A oferta de soja em grão na safra 2017/18 pode ficar muito próxima da temporada anterior, enquanto a demanda para esmagamento deve seguir firme e recorde – assim como as ofertas de farelo e óleo. No agregado, a relação estoque final/consumo de soja, no entanto, pouco deve se alterar, cedendo ligeiramente em relação à safra anterior, mas ainda nos maiores patamares da história. Portanto, segundo pesquisadores do Cepea, não são esperadas grandes alterações nos preços da soja no curto e médio prazos. Somente choques mais expressivos de oferta podem mexer com mais intensidade nas cotações no correr de 2018. Quanto às exportações, estima-se que o Brasil embarque 65,5 milhões de toneladas na temporada 2017/18, 3,7% a mais que em 2016/17.
MILHO: APESAR DA REDUÇÃO DE ÁREA, ALTO ESTOQUE PODE MANTER PRESSÃO SOBRE COTAÇÕES
Após safra brasileira 2016/17 recorde e consequente queda nos preços internos, a área de milho da temporada 2017/18 deve ser a menor desde 1976/77. De acordo com colaboradores do Cepea, além da menor rentabilidade com a cultura na última safra, a redução de área também está atrelada ao atraso na colheita da soja em algumas regiões brasileiras. Apesar disso, o alto estoque de passagem deve manter elevada a disponibilidade interna do cereal. Em termos mundiais, a menor produtividade deve reduzir a oferta de milho, enquanto as transações internacionais devem crescer, o que pode favorecer as exportações brasileiras.
MANDIOCA: OFERTA CONTINUA RESTRITA, ACIRRANDO A DISPUTA POR RAIZ
A oferta de mandioca para a indústria deve continuar limitada no Centro-Sul do País em 2018. Para haver disponibilidade no início deste ano, as lavouras deveriam ter sido implantadas pelo menos no 2º semestre de 2016, ou logo no início de 2017 – período incomum de plantio. Além disso, parte das lavouras com dois ciclos já foi colhida no 2º semestre de 2017, diante dos preços atrativos, e muitos produtores também comercializaram raízes mais novas, em muitos casos com menos de um ano, para fazer caixa ou diante da possibilidade de quedas de preços em 2018. Aqueles que deixaram para comercializar o produto neste ano já indicam menor produtividade por conta das condições climáticas desfavoráveis, bem como pelo plantio, que em muitos casos foi tardio. De modo geral, segundo colaboradores do Cepea, as indústrias de fécula e de farinha do Centro-Sul terão menor oferta de mandioca em boa parte do ano. Além disso, a demanda por fécula e amidos em geral deve ser maior, por conta de uma possível melhora na economia brasileira. Portanto, é de se esperar forte disputa pelo produto em cada região produtora, assim como entre as regiões.
ALFACE: CAUTELOSOS, PRODUTORES DEVEM MANTER ÁREA DE VERÃO 2017/18
As perspectivas para a safra de verão 2017/18 (dezembro a junho) de alface são de manutenção de área nas regiões acompanhadas pelo Hortifruti/Cepea. Como os resultados de 2017 ficaram abaixo do esperado, muitos produtores estão descapitalizados e com restrição ao crédito, o que dificulta novos investimentos. A retração da demanda e o grande volume de descartes também deixaram produtores cautelosos quanto à expansão da cultura. Em Mário Campos (MG), ainda há preocupação com a praga tripes, transmissora da virose vira-cabeça, que pode voltar a se proliferar neste período. Assim, a oferta e os preços na temporada de verão 2017/18 dependerão das condições climáticas, já que área e consumo devem seguir estáveis.