A desvalorização do dólar frente ao Real na última semana reduziu a liquidez no mercado doméstico de soja – muitos sojicultores se afastaram das comercializações envolvendo grandes lotes. Ainda assim, os valores da oleaginosa continuam em alta, atingindo, inclusive, patamares recordes nos portos brasileiros. Isso aconteceu porque o produtor já comercializou grande parte da safra 2019/20 e, agora, não sinaliza necessidade de vender maiores volumes no curto e médio prazos – a tendência é que muitos armazenem o remanescente da temporada para vender nos próximos meses. Ressalta-se que grande parte da safra já comercializada teve como destino a exportação, cenário que deixa em alerta as indústrias brasileiras quanto ao abastecimento da matéria-prima no segundo semestre. Nesse contexto, o Indicador ESALQ/BM&FBovespa da soja Paranaguá (PR) registrou significativa alta de 7,7% entre março e abril, a R$ 102,30/sc 60 kg no último mês, a maior desde setembro/18, em termos reais – valores foram deflacionados pelo IGP-DI de março/20. O Indicador CEPEA/ESALQ Paraná subiu expressivos 7,8% no período, com média de R$ 95,19/sc de 60 kg, a maior para um mês de abril desde 2004, em termos reais. Trata-se, também, do maior valor mensal desde setembro/18, em temos reais.
MILHO: PREOCUPADO COM O CLIMA, PRODUTOR REDUZ OFERTA E CONTÉM DESVALORIZAÇÕES
O movimento de queda dos preços domésticos do milho perdeu força nos últimos dias. Segundo colaboradores do Cepea, diante da irregularidade das chuvas e de possíveis impactos sobre a produtividade da segunda safra, muitos produtores diminuíram a oferta no spot e elevaram os valores pedidos. Contudo, os preços internacionais em queda e a cautela de compradores em adquirir grandes lotes ainda impedem valorizações domésticas do cereal. Quanto às negociações, predomina a cautela de compradores, devido ao atual cenário econômico. Esses agentes optam por adquirir apenas lotes pontuais para curto prazo. Entre 23 e 30 de abril, o Indicador ESALQ/BM&FBovespa (base Campinas-SP) avançou 0,3%, a R$ 48,35/sc de 60 kg na quinta-feira, 30. Nessa região paulista, produtores e cooperativas limitaram o volume ofertado e elevaram o preço pedido pelo cereal. A disponibilidade de milho de outros estados em São Paulo também diminuiu.
OVOS: PREÇOS CAEM NA 2ª QUINZENA DE ABRIL, MAS MÉDIA DO MÊS É A MAIOR DA SÉRIE
As condições de mercado favoráveis à avicultura de postura foram interrompidas nas últimas semanas de abril. Após registrarem altas consecutivas entre meados de janeiro e o início de abril, as cotações dos ovos vêm recuando há duas semanas. Segundo colaboradores do Cepea, a baixa oferta de ovos, que vinha impulsionando os valores, foi substituída pela menor demanda por parte da população, tanto por conta do prolongamento das medidas de distanciamento social quanto pelo tradicional enfraquecimento no poder de compra dos consumidores, típico na segunda metade do mês. Assim, colaboradores do Cepea relatam dificuldades nas vendas, o que tem resultado em excesso de ovos nas principais regiões produtoras, pressionando os valores. Apesar das quedas na segunda quinzena, o preço médio dos ovos em abril ainda é o maior (em termos reais) da série histórica do Cepea, iniciada em abril de 2013 – valores deflacionados pelo IPCA de março/2020.
CITROS: COM PANDEMIA E MAIOR OFERTA, PREÇOS DA LARANJA RECUAM EM ABRIL
Em abril, os citricultores do estado de São Paulo intensificaram a colheita de laranjas da safra 2020/21. Ainda que a oferta não tenha sido alta, o volume colhido foi suficiente para pressionar os valores dos cítricos de mesa no mês. Além disso, a demanda também se enfraqueceu em abril, devido às indicações de isolamento social diante da pandemia de coronavírus, o que limitou fortemente as vendas de frutas a restaurantes e outros serviços de alimentação. Segundo colaboradores do Cepea, esse cenário de oferta acima da demanda deve permanecer em maio, o que tem deixado citricultores apreensivos quanto ao comportamento dos preços no próximo mês. Em abril, a hamlin foi negociada na média de R$ 25,02/cx de 40,8 kg, na árvore, baixa de 18,7% em relação a março. Para a pera, a média do mês foi 8,15% inferior à de março, fechando a R$ 32,47/cx de 40,8 kg, na árvore. Do lado da indústria, mesmo com a previsão de maior oferta em maio, o processamento deve permanecer limitado no início do mês, devido à moagem tardia. Esse cenário, inclusive, faz com que frutas precoces sejam destinadas exclusivamente ao mercado de mesa. Por outro lado, a colheita de tardias (valência, natal e folha murcha) deve se encerrar nas próximas semanas. Quanto à lima ácida tahiti, os preços permaneceram firmes em abril. O fim do pico de safra (janeiro a março) diminuiu a oferta, enquanto a demanda pela fruta seguiu firme. A tahiti teve média mensal de R$ 17,46/cx de 27 kg, colhida, aumento de 39,46% frente a março.