As negociações de soja em grão ocorreram em ritmo lento em julho, tanto no mercado spot quanto para contratos a termo. Vendedores estiveram atentos ao cumprimento de contratos, que foram fechados a preços maiores e, como já comercializaram boa parte da safra 2018/19, não demonstraram interesse em novos negócios. Quanto à temporada 2019/20, compradores demonstraram mais interesse nas aquisições, mas encontraram vendedores retraídos. Outro fator que afastou vendedores do mercado foi a desvalorização do dólar, contexto que deixou o mercado interno remunerando mais que o externo.
Boa parte dos agentes manteve a atenção voltada aos embarques de milho, que, em julho, somaram 6,31 milhões de toneladas, um recorde para o mês. Esse cenário elevou os fretes rodoviários e, consequentemente, a disputa por caminhões, reduzindo o volume de soja embarcado. Quanto aos embarques da oleaginosa, somaram 7,8 milhões de toneladas em julho, segundo dados da Secex, 13,7% abaixo do registrado em junho/19 e 23,3% menor que o de julho/18. No acumulado de 2019, o volume totaliza 54,1 milhões de toneladas, 4,3% inferior ao do mesmo período de 2018.
Nesse cenário, se comparadas as médias de junho e julho, o Indicador ESALQ/BM&FBovespa da soja Paranaguá (PR) registrou queda de 3,8%, e o Indicador CEPEA/ESALQ Paraná recuou 3,3%, com médias de R$ 78,82/sc de 60 kg e R$ 73,78/sc de 60 kg em julho. No mesmo comparativo, o dólar se desvalorizou 2,1%, com média de R$ 3,7793. Na média das regiões acompanhadas pelo Cepea, as cotações da oleaginosa recuaram expressivos 3,6% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e 2,9% no de lotes (negociações entre empresas) entre junho e julho.
Em relação aos derivados, os preços do farelo de soja recuaram fortes 5,3% na média das regiões acompanhadas pelo Cepea de um mês para o outro. Para o óleo de soja, na cidade de São Paulo (com 12% de ICMS), houve queda de 0,7% no mesmo comparativo, com média de R$ 2.724,45/tonelada em julho.
Compradores do farelo de soja que tipicamente adquirem volumes maiores se mostraram abastecidos, e aqueles com necessidade de repor estoques adquiriram apenas pequenos lotes para consumo imediato. Segundo colaboradores do Cepea, a demanda pelo farelo de soja está reduzida e há casos em tem sido feita a substituição por farelo de algodão e polpa cítrica. Devido ao baixo ritmo de comercialização dos derivados, indústrias sinalizam que estão reduzindo – ou irão paralisar – a moagem, trabalhando apenas com o que possuem em estoque.
Na CME Group (Bolsa de Chicago), entre junho e julho, o contrato de primeiro vencimento da soja recuou 0,4%, a US$ 8,8578/bushel (US$ 19,53/sc de 60 kg) no último mês. No mesmo comparativo, o contrato de mesmo vencimento do farelo de soja recuou 3,6%, a US$ 306,40/tonelada curta (US$ 337,74/t). Quanto ao óleo de soja, houve alta de 0,5%, a US$ 0,28/lp (US$ 617,24/t).
O recuo dos futuros é resultado da demanda enfraquecida pelo grão norte-americano e dos altos estoques no país. Dados do USDA, que apontaram cancelamento de vendas dos Estados Unidos para a China, também pressionaram os valores.
A leve melhora nas lavouras norte-americanas também influenciou a queda das cotações. No relatório semanal de acompanhamento de safra, o USDA apontou que, até o dia 4 de agosto, 54% das lavouras estavam em boas e ótimas condições, 33%, em médias e 13%, em situação ruim ou muito ruim. Do total da área semeada, 72% floresceram, contra 91% no ano anterior.