A demanda por farelo de soja esteve maior do que a oferta do derivado em fevereiro, devido à baixa disponibilidade de soja em grão no Brasil e ao menor processamento da oleaginosa na Argentina. Com isso, os valores do farelo subiram com força nos Estados Unidos e no Brasil, principais concorrentes da Argentina nas exportações do derivado.
A maior procura externa somada às irregularidades climáticas na América do Sul, especialmente na Argentina, também elevaram os preços da soja em grão no decorrer de fevereiro. Segundo dados divulgados pela Bolsa de Cereales, a produção da Argentina foi estimada em 44 milhões de toneladas até o final desse mês, a menor desde a safra 2011/12, caso se confirme.
Visando ganhar espaço nas exportações, vendedores/produtores brasileiros se afastaram do mercado spot, à espera de melhores oportunidades de vendas. Assim, em fevereiro, os preços da soja no Brasil e nos Estados Unidos registraram a maior média mensal desde o primeiro trimestre de 2017, em termos nominais.
Quanto à colheita brasileira, o ritmo esteve lendo em fevereiro, devido ao solo úmido, que interrompeu os trabalhos de campo, especialmente no Sudeste e no Centro-Oeste do País. Ainda assim, no geral, a expectativa é de safra volumosa no Brasil na atual temporada.
No front externo, em fevereiro, o Brasil embarcou 1,35 milhão de toneladas de farelo de soja, 20,1% acima do exportado em janeiro e volume 90,5% maior que o de fevereiro de 2017, segundo a Secex. Considerando-se o dólar de R$ 3,243 em fevereiro, a receita média pelas vendas externas do farelo de soja foi de R$ 1.152,57/tonelada, 2,5% acima do recebido no mês anterior e 9,9% a mais que a de mesmo período do ano passado. Quanto ao óleo de soja, o Brasil enviou 125,6 mil toneladas aos países estrangeiros, mais que o dobro do volume exportado em janeiro e quantidade 66,3% maior que a de fevereiro/17.
As exportações de soja em grão, por sua vez, também estão crescentes. De acordo com a Secex, o Brasil embarcou 2,86 milhões de toneladas em fevereiro, o maior volume desde setembro/17, e 83,2% maior que o embarcado em janeiro/18. Entretanto, frente ao mesmo período do ano passado, os embarques foram 18,4% inferiores.
PREÇOS – Entre as médias de janeiro e fevereiro, o Indicador ESALQ/BM&FBovespa da soja Paranaguá (PR) subiu 4%, a R$ 74,42/saca de 60 kg no último mês, a maior média mensal desde dezembro/16, em termos nominais. No mesmo comparativo, o Indicador CEPEA/ESALQ Paraná registrou alta de 3%, a R$ 69,43/sc de 60 kg em fevereiro. O dólar avançou apenas 1% no mesmo período, a R$ 3,2426 na média do mês.
Na média das regiões acompanhadas pelo Cepea, as cotações médias da oleaginosa de janeiro a fevereiro subiram 3,3% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e 2,3% no de lotes (negociações entre empresas).
Mesmo com a forte elevação nos preços do grão, a margem de lucro das indústrias segue crescente, devido ao alto repasse nos valores de farelo de soja, que foram sustentados pelas firmes demandas doméstica e externa.
Quanto aos preços de farelo de soja, entre janeiro e fevereiro, subiram expressivos 9,1% na média das regiões acompanhadas pelo Cepea. Já para o óleo de soja, na cidade de São Paulo (com 12% de ICMS), houve ligeira baixa de 0,3% entre os dois primeiros meses de 2018, a R$ 2.712,01/tonelada na média de fevereiro.
Na CME Group, o primeiro vencimento da soja (Mar/18) subiu 4% entre janeiro e fevereiro, a US$ 10,1033/bushel (US$ 22,27/sc de 60 kg) no último mês. A alta do grão foi influenciada pela significativa valorização na commodity de farelo de soja, que se elevou em 10,5% no mesmo comparativo, para o contrato Mar/18, que teve média a US$ 360,51/tonelada curta (US$ 397,39/t). Já em relação ao óleo de soja, o contrato de mesmo vencimento cedeu 2,4%, a US$ 0,3218/lp (US$ 709,37/t) na média de fevereiro.