A menor produtividade das lavouras de soja em vários estados brasileiros, o aumento do custo de produção da safra 2018/19 e as expectativas de queda cambial devem reduzir a margem de lucro dos produtores na temporada 2018/19, de acordo com pesquisadores do Cepea. A produção recorde pode não se concretizar devido ao clima seco em dezembro, cenário que antecipou o ciclo das lavouras implantadas em setembro, prejudicando o potencial produtivo em muitos estados do País. O pré-acordo comercial entre os Estados Unidos e a China também é foco do setor neste início de 2019 – vale lembrar que, em 2018, a demanda chinesa foi deslocada para o Brasil em detrimento dos Estados Unidos, elevando prêmios de exportação e os preços domésticos.
MILHO: OFERTA DEVE AUMENTAR NA SAFRA 2018/19
A oferta de milho deve subir na temporada 2018/19 no Brasil, devido aos maiores patamares de preços do cereal nos últimos meses e ao rápido semeio da soja na primeira safra, que favorecerá o cultivo da segunda temporada de milho. Assim, de acordo com informações do Cepea, os excedentes internos devem aumentar, mesmo com o maior consumo, o que pode pressionar as cotações. A Conab estima que a safra verão brasileira deve totalizar 27,37 milhões de toneladas, 2,1% maior que a anterior, devido ao aumento de 0,8% na área e de 1,3% na produtividade média. Quanto ao consumo, é estimado em 62,5 milhões de toneladas, elevação de 4,4% no mesmo comparativo.
MANDIOCA: TAMANHO DA OFERTA E PREÇOS MENORES PREOCUPAM AGENTES
Segundo pesquisadores do Cepea, 2019 deve ser de incertezas quanto à quantidade ofertada de mandioca, visto que, em 2018, produtores optaram pela colheita de lavouras de um ciclo. Assim, são poucas as lavouras de dois ciclos para este ano. Muitos produtores voltaram a investir na cultura em 2018. Apesar de as cotações de raiz de mandioca terem cedido mais de 50% no ano passado, ainda eram atrativas. Desta maneira, de acordo com informações do Cepea, para 2019 é esperada elevação na área, que deve ser de lavoura de um ciclo, visto que muitos mandiocultores intensificaram a colheita de raízes mais novas em 2018. Assim, a decisão da colheita irá depender dos patamares de preços. Segundo colaboradores do Cepea, em caso de cotações abaixo das atuais (na casa de R$ 0,60 por grama de amido), produtores devem optar pela poda e pela colheita no final de 2019 ou mesmo no início de 2020. Porém, se os preços estiverem superiores a R$ 0,75/grama, podem ser considerados atrativos.
CITROS: APESAR DE MAIOR PRODUÇÃO, DEMANDA DEVE SUSTENTAR PREÇO
Os preços da laranja devem ser novamente positivos aos produtores no estado de São Paulo e no Triângulo Mineiro na safra 2019/20, mesmo com a maior produção. Produtores consultados pelo Cepea estão confiantes de que a temporada seja positiva, fundamentados no clima favorável ao desenvolvimento das plantas durante as floradas e fixação dos chumbinhos. Ainda que a oferta da fruta se eleve na próxima safra, o retorno dos estoques a níveis críticos nas indústrias paulistas (reflexo da menor produção em 2018/19) deve sustentar a demanda pela matéria-prima. Quanto à lima ácida tahiti, as previsões também são positivas quanto ao volume a ser produzido no estado de São Paulo durante o pico de safra, previsto para o primeiro trimestre de 2019. Segundo agentes consultados pelo Cepea, a produção pode superar a de 2018, já que as chuvas foram mais constantes e bem distribuídas no segundo semestre do ano passado.