a oferta da folhosa diminuiu bastante na região, o que acabou redirecionando a demanda para o Rio de Janeiro. Os produtores da praça mineira consultados pelo Hortifruti/Cepea relatam que os prejuízos decorrentes da tragédia são grandes. A perspectiva futura é de que os preços permaneçam elevados, tendo em vista que os problemas não devem ser sanados rapidamente e considerando-se a redução da área destinada à alface.